Isabel dos Santos. Investimento em Portugal já vale mais de 2 mil milhões

Isabel dos Santos. Investimento em Portugal já vale mais de 2 mil milhões


A mulher mais rica de África já entrou na energia, comunicações, banca e indústria. Efacec foi a aquisição mais recente.


Quando em 2007 Isabel dos Santos abriu o seu primeiro negócio, o Restaurante Miami Beach, em Luanda, estava apenas a dar o pontapé de saída do seu império. Com uma fortuna avaliada em 3,3 mil milhões de dólares – segundo o contador em tempo real da revista “Forbes” –, a empresária angolana apontou há alguns anos baterias a Portugal, onde tem investimentos que valem já, pelo menos, dois mil milhões de euros.

Isabel dos Santos detém actualmente participações na Galp, no BPI, na ZOPT (antiga NOS), no Banco BIC e na Efacec. Para além destas participações, tem ainda vários investimentos imobiliários feitos a título pessoal no país.
Na Efacec, Isabel dos Santos entrou apenas este mês, num investimento de cerca de 200 milhões de euros, segundo avançou o “Diário Económico”. No entanto, não foi possível confirmar o valor exacto pelo qual a empresária adquiriu 65% da Efacec, entrando assim no sector industrial português. 

Mas vamos às contas: no BPI, Isabel dos Santos tem, através da Santoro, uma participação de 19%. Tendo em conta o valor de fecho das acções do banco, esta fatia representa cerca de 380 milhões de euros. Nas telecomunicações, a empresária tem uma parceria com a Sonae na ZOPT, que controla a NOS. A sua participação vale, no valor actual dos títulos da operadora liderada por Miguel Almeida, 825 milhões de euros. Esta é uma das participações mais significativas de Isabel dos Santos em Portugal.

Na energia, a filha mais velha do presidente angolano tem uma participação de 45% na Amorim Energia, através da holding Esperanza. Por sua vez, a Amorim Energia tem 38,4% da Galp Energia. Se Isabel dos Santos tivesse uma participação maioritária na Esperanza, o seu investimento na Galp representaria, à cotação mais recente, qualquer coisa como 1200 milhões de euros. No entanto, a “Forbes” e a Bloomberg, por exemplo, atribuem à empresária uma participação de 7% na energética portuguesa, considerando que a sua posição na Esperanza é minoritária – o outro accionista desta holding sediada na Holanda é a Sonangol. 

A ser este o cenário, a participação de Isabel dos Santos valerá 640 milhões de euros. Ainda na banca, Isabel dos Santos tem uma participação de 42% no Banco BIC Portugal. O banco, que comprou o BPN – livre de activos tóxicos –, registou em 2013 um resultado líquido positivo de 2,3 milhões de euros e continua a crescer no país.

Mas apesar de Portugal já representar um activo interessante na carteira da empresária, a verdade é que ela vai dando sinais de querer continuar a apostar no país.

Em Novembro do ano passado, por exemplo, Isabel dos Santos lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) à Portugal Telecom, no valor de 1,2 mil milhões de euros, através da sua empresa Terra Peregrin. Na ocasião, a empresária afirmou que queria manter “as grandes linhas estratégicas definidas pelo conselho de administração” da PT SGPS, bem com “os objectivos inerentes aos acordos celebrados [com] a Oi, embora sujeitos as algumas alterações de calendário”. Isabel dos Santos acabaria por retirar a oferta, algum tempo mais tarde, por não ter querido subir o valor inicial.

No mesmo sentido, a empresária lançou em Fevereiro uma proposta de fusão entre o BPI, de que é accionista, e o BCP, depois de o grupo catalão CaixaBank ter lançado uma OPA sobre o banco liderado por Fernando Ulrich. Ainda não se sabe qual das opções vai ganhar, mas este foi mais um sinal de que Isabel dos Santos chegou a Portugal para ficar.

Já no início deste ano foi apresentado o livro “Isabel dos Santos – Segredos e Poder do Dinheiro”, uma biografia da autoria de Filipe S. Fernandes em que o jornalista relatava que “no seu relacionamento empresarial, Isabel dos Santos mostra, por vezes, algum distanciamento pessoal dos seus sócios e de gestores de grandes empresas em que participa”. 

Reconhecida internacionalmente como sendo uma feroz negociadora – o “Financial Times” escrevia, em Março de 2013, que “mesmo alguns críticos reconhecem o talento independente de Isabel dos Santos enquanto empresária” –, a filha de José Eduardo dos Santos já entrou também no mercado das jóias de luxo. Em 2012, adquiriu entre 75 e 85% do capital da marca suíça De Grisogono. Num negócio que praticamente só foi descoberto um ano depois, Isabel dos Santos alargava o seu leque de actuação no mundo empresarial.