António Capucho: ‘Marcelo e costa são os homens certos nos lugares certos’

António Capucho: ‘Marcelo e costa são os homens certos nos lugares certos’


Mantém que só regressará ao PSD quando o partido regressar à matriz social-democrata. Os melhores momentos na política viveu-os enquanto autarca.


É daqueles que dizem que este Presidente contribuiu muito para distender aquela atitude que os portugueses carregavam durante e no pós-troika? Que o Presidente tem sido um bom suporte institucional para esta maioria?

Em primeiro lugar, ele embora vá a todas, como se costuma dizer, é um agente que não assumiu posições que outros assumiram no passado (normalmente num segundo mandato) de usarem a Presidência da República como tribuna para criticar as medidas a, b ou c do Governo ou para lançarem reptos. Ele tem procurado a partir da Presidência outra coisa que são os consensos. Ou seja, uma tentativa para atenuar essa crispação. É claro que também está a ser favorecido pelo facto de haver uma melhoria clara dos índices vários, desde o desemprego ao crescimento económico. Enfim, há de facto uma predisposição mais otimista do povo português em relação ao futuro. E isso também ajuda à distensão das situações mais radicais que existiam no passado. A agressividade que existe na política é apenas no Parlamento. Fora daí, não há motivo de preocupação absolutamente nenhum, até porque temos a sorte de não termos extrema-direita.

Pensa então que Marcelo e Costa são, neste contexto, uma boa dupla para o país?

Claro que sim. Qualquer dos dois está a cumprir muito bem o seu papel. Posso discordar desta medida do Governo, desta solução maioritária, mas tenho de reconhecer que quer um quer outro têm obtido ganho de causa. A popularidade de Marcelo é absolutamente estratosférica. E a própria popularidade do Governo e a intenção de voto no partido do Governo depois destes meses são indicadores claros de que as pessoas estão felizes e contentes com isto.

Conhecendo-o, acredita que Marcelo irá para um segundo mandato?

Apostava aqui qualquer coisa bastante valiosa em como ele, salvo qualquer percalço, vai gostar de exercer este cargo e que não vai querer regressar à vida de um ex-Presidente que, diga-se, deve ser um bocadinho chata. E que recandidatar-se-á para mais um mandato de cinco anos. Tudo indica isso. Porque a alternativa para um ex-Presidente, tendo em conta o desenho do nosso sistema político, é muito fraca para as aspirações de Marcelo e para a maneira de ele estar na política.

Pensa que o PSD, apesar de algumas críticas, apoiará Marcelo se este se recandidatar?

Não o fazer seria um autêntico harakiri político. É um social-democrata, um ex-líder do PSD e a manter estes níveis de popularidade não vejo como seja possível recusar esse apoio. Todavia, não está demonstrado que no final do mandato [as presidenciais estão previstas para janeiro de 2021] seja este PSD, esta direção que esteja à frente do partido. Pode estar uma direção mais próxima dessa matriz social-democrata, afinal mais próxima do Presidente.

Leia a entrevista na íntegra na edição impressa do SOL, já nas bancas