PS. Bancada socialista perde deputado

PS. Bancada socialista perde deputado


O grupo parlamentar do PS conta com menos um deputado. Domingos Pereira deve ficar independente depois de quezília autárquica


O deputado Domingos Pereira abandona o Partido Socialista ao fim de três décadas de militância. O deputado deixa a presidência da mesa da Federação do PS/Braga, a presidência da concelhia do PS/Barcelos e o seu lugar na comissão política nacional do Partido Socialista, com quem está em desacordo.

Em declarações ao i, Domingos Pereira garantiu: “Fiz tudo para que isto não chegasse a este ponto.”

“Nunca me tinha passado pela cabeça tomar esta decisão, mas perante isto sou obrigado a fazê-lo. Dois valores essenciais no Partido Socialista foram quebrados: a lealdade e a solidariedade. E, para mim, esses limites não existem para serem ultrapassados”, disse.

Ao que o i apurou, Pereira tenciona manter-se como vereador da Câmara Municipal de Barcelos até ao fim do seu mandato, assim como pretende permanecer parlamentar na Assembleia da República. “Fui eleito pelo povo e a soberania representativa está no povo, não nos partidos”, afirma o deputado ao i.

“Ainda hoje não sei por que razão me retiraram os meus pelouros. Fizeram-no por email, imagine”, desabafou o homem que tinha os pelouros da gestão financeira, atividades económicas e recursos humanos a seu cargo, “com os resultados que toda a gente sabe – é ver os rankings.”

Braço-de-ferro

Há conflito interno no Partido Socialista e não são os suspeitos do costume. Nem Sócrates, nem Assis, nem Sousa Pinto, que têm criticado a liderança de António Costa desde que o secretário-geral formou a geringonça, foram os catalisadores do novo desacordo. São as autárquicas deste ano – em específico, a nomeação para o candidato a presidente da Câmara Municipal de Barcelos.

O braço-de-ferro está entre Miguel Costa Gomes, o atual presidente da câmara, e Domingos Pereira, presidente da concelhia local e deputado à Assembleia da República pelo PS. E o que divide os socialistas?

Costa Gomes tem o apoio da direção nacional, que garantiu em comissão política, nas palavras da secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes, que seria “cumprida a orientação aprovada no último congresso nacional do PS, segundo a qual os presidentes de câmaras socialistas em funções, se estiverem em condições políticas para se recandidatarem nas próximas eleições, devem fazê-lo”.

O problema é que o vice-presidente de Costa Gomes, o deputado Domingos Pereira, submeteu a nomeação a votos na concelhia do PS/Barcelos, colhendo para si mais de 90% dos votos para a nomeação à presidência da câmara municipal. Além disto, Domingos Pereira viu “a federação socialista de Braga ratificar o mesmo por unanimidade”, recorda o próprio.

Agora, Pereira acusa a direção nacional de “não respeitar os estatutos consagrados” e abandona o Partido Socialista.

Sobre o seu futuro no parlamento, o deputado não descarta ficar como independente, tendo “a convicção de que o grupo parlamentar do Partido Socialista se orienta por outros valores que não os de algumas pessoas desta direção”, remata.