Uma semana depois da exoneração de Hernâni Dias, ainda não se conhece o nome do substituto.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou a afirmar que o nome do novo secretário de Estado da Administração Local e do Ordenamento do Território lhe deveria chegar a Belém até ao final desta semana. Ainda não aconteceu.
Fontes próximas do Governo atribuem o atraso a uma mini-remodelação no governo que Luís Montenegro estará a preparar. Ao que nos adiantaram, esta mexida no executivo não deverá abranger nenhum ministro, apenas secretários de Estado.
A confirmar-se, será a primeira remodelação do Governo da AD, 11 meses depois de ter tomado posse. A saída de Hernâni Dias, que surpreendeu o Governo, pode assim ser a ocasião para fazer pequenos ajustes na equipa.
Questionado sobre o caso do secretário de Estado da Administração Local que teve de se demitir quando se ficou a saber que tinha criado duas empresas imobiliárias quando já exercia funções no executivo, o ministro dos Assuntos Parlamentares disse ser natural que «haja acertos numa equipa governamental em funções há nove meses».
Segundo fizeram saber ao Nascer do SOL, esses acertos terão um alcance mais extenso do que a mera substituição de um secretário de Estado.
A apresentação das mudanças ao Presidente da República deverá ocorrer nos próximos dias, não tendo acontecido ainda por causa das agendas carregadas de Marcelo e Montenegro. Esta quinta-feira não se realizou a habitual reunião semanal entre o primeiro-ministro e o Presidente, por o Chefe de Estado se encontrar na República Checa em visita oficial. A mini-remodelação deverá assim ser comunicada a Belém no próximo encontro, que não tem ainda data conhecida.
Pedro Duarte fica para mais tarde
Ao que garantiram ao Nascer do SOL, nenhum ministro será abrangido nas mudanças que o primeiro-ministro tem preparadas. Nem mesmo o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que tem vindo a ser insistentemente apontado como o candidato da AD à Câmara do Porto, nas eleições autárquicas que se realizam em setembro/outubro deste ano.
A saída do ministro obedecerá a outro timing, até porque Pedro Duarte quer deixar encaminhados alguns dossiês que tem em mãos, como é o caso da reestruturação da RTP e outras medidas para o setor dos media.
Outros ministros que têm vindo a ser referidos como remodeláveis não estão também incluídos nesta mini-remodelação, nem sequer em mexidas futuras.
O espírito no interior do PSD é o de aguentar os ministros mais criticados, em particular Ana Paula Martins. A ministra da Saúde, que esteve esta quinta-feira na Assembleia da República a responder às perguntas dos deputados, foi muito elogiada pela sua prestação, dando força à ideia de que não é uma mudança ministerial que vai resolver os problemas.
Ana Paula Martins tem surgido em todos os encontros dos sociais-democratas como alguém a quem é preciso dar tempo para que possa apresentar resultados. Ma s, na bancada laranja, a opinião de que a ministra da Saúde é um ativo do Governo e do partido é unânime. Já no último Conselho Nacional do partido foi dado particular destaque a Ana Paula Martins que, ao que nos contaram, acabou a ser ovacionada por todos os conselheiros.
Margarida Blasco, outro nome que muitos analistas consideram tremido no Governo, já terá ultrapassado os piores obstáculos. Com uma atitude mais discreta nos últimos tempos, tem conseguido resultados na relação com as forças policiais que respeitam a ministra.
Por outro lado, o maior enfoque que o Governo quer dar às questões de segurança, correspondendo ao que considera ser os anseios da população, tem vindo a dar uma nova imagem ao ministério da Administração Interna.
Neste momento ultimam-se os dados que devem constar no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), um documento que tem a coordenação da Administração Interna e que deverá dar origem a um longo debate interno sobre as questões de segurança. São tudo razões apontadas para justificar um novo ciclo da ministra que chegou a ser a mais criticada deste Governo, primeiro com o anúncio da abertura a negociar o direito à greve com as forças policiais, depois com os acontecimentos relacionados com a morte de Odair Moniz no bairro do Zambujal. Águas passadas: Margarida Blasco está para ficar.