Na terça-feira, a Suécia assistiu ao mais mortífero tiroteio da sua história. A escola Risbergska, na cidade de Örebro, a 160 quilómetros da capital Estocolmo, que é responsável pela educação de imigrantes e de cidadãos com dificuldades de aprendizagem, foi o palco do cenário dantesco. O assassino vitimou mortalmente dez pessoas e deixou outras tantas feridas antes de alegadamente cometer suicídio – tese que não foi ainda confirmada pelas autoridades.
A Suécia tem vivido tempos turbulentos no que à segurança diz respeito, com a violência e os crimes associados a gangues a disparar. Ainda assim, e segundo a polícia sueca, o perpetrador deste ataque deverá ter agido sozinho e não tem qualquer ligação a grupos criminosos. Os correspondentes do jornal britânico The Telegraph em Örebro descreveram o caso num artigo cujo título indica que o atirador «gritou ‘deviam ir-se embora da Europa’ no meio dos tiros», baseando-se na análise das imagens do momento, realizada pelo canal televisivo sueco TV4.
‘Havia sangue por todo o corredor’
O pânico espalhou-se pelo campus à medida que se ouviam os disparos e as luzes vermelhas dos alarmes foram ativadas. Os estudantes e os professores abrigaram-se debaixo das secretárias, onde se mantiveram após ordens das autoridades que vasculhavam o recinto em busca de outros possíveis perpetradores. Dois professores, Miriam Jarlevall e Patrik Soderman, deram o seu testemunho ao jornal sueco Dagens Nyheter: «Os alunos chegaram e disseram que alguém estava a disparar. Depois ouvimos mais tiros no corredor. Não saímos, escondemo-nos nos nossos gabinetes». «Houve muitos tiros no início», continuaram os docentes, «depois ficou tudo calmo durante meia hora e depois começou outra vez. Estávamos deitados debaixo das nossas secretárias, encolhidos».
«Ouvimos estrondos e gritos altos», disse Andreas Sundling, um aluno de 28 anos, citado pela CNN, «No início não percebemos o que era, mas depois apercebemo-nos que podiam ser tiros», continuando o relato arrepiante que concluiu com a frase «Havia sangue por todo o corredor». No dia seguinte, foi prestada homenagem às vítimas, numa cerimónia que contou com a presença do rei Carl Gustaf, que se fez acompanhar da sua esposa, a rainha Silvia.
O primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, reagiu, dizendo que «ainda faltam muitas respostas. Eu também não as posso dar. Mas haverá um momento em que poderemos dizer que motivos estão por detrás disto». «Também partilhamos a vossa dor», foi a mensagem de Kristersson para as famílias das vítimas.
Quanto ao assassino acredita-se que seja Rickard Andersson, de 35 anos, avançou o The Telegraph, e apesar da forte suspeita, as autoridades dizem que não confirmarão «esta informação» até terem «a certeza absoluta» de que recebem «a correspondência de ADN» enviada «à agência de medicina legal».
Assim, esta semana ficará como uma das mais negras da história sueca. Um país que outrora foi um dos marcos de desenvolvimento e civilização europeia, hoje vê-se a braços com um problema bicudo relacionado com a criminalidade. Resta aguardar pela resposta das autoridades do país, com os cidadãos a aguardar, certamente, pelo regresso da paz e da serenidade.