Causas da decadência dos povos europeus


Já temos uma geração que entrou no mercado de trabalho e que vive pior do que os pais. Corremos o risco de esta excepção se tornar a regra para as gerações futuras.


O autismo é uma doença que ataca todos os decisores, quer públicos, quer privados. A acumulação de poder vai de passo com uma crescente alienação: quanto maior o poder, maior a distância em relação à realidade. Os poderosos cultivam o efeito bolha e acabam rodeados de colaboradores espelho que lhes devolvem, aumentadas, as visões narcísicas.

Desde a revolução francesa que pela Europa acreditamos na força da lei para modificar a realidade. Quando tal não acontece, dobramos a parada e acreditamos na força da lei para modificar as leis anteriores. A proliferação de regimes jurídicos desfasados da realidade e que não servem qualquer propósito útil pode ocorrer à escala de um continente. A União Europeia especializou-se na produção industrial de normas.

A história da produção normativa da EU vai do sucesso regulatório (a criação de standards  que funcionam à escala planetária como é o caso do Regulamento Geral de Protecção de Dados) à armadilha regulatória (em que a função regulatória se sobrepõe à actividade económica regulada, condiciona-a e ameaça a sua sobrevivência).

Nas causas da decadência dos povos europeus incluem-se:

               -a crise demográfica (que justificaria uma política de imigração funcional, capaz de atrair os recursos humanos necessários à manutenção do crescimento económico na UE);

               -o preço excessivo da energia (não deve ser abandonada a aposta nas energias renováveis mas não devem ser impostas, por via normativa, soluções tecnológicas que não estejam disponíveis na UE e que não sejam controladas pelas empresas da UE);

               -custos de contexto (burocracia e hiper-regulamentação desproporcional e desnecessária);

               -incapacidade de defesa (o outsourcing da função defesa a favor de uns EUA renitentes não consegue ser suprido pelos esforços dos europeus);

               -perda de competitividade (os produtos e serviços europeus estão a perder quota de mercado, quer interno, quer na exportação):

               -armadilhas regulamentares: a desindustrialização auto-imposta por via das metas ambientais irrealistas beneficiou o concorrente emergente (a China, vejam-se os casos dos neo-monopólios nos painéis solares e nas viaturas eléctricas): a regulamentação da UE criou o mercado mas afastou as empresas europeias;

               -necessidade de melhorar a rapidez e eficácia do processo de tomada de decisão na UE sem modificar os Tratados (evitando que as revisões destes sejam tomadas como reféns pela luta política nos diversos Estados-membros).

Os diagnósticos das várias doenças europeias, as sugestões de medicação e os prognósticos constam de vários relatórios recentes, encomendados pela Presidente da Comissão Europeia: Letta para o mercado interno, Draghi para a competitividade e Niinistö para a defesa. A urgência no adoptar de algumas das soluções propostas redobrou face ao decisionismo trumpiano, em marchas forçadas desde o dia 20 de Janeiro.

Nesta quarta-feira a Comissão Europeia fez um pot pourri dos referidos relatórios e ofereceu ao mundo uma “bússola da competitividade para a UE”. A coisa tem o charme que o então Eurodeputado Nigel Farage atribuiu, no longínquo ano de 2010, ao carisma de Herman Van Rompuy, o primeiro Presidente do Conselho Europeu: “uma serrapilheira molhada”. O Wet Rag servia, no tempo do giz, para apagar os quadros. A bússola de von der Leyen é mais modesta.

Causas da decadência dos povos europeus


Já temos uma geração que entrou no mercado de trabalho e que vive pior do que os pais. Corremos o risco de esta excepção se tornar a regra para as gerações futuras.


O autismo é uma doença que ataca todos os decisores, quer públicos, quer privados. A acumulação de poder vai de passo com uma crescente alienação: quanto maior o poder, maior a distância em relação à realidade. Os poderosos cultivam o efeito bolha e acabam rodeados de colaboradores espelho que lhes devolvem, aumentadas, as visões narcísicas.

Desde a revolução francesa que pela Europa acreditamos na força da lei para modificar a realidade. Quando tal não acontece, dobramos a parada e acreditamos na força da lei para modificar as leis anteriores. A proliferação de regimes jurídicos desfasados da realidade e que não servem qualquer propósito útil pode ocorrer à escala de um continente. A União Europeia especializou-se na produção industrial de normas.

A história da produção normativa da EU vai do sucesso regulatório (a criação de standards  que funcionam à escala planetária como é o caso do Regulamento Geral de Protecção de Dados) à armadilha regulatória (em que a função regulatória se sobrepõe à actividade económica regulada, condiciona-a e ameaça a sua sobrevivência).

Nas causas da decadência dos povos europeus incluem-se:

               -a crise demográfica (que justificaria uma política de imigração funcional, capaz de atrair os recursos humanos necessários à manutenção do crescimento económico na UE);

               -o preço excessivo da energia (não deve ser abandonada a aposta nas energias renováveis mas não devem ser impostas, por via normativa, soluções tecnológicas que não estejam disponíveis na UE e que não sejam controladas pelas empresas da UE);

               -custos de contexto (burocracia e hiper-regulamentação desproporcional e desnecessária);

               -incapacidade de defesa (o outsourcing da função defesa a favor de uns EUA renitentes não consegue ser suprido pelos esforços dos europeus);

               -perda de competitividade (os produtos e serviços europeus estão a perder quota de mercado, quer interno, quer na exportação):

               -armadilhas regulamentares: a desindustrialização auto-imposta por via das metas ambientais irrealistas beneficiou o concorrente emergente (a China, vejam-se os casos dos neo-monopólios nos painéis solares e nas viaturas eléctricas): a regulamentação da UE criou o mercado mas afastou as empresas europeias;

               -necessidade de melhorar a rapidez e eficácia do processo de tomada de decisão na UE sem modificar os Tratados (evitando que as revisões destes sejam tomadas como reféns pela luta política nos diversos Estados-membros).

Os diagnósticos das várias doenças europeias, as sugestões de medicação e os prognósticos constam de vários relatórios recentes, encomendados pela Presidente da Comissão Europeia: Letta para o mercado interno, Draghi para a competitividade e Niinistö para a defesa. A urgência no adoptar de algumas das soluções propostas redobrou face ao decisionismo trumpiano, em marchas forçadas desde o dia 20 de Janeiro.

Nesta quarta-feira a Comissão Europeia fez um pot pourri dos referidos relatórios e ofereceu ao mundo uma “bússola da competitividade para a UE”. A coisa tem o charme que o então Eurodeputado Nigel Farage atribuiu, no longínquo ano de 2010, ao carisma de Herman Van Rompuy, o primeiro Presidente do Conselho Europeu: “uma serrapilheira molhada”. O Wet Rag servia, no tempo do giz, para apagar os quadros. A bússola de von der Leyen é mais modesta.