UE. Portugal tem a taxa de cancro em crianças mais alta

UE. Portugal tem a taxa de cancro em crianças mais alta


Prevê-se que os novos casos de cancro aumentem 12% até 2030 e 20% até 2040, acima das médias da UE de 9% até 2030 e de 18% até 2040


Portugal apresenta as taxas mais elevadas de cancro em crianças da União Europeia (UE). Um estudo divulgado esta segunda-feira alerta ainda que a incidência de doença oncológica  deve aumentar 20% até 2040. 

A doença oncológica é a segunda principal causa de morte no país, com a taxa de mortalidade a diminuir a um ritmo mais lento do que a média da UE, de acordo com os dados do perfil do cancro em Portugal apresentado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e pela Comissão Europeia (CE).

As estimativas apresentadas no estudo apontam para um aumento dos novos casos de cancro em todos os países da União Europeia (UE) entre 2022 e 2040. No entanto, Portugal  regista um crescimento mais significativo.

Em Portugal, prevê-se que os novos casos de cancro aumentem 12% até 2030 e 20% até 2040, acima das médias da UE de 9% até 2030 e de 18% até 2040.

A OCDE e a CE referem ainda que, em 2022, terão sido diagnosticados cancros a 245 crianças e adolescentes até aos 15 anos, o que representa a taxa de incidência mais elevada entre os países da UE e da Islândia de Noruega. A média da UE é de 14 casos por 100.000 crianças.

À semelhança do que acontece na UE, em Portugal a taxa de incidência dos rapazes é ligeiramente superior à das raparigas e ambas essas taxas são aproximadamente 30% superiores à média da UE.

Esta elevada taxa de incidência explica-se com os casos que Portugal recebe dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e que são reportados como sendo nacionais e não dos países de origem das crianças.

Apesar da elevada taxa de incidência de cancro pediátrico em Portugal, a quantidade de investigação realizada a nível nacional é relativamente reduzida, alerta ainda o estudo. Entre 2010 e 2022, Portugal registou apenas 22 ensaios clínicos com crianças e jovens, o que representou 5% dos 436 ensaios realizados a nível europeu durante este período.

“Este valor é significativamente inferior ao de países com uma dimensão populacional semelhante, como a República Checa (14%)”, referem a OCDE e a CE, que adiantam que, em 2018, 84% dos 68 medicamentos identificados como essenciais para o tratamento do cancro em doentes entre os 0 e os 18 anos estavam disponíveis em Portugal. A média da UE é de 76%.