FC Porto. Madureira nega responsabilidade no clima criado na AG

FC Porto. Madureira nega responsabilidade no clima criado na AG


Inquirido pela defesa, manteve que se sentiu “triste e ofendido” com ofensas a Pinto da Costa, que morreu em 15 de fevereiro deste ano, e que uma reação mais ‘acesa’, violenta, “provavelmente” nasceu disso


O ex-líder da claque Super Dragões negou responsabilidade no clima criado em torno da assembleia-geral (AG) do FC Porto em novembro de 2023. Ao prestar esta segunda-feira declarações no julgamento da Operação Pretoriano, Fernando Madureira reiterou críticas a apoiantes de André Villas-Boas. 

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões e a mulher, Sandra Madureira, começaram hoje a responder por 19 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto. A sessão teve forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação. Em causa está o desenrolar de uma assembleia-geral do FC Porto, em novembro de 2023.

A questão de entrada no recinto, e credenciação, dominou grande parte das perguntas da parte da tarde, em que a procuradora confrontou Madureira com mensagens relativas a uma organização da presença massiva de apoiantes de Pinto da Costa.

Grupos de WhatsApp, um com cerca de 300 pessoas e afeto aos Super Dragões, no geral, e outro com os líderes de núcleos, foram focos de discussão.

O antigo líder claque afirmou que não “manda nas pessoas” nem decide como vão votar ou comportar-se — até porque disse desconhecer os estatutos do FC Porto ou as alterações que então seriam votadas, apenas que Pinto da Costa pediu voto contra nos “pontos mais quentes”.

Madureira reiterou, depois, acusações e insinuações quanto a apoiantes de André Villas-Boas, então putativo candidato à presidência dos dragões, que viria a ganhar no ano seguinte.

Para o arguido, mantiveram-se em funções os diretores de segurança e marketing do clube, responsáveis pela organização da assembleia-geral, e a SPDE continua a fornecer serviços de segurança ao clube, “e os outros, tudo o que era Pinto da Costa”, foram demitidos.

Os próprios Super Dragões, de resto, mantiveram o protocolo existente com o clube, e, para Fernando Madureira, “aquela AG foi o rastilho para ele lançar a campanha”, como já tinha defendido da parte da manhã.

De resto, e já inquirido pela defesa, manteve que se sentiu “triste e ofendido” com ofensas a Pinto da Costa, que morreu em 15 de fevereiro deste ano, e que uma reação mais ‘acesa’, violenta, “provavelmente” nasceu disso.

Da parte da manhã, Madureira, citado pela agência Lusa, confessou ter “mobilizado os Super Dragões para apoiarem Pinto da Costa” na AG, negando qualquer incitação à violência, insultos ou a orquestração de intimidação, bem como a responsabilidade no clima criado.

A acusação assenta numa alegada tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa Assembleia Geral do FC Porto, em novembro de 2023, para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro.