Tudo na vida é cíclico, tenho cada vez mais certeza disso. É assim em diversos pormenores e formas de estar como também na oferta e na procura a que se submete uma sociedade. No entretenimento não é diferente. Mudam-se muitas das vezes a forma como se fazem as coisas, por conta da evolução da aprendizagem e dos tempos representarem outro tipo de soluções mas os princípios e os valores regressam invariavelmente ao mesmo. Neste caso são os bares que regressaram em força nos últimos anos. São vários os exemplos e a tendência é a de abrirem ainda mais nos próximos tempos. Se passámos uma fase em que se procuravam as multidões, os copos baratos e de plástico e se privilegiava a quantidade em vez da qualidade tudo isso está a mudar. As pessoas voltaram a apreciar uma boa bebida num copo de vidro, gostam novamente de estar sentadas num sofá ou numa cadeira confortável e apreciar uma boa conversa num espaço exclusivo e estão dispostas a pagar por isso.
Hoje em dia se os cocktails voltaram a estar na moda também o bom serviço é considerado essencial na hora de escolher um sítio para passar umas horas. Para além disso os horários procurados vão também eles mudando. As pessoas querem sair mais cedo e deitar-se a horas de acordar em condições no dia seguinte (há excepções claro, como em qualquer regra ). Preferem estar num espaço que lhes proporcione um bom momento logo a seguir ao jantar e começam a surgir alguns eventos com bastante adesão em regime “after-work”, até porque para muita gente essa hora e meia significaria estar parado no trânsito e assim conseguem rentabilizar melhor o seu tempo. Nesse aspeto há um bar em Lisboa que muito contribuiu para a melhoria da percepção dos cocktail bares. Chama-se Cinco Lounge, fica entre São Bento e o Príncipe Real, na Rua Ruben Leitão, abriu em 2004 e sempre refletiu um ambiente mais sofisticado, internacional, que procurava algo diferente e que assentava no bom gosto.
A partir do sucesso desse bar premiado, surgiram muitos outros como o já aqui referido Imprensa ou o Red Frog que rapidamente se tornou presença assídua nas listas dos melhores bares do Mundo e que é o melhor exemplo disso mesmo. Um bar confortável, com ambiente exclusivo, meio que secreto, com uma campainha à porta e com uma sala escondida numa parede falsa. Os copos eram de qualidade, do vidro ao líquido, tudo era e é feito com cuidado e muito saber. Mudaram de localização, agora na Praça da Alegria mas continuam inseridos numa exclusiva lista mundial. Têm agora um “irmão” de nome Monkey Mash, no mesmo sítio e que se descreve como moderno e tropical. Tive a oportunidade de o experimentar há uns tempos e de facto mantém o requinte e a exclusividade do Red Frog mas com um estilo mais excêntrico e cosmopolita. Do que pude constatar eu era o único português que por ali estava, o que diz muito também de quem procura este tipo de conceitos. Várias línguas e pessoas bem diferentes davam um colorido especial a um bar onde precisei de descer umas escadas e me deparei com um estilo vibrante de energia e cor, onde pontificam as bebidas de autor, meticulosamente preparadas para impressionar, numa conjugação única de sabores que mais parecem sair de um laboratório.
Para a semana falo-vos dos speakeasy que estão a inundar a cidade num mundo de bares escondidos e por descobrir. Valem bem a pena para quem gosta de qualidade e quer fugir à confusão.