Mais oito reféns libertados e mais de 300 mil palestinianos voltam a Gaza

Mais oito reféns libertados e mais de 300 mil palestinianos voltam a Gaza


O acordo continua como planeado e foram libertados, ontem, mais oito reféns. No sábado serão libertados mais três. 300 prisioneiros alestinianos já foram libertados e muitos deslocados regressam a Gaza


Os frutos do cessar-fogo entre Israel e o Hamas começam a ficar à vista. O calvário no Médio Oriente, provocado pelo ataque contra Israel no dia 7 de outubro de 2023 e pela consequente resposta do Estado judaico, parece estar apaziguado, mesmo que envolto em várias incertezas.
Os objetivos principais do acordo, delineado pela administração Biden e colocado em prática através da pressão do enviado especial de Donald Trump, passam, para além do fim dos combates, pela libertação dos reféns que ainda se encontram na Faixa de Gaza em troca de prisioneiros palestinianos detidos pelos israelitas.

O acordo
Numa primeira fase, o Hamas libertará trinta e três reféns – mulheres, crianças e idosos – de forma faseada, enquanto Israel se compromete a desencarcerar cerca de 2 mil prisioneiros. As Forças de Defesa Israelita deverão sair dos territórios mais povoados, permitindo o regresso de centenas de milhares de palestinianos deslocados e a entrada de viaturas responsáveis por ajuda humanitária. Este primeiro passo terá a duração de quarenta e dois dias.
Passadas duas semanas do início desta primeira fase, os restantes reféns serão libertados em troca de mais prisioneiros palestinianos e as tropas israelitas sairão de forma definitiva de Gaza. Por fim, e caso não se verifique alguma violação – que é possível – que possa comprometer o acordo, o Hamas devolverá os corpos dos restantes reféns e será iniciado o difícil e longo processo de reconstrução do enclave. O ceticismo continua a ser um sentimento natural, e perspetiva-se uma paz frágil.

Novos reféns libertados
Até ao momento, já foram libertados quinze reféns, sendo que oito voltaram a ter contacto com a liberdade ontem, após quinze meses de cativeiro. Até então, tinham sido libertadas apenas sete mulheres, quatro das quais pertencentes ao exército. Ontem, o Hamas libertou mais três israelitas e cinco cidadãos tailandeses, anunciou o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu. Apenas é conhecida a identidade dos cidadãos israelitas, duas mulheres – Arbel Yehoud, civil de 29 anos e Agam Berger, com 19 anos e pertencente ao exército – e um homem – Gadi Mozes, de 80 anos. Israel já libertou cerca de 300 prisioneiros.
Segundo o gabinete de guerra liderado por Netanyahu, serão libertados amanhã mais três reféns masculinos, marcando o início da segunda fase. «Nos termos do acordo, a fase seguinte, durante a qual três outros reféns (homens vivos) serão libertados, terá lugar no sábado», comunicou o gabinete, citado pela Sic Notícias.
A BBC reportou que, «nos termos do acordo, 600 camiões de ajuda – 50 com combustível – devem ser autorizados a entrar em Gaza todos os dias. Este número foi atingido ou ultrapassado nos três primeiros dias do cessar-fogo». «Em comparação, a ONU afirma que uma média de 90 camiões por dia entraram em Gaza em dezembro de 2024», diz ainda a BBC, que concluiu com o número registado antes da eclosão do conflito: «Antes do início da guerra, eram autorizados a entrar no território cerca de 500 camiões por dia».

O papel de Witkoff
Em todo este processo há ainda um nome a destacar: Steve Witkoff. É ao enviado especial do recém-eleito Trump que tem sido atribuída a pressão sobre Netanyahu para aceitar um acordo que rejeitava desde maio do ano passado. Witkoff reuniu-se de novo com o líder israelita esta semana para apresentar uma das propostas do Presidente americano: expulsar a população de Gaza para os países vizinhos. É uma medida controversa e que, naturalmente foi rejeitada pelo Egito, que ainda tem as consequências indesejáveis da Irmandade Muçulmana bem presentes. De qualquer forma, Abdel al-Sisi já se mostrou empenhado para continuar a negociar com a nova administração americana.
Deste modo, o plano continua a ser seguido e espera-se que continue até ao fim, de modo a acalmar uma região que tem vivido tempos difíceis ao longo do tempo.