Com tantos bombeiros presentes, os populares têm dificuldade em perceber como houve tantos que estiveram sem entrar em ação e por que razão houve zonas que só foram visitadas depois de terem sido consumidas pela fúria das chamas.
Com as reportagens, ficamos também a saber que os habitantes decidiram, algumas vezes, atacar os fogos fazendo contrafogos. A técnica não é fácil de pôr em prática sem os devidos conhecimentos, mas os seus autores defendem-se alegando que, se nada fizessem, ardia tudo na mesma.
São muitos os relatos que falam em falta de coordenação e de falência das linhas de apoio. O sistema central esteve em baixo e mesmo o 112 também teve imensas falhas. No caso da estrada já apelidada da morte, houve ou não indicações de agentes da autoridade a aconselharem as pessoas a seguirem por essa via, acabando por perder a vida?
Todas estas e outras questões devem ser apuradas, num futuro próximo, por equipas independentes e sem interesses na matéria. O verão que ontem começou promete não dar tréguas às populações e aos bombeiros, e se esta descoordenação que se verificou em Pedrógão Grande se repetir noutros pontos, então o país irá sofrer ainda muito mais.
Por isso, é mesmo muito urgente apurar já o que correu efetivamente mal, para depois, com tempo, se fazer um estudo exaustivo sobre todo o fenómeno. Por fim, no meio do inferno não faltam histórias comoventes e outras surpreendentes. A solidariedade demonstrada pelas populações salvou muitas vidas e casas de desaparecerem nas chamas. Nesta edição ficamos também a saber que os animais de estimação tiveram direito a um tratamento semelhante aos seus donos, o que não deixa de ser um sinal dos tempos. Ninguém os deixou para trás e depois tiveram direito a tratamento e foram assistidos por equipas médicas. O mundo está mesmo muito diferente.