Mundial 2026. O futebol do futuro

Mundial 2026. O futebol do futuro


Portugal tem dois caminhos para chegar ao Campeonato do Mundo 2026, mas tudo vai depender daquilo que fizer na Liga das Nações. É a nova dinâmica do futebol mundial a funcionar.


Com o sorteio das eliminatórias europeias começou a corrida para um lugar no Campeonato do Mundo de 2026 que terá, pela primeira vez, 48 seleções, divididas em 12 grupos de quatro equipas cada e vai percorrer três países: EUA, Canadá e México. A maior competição da história do futebol começa no emblemático Estádio Azteca, na Cidade do México, dia 11 de junho, e a final realiza-se no Estádio Nova Iorque/Nova Jersey, dia 19 de junho. No total, serão realizados 104 jogos em 39 dias, coisa nunca vista anteriormente, em 16 modernos estádios. O campeão do mundo vai ter de disputar oito jogos, contra os sete do anterior formato. Para os espetadores vai ser um fartote de futebol, no mínimo, com quatro jogos diários.

As 54 seleções europeias começam a fase de qualificação em março de 2025 e prolonga-se até novembro, com os jogos do playoff a terem lugar em março de 2026. Os jogos da fase de grupos terão início em setembro do próximo ano, uma vez que a Final Four da Liga das Nações realiza-se em junho. A UEFA vai ser a confederação mais representada com 16 equipas – é um número recorde, já que o Mundial 2022 teve 13 seleções europeias. Os vencedores dos 12 grupos têm apuramento direto para a fase final, os segundos classificados e os quatro vencedores de grupo da Liga das Nações com melhor posição no ranking vão disputar um playoff para definir as últimas quatro vagas europeias. Além dos representantes da UEFA, o Mundial 2026 vai ter nove seleções de África, oito da Ásia, seis do continente sul-americano, seis da América do Norte e uma da Oceânia. As duas últimas seleções saem de um playoff intercontinental.

A caminho da América

Qualquer que seja o grupo onde fique, a seleção portuguesa tem um caminho confortável, embora só em março conheça os adversários da fase de qualificação. Tudo depende dos jogos com a Dinamarca nos quartos de final da Liga das Nações, a realizar a 20 e 23 de março do próximo ano – o segundo jogo é no Estádio Alvalade. A única certeza que existe é que Portugal fica num grupo de quatro seleções.

Se vencer os dinamarqueses, a seleção nacional fica no Grupo F e vai defrontar na fase de grupos a Hungria, Irlanda e Arménia. Se a equipa de Roberto Martínez for eliminada vai parar ao Grupo C e joga contra a Grécia, Escócia e Bielorrússia. Em qualquer dos casos, Portugal tem equipa para vencer o grupo e garantir a qualificação direta, e nem faz sentido pensar numa eventual repescagem através de um playoff por ser segundo no grupo ou via Liga das Nações, já que venceu o Grupo A1 à frente de Croácia, Escócia e Polónia.

Não é exagero dizer que a maior dificuldade de Portugal no caminho para o Mundial 2026 chama-se Dinamarca, já que os adversários na fase de grupos são de menor qualidade, basta olhar para o ranking europeu. Sobre a equipa nórdica, o selecionador afirmou: “No futebol de seleções não há favoritos. Estamos num bom momento e acreditamos muito naquilo que podemos fazer. Têm individualidades muito importantes e jogadores que conhecemos bem da liga portuguesa. Temos a vantagem de jogar em casa a segunda partida, com os nossos adeptos, e temos de aproveitar isso”, concluiu. O selecionador nacional comentou o sorteio: “Sabíamos que seria um pouco diferente porque havia dois grupos possíveis para Portugal e tínhamos de ter a cabeça aberta. Não nos importamos com isso, a nossa prioridade é estar ao melhor nível e ganhar nos quartos de final para estar na Final Four da Liga das Nações. Não existem jogos fáceis, mas estar num grupo de quatro equipas é importante. Para a nossa preparação é melhor fazermos apenas seis jogos no apuramento para o Mundial”, admitiu Roberto Martínez, que adiantou “são seleções muito giras para os nossos adeptos. A Escócia é uma equipa que conhecemos bem, a Grécia e a Bielorrússia são equipas com que jogámos a algum tempo. No outro grupo temos a Hungria, uma seleção que fez um apuramento muito bom para o Europeu, a República da Irlanda e a Arménia, duas equipas muito competitivas”, referiu. O selecionador nacional falou da importância de Portugal estar no campeonato do mundo, seria a sétima participação seguida num total de nove qualificações. “Temos de dar tudo no apuramento. Precisamos de estar nos maiores torneios para termos o sonho de um dia ganhar o Mundial. Todos os dias trabalhamos com um objetivo global”, afirmou.

Adversários acessíveis

A equipa das Quinas ficou no pote 1 pelo que evitou defrontar outras grandes seleções europeias. Se Portugal, atual 6.º no ranking FIFA, vencer a Dinamarca (21.º) nos quartos de final da Liga das Nações, vai defrontar a Hungria (30.º), Irlanda (60.º) e Arménia (100.º) no apuramento para o Mundial. Perante adversários deste calibre a seleção nacional está obrigada a conseguir o apuramento direto. O histórico confirma isso mesmo. Em 14 jogos contra a Hungria, Portugal venceu 10 e empatou quatro, nos 16 confrontos com a Irlanda, registaram-se nove vitórias de Portugal, três empates e três triunfos dos irlandeses e, por fim, no medir de força com a Arménia, há a registar seis jogos, com quatro vitórias da equipa das Quinas e dois empates.

Pelo contrário, se for eliminado já sabe que vai defrontar a Grécia (39.º), Escócia (45.º) e Bielorrússia (98.º), adversários que, teoricamente, apresentam um grau de dificuldade ligeiramente maior. A tragédia grega no Euro 2004 repetiu-se mais quatro vezes, registando-se quatro vitórias de Portugal e quatro empates, sendo que nos últimos seis jogos a seleção nacional nunca venceu. Bem melhor é o histórico com a Escócia, em 15 partidas houve oito vitórias lusas, quatro derrotas e três empates, o último aconteceu este ano na Liga das Nações. A Bielorrússia é o único dos eventuais adversários contra o qual Portugal nunca jogou.

Como sempre acontece o sorteio teve várias condicionantes para evitar jogos de alto risco. Por razões políticas não podiam ficar no mesmo grupo Gibraltar e Espanha, Kosovo e Bósnia, Kosovo e Sérvia e Ucrânia e Bielorrússia. As questões climatéricas também “jogaram” neste sorteio. Devido ao inverno rigoroso cada grupo só podia ter uma destas equipas: Estónia, Ilhas Faroé, Finlândia, Islândia, Letónia, Lituânia e Noruega. Como há também um limite para viagens mais longas, Portugal sabia que não poderia jogar em simultâneo com Cazaquistão e Azerbaijão. Em resumo: as seleções consideradas mais fortes e com melhor posição no ranking UEFA estão colocadas em grupos diferentes pelo que não há um grupo com duas seleções de topo.

De salientar que Cristiano Ronaldo é o melhor marcador nas eliminatórias europeias com 36 golos em 47 jogos, incluindo um recorde de cinco hat tricks.