Cinco investigadores seniores desvincularam-se esta terça-feira do Centro Estudos de Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, alegando que deixaram de se rever na instituição. Entre estes está o ex-diretor António Sousa Ribeiro.
“Há um descontentamento forte meu e de alguns colegas em relação à forma como o processo [de Boaventura de Sousa Santos] foi conduzido. Deixámos de nos rever na instituição e saímos”, disse o ex-diretor António Sousa Ribeiro.
António Sousa Ribeiro foi diretor do CES até meados do ano passado, altura em que a instituição decidiu convocar eleições antecipadas, tendo-lhe sucedido Tiago Santos Pereira.
Para além de António Sousa Ribeiro, desvincularam-se esta terça-feira do CES os investigadores João Arriscado Nunes, Adriana Bebiano, Maria Irene Ramalho e Graça Capinha.
Segundo este grupo de cinco investigadores seniores, o processo que culminou com a demissão do ex-diretor emérito Boaventura de Sousa Santos “caracterizou-se pela denegação sistemática do princípio fundamental da presunção de inocência, não tendo, assim, assegurado cabalmente o direito à defesa de que qualquer acusado deve beneficiar num Estado de Direito”.
“Nomeadamente, a decisão de não aguardar pelas conclusões do processo judicial em curso deixa transparecer em definitivo uma linha de ação inaceitável por parte dos órgãos de gestão de uma instituição em que os investigadores que agora se desvinculam deixaram de se rever”, justificaram, citados pela agência Lusa.
No final de novembro, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos anunciou que renunciou ao título de diretor emérito do CES, do qual é sócio fundador.
Três investigadoras que passaram pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra denunciaram situações de assédio num capítulo do livro intitulado “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, o que levou a que os investigadores Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins acabassem suspensos de todos os cargos que ocupavam no CES, em abril de 2023.