Impossível falar de Sintra sem associar o nome de Basílio Horta. Na liderança da autarquia desde 2013, o ex-ministro de vários governos está em fim de mandato e, como manda a lei, não pode recandidatar-se mais.
Foi o CDS que o fez político – é, aliás, um dos membros fundadores do partido – mas uns anos mais tarde viria a ‘mudar de ideias’ e associa-se à esquerda. É já como PS que em 2013 se candidata pela primeira vez à Câmara Municipal de Sintra. E vence, ainda que os 26,83% dos votos tenham sido muito ‘taco a taco’ com o candidato independente Marco Almeida.
Quatro anos depois, quando se volta a candidatar, os resultados mostram muitas melhorias, e Basílio Horta, ao obter 43,1% dos votos e elegendo 6 vereadores, consegue a maioria absoluta. Mas quatro anos depois a popularidade já não é a mesma. Ainda que tenha vencido as eleições, o presidente da Câmara de Sintra perde a maioria absoluta.
Agora não pode candidatar-se mais e, ainda que nem sempre se agrade a gregos e a troianos, há obras que são destacadas nos mandatos de Basílio Horta, como é o caso do novo hospital de Sintra. Um projeto que é, nas palavras do próprio, “um sonho”. Com orgulho diz que nunca faltou a nenhuma reunião de câmara, mesmo que a vida lhe tenha pregado algumas partidas na saúde.
Em 2018, Basílio Horta era o político mais rico em funções, com um património superior a 11 milhões de euros. E estima-se que continue a ser um dos políticos mais ricos do país. O presidente da Câmara de Sintra declara ao Tribunal Constitucional mais de 10 milhões de euros em casas e contas bancárias. Segundo dados da Sábado, o autarca tem depósitos no banco da ordem dos 6,2 milhões de euros. Mas a sua fortuna já deu muito que falar.
Em 2017 dizia-se que o autarca sintrense tinha aumentado a sua fortuna em quase sete milhões em apenas dois anos e meio. Mas depois soube-se, afinal, que tinha sido em oito. Isto porque, segundo explicou o próprio, não inscreveu três zeros em duas declarações que entregou no Tribunal Constitucional (TC) em 2010 e 2011. Por essa altura, ao Observador, a assessoria de Basílio Horta explicou que este crescimento da fortuna está relacionado com “rendimentos da cortiça, que renderam muito dinheiro” e por “ter passado a gerir os negócios do pai”. “Não tenho dívidas e sou independente, não dependendo nem de grupos económicos, nem de ninguém a não ser da minha família e dos meus munícipes. Isso é um ataque soez. E todos os dias sou difamado, injuriado”, acrescentou. Mas teve que explicar a origem do dinheiro ao Tribunal Constitucional.
Basílio Horta foi ainda ouvido como testemunha no caso EDP onde Manuel Pinho é um dos principais arguidos. Mas sobre este caso poucos comentários fez e garantiu não saber de nada.
Agora que se aproxima o fim do seu mandato, não se sabe se Basílio Horta – com 81 anos – continuará na política.
E quem se seguirá também não se sabe mas o ex-ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, é um dos nomes apontados. E Basílio Horta teria muito orgulho que este fosse o seu sucessor, como já chegou a dizê-lo publicamente.
E uma das polémicas mais atuais agora para o fim do seu mandato é estar a permitir que Sintra se vire quase totalmente para a atividade turística. As críticas têm sido muitas e as manifestações de protesto também.
Percurso preenchido
Nascido a 16 de novembro de 1943, Basílio Horta conta com um vasto currículo em várias entidades nacionais. Estudou Direito e desempenhou cargos de deputado Constituinte, ministro do Comércio e Turismo, ministro de Estado, ministro da Agricultura, Comércio e Pescas, conselheiro de Estado, embaixador junto da OCDE e presidente do Conselho de Administração da AICEP, vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS e coordenador da área de Economia.
Além disso, foi presidente do conselho da Área Metropolitana de Lisboa entre 2015 e 2017. Cargo que voltou a ocupar este ano.
Ao longo da sua vida, o autarca de Sintra foi agraciado com várias condecorações estrangeiras e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.