Veja o ranking dos festivais onde se apreendeu mais droga


Um festival de música é sinónimo de muita coisa. Música, concertos, campismo ou até férias são os mais óbvios. Ao longo do Verão, Portugal está cheio deles. Desde Junho até final de Agosto, todos os eventos tentam seduzir o público com o seu cartaz de artistas, a localização escolhida ou os preços dos bilhetes. Existe,…


Um festival de música é sinónimo de muita coisa. Música, concertos, campismo ou até férias são os mais óbvios. Ao longo do Verão, Portugal está cheio deles. Desde Junho até final de Agosto, todos os eventos tentam seduzir o público com o seu cartaz de artistas, a localização escolhida ou os preços dos bilhetes. Existe, no entanto, um factor comum à maioria destes eventos – as drogas. O consumo de estupefacientes dentro ou nas redondezas dos recintos não é novidade. Só este ano a GNR fez 128 detenções ligadas a tráfico de droga. O Freedom, em Elvas, o Sudoeste, na Zambujeira do Mar, e o Músicas do Mundo, em Sines, estão no pódio deste ranking.

A liderança desta corrida às drogas ilícitas coube ao Freedom Festival. Entre 13 e 18 de Agosto, a GNR realizou 74 detenções ligadas a crimes de tráfico de droga nas imediações do evento dedicado à música electrónica. Número suficiente para o festival, montado perto de Elvas, ser o refúgio para quatro dos oito tipos de drogas apreendidas durante as operações de fiscalização realizadas durante seis festivais de música deste Verão – Festival MEO Sudoeste, Músicas do Mundo, Super Bock Super Rock, no Meco, Vodafone Paredes de Coura, Sumol Summer Fest, na Ericeira, e Freedom Festival.

Todos estes festivais estão na área de jurisdição da GNR, ou seja, fora dos grandes centros urbanos onde actua a PSP. Esta realidade faz com que grande parte das apreensões de droga neste tipo de eventos seja da responsabilidade dos militares.

Os seis festivais que – de norte a sul – estão debaixo da alçada da GNR representam a maior fatia de apreensões a nível nacional. A PSP, no entanto, está também atenta ao fenómeno, até porque existem dois grandes espectáculos que se realizam na sua área de actuação: o Optimus Alive, em Lisboa, e o Optimus Primavera Sound, no Porto. Além de haver apenas dois eventos em áreas urbanas, os que existem não apresentam, segundo o i apurou, dados alarmantes no que respeita ao uso e tráfico de estupefacientes. Ou seja, dentro da área de jurisdição da PSP, os maiores concertos que se realizam não são considerados casos preocupantes no que diz respeito a drogas.

As explicações são várias, mas nenhuma está comprovada. Fonte policial esclarece que o tipo de música de cada evento pode ter implicação directa no consumo de substâncias ilícitas. O facto de estes concertos acontecerem em ambiente urbano e de os recintos serem pequenos para acampamentos pode contribuir para que o uso e o tráfico de drogas seja substancialmente inferior ao de outros festivais, como é o caso do Freedom. Até porque, segundo adianta o mesmo responsável, os festivaleiros – não podendo passar a noite em tendas com os amigos – têm de regressar a casa no final.

Freedom lidera Com base nos dados facultados pela GNR, o i encontrou o tipo de droga mais comum, face ao total em peso apreendido em cada festival. No caso do Freedom, em Elvas, a coroa assenta-lhe por quatro motivos – o haxixe, a liamba, o MDMA e o LSD. Durante a quinta edição do evento bienal, que teve início em 2005, a GNR apreendeu um total de 1454 gramas de substâncias (além de 690 comprimidos de LSD). A quantidade de droga recolhida em detenções realizadas nos seis dias de Freedom, corresponde portanto a 46,7% do total dos 3095 gramas apreendidos no conjunto dos seis festivais fiscalizados.

O haxixe é o tipo de droga mais popular em todos os festivais. O último relatório do Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência, aliás, revelou que a canábis – de onde se extrai o haxixe – foi a substância ilícita mais apreendida em Portugal em 2011 (últimos dados disponíveis), com um total de 20 264 quilos.

No segundo lugar da tabela surge a Zambujeira do Mar. Cinco dias de festival MEO Sudoeste traduziram-se em 36 detidos e 683 gramas de substâncias apreendidas (22% do total). Os dados da GNR mostram que as maiores quantidades de cocaína (5,7 gramas) e ecstasy (99 comprimidos) foram apreendidas nas redondezas do recinto, situado na Herdade da Casa Branca, entre 7 e 11 de Agosto.

O i tentou contactar por email as organizações de todos os festivais visados, mas só obteve uma resposta. A Música no Coração, responsável pelos festivais MEO Sudoeste e Super Bock Super Rock, apenas observou que os seus eventos são executados “em total e absoluta colaboração e coordenação com as autoridades competentes de cada área”.

O terceiro festival no ranking é o Músicas do Mundo, palco também para a única apreensão de anfetaminas (36,5 gramas) nesta lista. O evento, que durante dez dias (o mais longo, entre 18 e 28 de Julho) espalhou concertos por Sines, registou dez detenções e 508 gramas (16,4%) de droga apreendida. O Super Bock Super Rock, com sede perto da Aldeia do Meco, surge depois, com 231 gramas recolhidos (7,4%) e apenas quatro ocorrências. O grupo encerra com o Vodafone Paredes de Coura (83,1 gramas e duas detenções) e o Sumol Summer Fest (26,9 gramas e um par de detenções), realizado na Ericeira, no último fim-de-semana de Junho. A GNR explicou ao i que a fiscalização deste tipo de eventos assenta no “policiamento de proximidade” e na “interacção constante com os festivaleiros e as organizações”, a par da “investigação criminal, do patrulhamento e da realização de operações de fiscalização nas vias de acesso”.