O Bloco é agora oficialmente eurocético


Esta convenção do Bloco marcou, de facto, a rutura. A moção aprovada com maioria esmagadora afirma sem margem para dúvidas que é preciso um plano B, caso “esta Europa” não permita políticas antiausteridade


Fernando Rosas, um dos fundadores do Bloco de Esquerda, tinha surpreendido muitos quando anunciou, no seu discurso na convenção, que o Bloco de Esquerda tinha de se preparar para um referendo à permanência na União Europeia. Foi, provavelmente, o ato mais radical de uma convenção que assinalou a retirada do Bloco de Esquerda do grupo dos “ainda crentes” na Europa. O caminho para o euroceticismo – e soberanismo – começou a ser feito há mais de um ano. Ao contrário do PCP, o Bloco de Esquerda sempre foi um partido mais europeísta e pouco “soberanista”. As coisas começaram a mudar radicalmente depois da crise grega – foram mudando também nos anos da troika em Portugal.

Um ato de grande significado nessa mudança foi quando Francisco Louçã passou de radical defensor do euro (quando criticava alguns economistas, ao tempo bloquistas, que defendiam a saída de Portugal do euro) a radical defensor da saída de Portugal do euro (escreveu um livro sobre a saída do euro em conjunto com João Ferreira do Amaral, o economista que sempre se opôs à entrada de Portugal na moeda única).

Mas esta convenção do Bloco marcou, de facto, a rutura. A moção aprovada com maioria esmagadora afirma sem margem para dúvidas que é preciso um plano B, caso “esta Europa” não permita políticas antiausteridade. Os discursos de Catarina Martins e de José Manuel Pureza foram radicais neste capítulo. Pureza admitiu numa entrevista ao “Observador” que votaria “sim” se houvesse um referendo para Portugal sair do euro. É uma mudança enorme que muito deve à derrota do Syriza – o antigo partido-irmão, ontem vaiado pelo congresso bloquista. Mas a ideia de um referendo caso Portugal venha a ser objeto de sanções europeias – nas quais, por exemplo, o PS e o governo não acreditam – foi uma ideia inesperada. É um statement político, mas profundamente incómodo para o resto da geringonça. Talvez tenha sido apenas uma via política para consumar o corte do Bloco com a Europa.


O Bloco é agora oficialmente eurocético


Esta convenção do Bloco marcou, de facto, a rutura. A moção aprovada com maioria esmagadora afirma sem margem para dúvidas que é preciso um plano B, caso “esta Europa” não permita políticas antiausteridade


Fernando Rosas, um dos fundadores do Bloco de Esquerda, tinha surpreendido muitos quando anunciou, no seu discurso na convenção, que o Bloco de Esquerda tinha de se preparar para um referendo à permanência na União Europeia. Foi, provavelmente, o ato mais radical de uma convenção que assinalou a retirada do Bloco de Esquerda do grupo dos “ainda crentes” na Europa. O caminho para o euroceticismo – e soberanismo – começou a ser feito há mais de um ano. Ao contrário do PCP, o Bloco de Esquerda sempre foi um partido mais europeísta e pouco “soberanista”. As coisas começaram a mudar radicalmente depois da crise grega – foram mudando também nos anos da troika em Portugal.

Um ato de grande significado nessa mudança foi quando Francisco Louçã passou de radical defensor do euro (quando criticava alguns economistas, ao tempo bloquistas, que defendiam a saída de Portugal do euro) a radical defensor da saída de Portugal do euro (escreveu um livro sobre a saída do euro em conjunto com João Ferreira do Amaral, o economista que sempre se opôs à entrada de Portugal na moeda única).

Mas esta convenção do Bloco marcou, de facto, a rutura. A moção aprovada com maioria esmagadora afirma sem margem para dúvidas que é preciso um plano B, caso “esta Europa” não permita políticas antiausteridade. Os discursos de Catarina Martins e de José Manuel Pureza foram radicais neste capítulo. Pureza admitiu numa entrevista ao “Observador” que votaria “sim” se houvesse um referendo para Portugal sair do euro. É uma mudança enorme que muito deve à derrota do Syriza – o antigo partido-irmão, ontem vaiado pelo congresso bloquista. Mas a ideia de um referendo caso Portugal venha a ser objeto de sanções europeias – nas quais, por exemplo, o PS e o governo não acreditam – foi uma ideia inesperada. É um statement político, mas profundamente incómodo para o resto da geringonça. Talvez tenha sido apenas uma via política para consumar o corte do Bloco com a Europa.