Inteligência Artificial, um parceiro de valor


Políticas, ações de planeamento, e genericamente qualquer intervenção setorial pode ser previamente testada com modelos IA e ajustada de acordo com os resultados obtidos.


Ainda que muito se fale sobre Inteligência Artificial (IA), na verdade pouco se sabe sobre o seu potencial. A discussão pública, dominada pelos fazedores de opinião maioritariamente não especialistas da matéria, divide-se entre os que acham que é o demónio que vem tirar emprego a todos e outros que consideram a IA quase um Deus. Na verdade, nenhuma destas posições é sequer adequada, muito menos correta, não obstante esforços intensos de vários especialistas para divulgarem informação correta e independente.

Na história da humanidade a mudança sempre teve dificuldade de aceitação pelas sociedades. A chegada da Inteligência Artificial, com a intervenção ativa em vários dos sistemas essenciais das nossas sociedades não foge à regra. Também não foge à regra que as reservas ou mesmo barreiras à adoção desta tecnologia têm também a habitual causa remota – falta de informação e receios associados aos impactes de uma tecnologia que não se conhece bem.

Muitos dirão – estamos perante uma nova revolução industrial – sem dúvida, mas com diferenças muito substanciais: a velocidade de mudança tecnológica, que é até superior àquela a que já nos habituámos nas telecomunicações; a própria Geopolítica, na escala de impacto ao nível global e dificilmente controlada por apenas um governo, por mais poderoso que seja. Muito se fala sobre CHATGPT como a expressão mais popular da IA, mas esta é apenas a ponta de um enorme iceberg. A IA vai permitir um salto qualitativo na evolução das nossas sociedades nunca antes visto, permitindo a promoção do emprego mais sofisticado e exigente para os colaboradores, e libertando-os das tarefas básicas e de menor valor acrescentado.

Neste século XXI vamos observar o impacto da IA em todos os domínios da nossa sociedade – na vida económica, nos mercados de trabalho, nas comunicações, na defesa, na justiça, na educação, na saúde, no acesso a dados, etc. Não menos importante, no momento em que se discute a revisão e fixação de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na COP29, em Baku no Afeganistão, também na nossa capacidade de monitorizar e até acelerar o cumprimento desses objetivos e dos compromissos internacionais assumidos.

Os modelos de IA apresentam hoje uma capacidade de cálculo muito elevada permitindo trabalhar com milhões de parâmetros. Isto significa que a IA permite vigiar e controlar populações e sociedades, e ter em simultâneo uso civil e militar. É uma tecnologia demasiado global e poderosa para que seja possível ser detida, mas para que se possa usufruir dos benefícios que pode proporcionar será necessário regular e ter reguladores familiarizados com esta tecnologia. A maioria dos países – e nós em particular – não tem capacidade de participar no desenvolvimento da IA em escala expressiva, mas devem ter uma estratégia clara de como se vão posicionar na escala de valor da IA e de como se vão posicionar como beneficiários.

A quantidade de dados que os modelos de IA podem proporcionar para a gestão e definição de políticas publicas dos vários setores económicos e sociais, abre uma oportunidade de melhoria de qualidade nestes setores a nível operacional e de planeamento, em especial na capacidade de desenhar e implementar políticas públicas mais adequadas à realidade do mundo complexo em que vivemos. Políticas, ações de planeamento, e genericamente qualquer intervenção setorial pode ser previamente testada com modelos IA e ajustada de acordo com os resultados obtidos.

Este potencial é genericamente válido para todos os setores, mas especialmente valioso para o desenvolvimento das cidades (e cidadãos) inteligentes. Conscientes deste potencial e da necessidade de aproveitar a oportunidade que esta tecnologia proporciona, várias cidades avançam com a criação do seu gémeo digital, permitindo a fusão dos vários vetores de conhecimento e fluxos de dados, refletindo a complexidade urbana e metropolitana, promovendo um planeamento integrado e inclusivo, e contribuindo claramente para uma melhoria de qualidade nos processos de decisão e de conceção e implementação de políticas públicas sobre território, transportes, ambiente, entre outras.

As universidades são parceiras privilegiadas das cidades para avançar com esta tecnologia e para posicionar as nossas cidades como beneficiários da IA. É com esse objetivo que o Centro para a Inovação em Território Urbanismo e Arquitetura (CiTUA), centro de investigação do Instituto Superior Técnico, toma a iniciativa de criar o gémeo digital de Lisboa, para melhor servir o planeamento e a decisão pública.

Professora e investigadora em transportes,
Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos do Instituto Superior Técnico

Inteligência Artificial, um parceiro de valor


Políticas, ações de planeamento, e genericamente qualquer intervenção setorial pode ser previamente testada com modelos IA e ajustada de acordo com os resultados obtidos.


Ainda que muito se fale sobre Inteligência Artificial (IA), na verdade pouco se sabe sobre o seu potencial. A discussão pública, dominada pelos fazedores de opinião maioritariamente não especialistas da matéria, divide-se entre os que acham que é o demónio que vem tirar emprego a todos e outros que consideram a IA quase um Deus. Na verdade, nenhuma destas posições é sequer adequada, muito menos correta, não obstante esforços intensos de vários especialistas para divulgarem informação correta e independente.

Na história da humanidade a mudança sempre teve dificuldade de aceitação pelas sociedades. A chegada da Inteligência Artificial, com a intervenção ativa em vários dos sistemas essenciais das nossas sociedades não foge à regra. Também não foge à regra que as reservas ou mesmo barreiras à adoção desta tecnologia têm também a habitual causa remota – falta de informação e receios associados aos impactes de uma tecnologia que não se conhece bem.

Muitos dirão – estamos perante uma nova revolução industrial – sem dúvida, mas com diferenças muito substanciais: a velocidade de mudança tecnológica, que é até superior àquela a que já nos habituámos nas telecomunicações; a própria Geopolítica, na escala de impacto ao nível global e dificilmente controlada por apenas um governo, por mais poderoso que seja. Muito se fala sobre CHATGPT como a expressão mais popular da IA, mas esta é apenas a ponta de um enorme iceberg. A IA vai permitir um salto qualitativo na evolução das nossas sociedades nunca antes visto, permitindo a promoção do emprego mais sofisticado e exigente para os colaboradores, e libertando-os das tarefas básicas e de menor valor acrescentado.

Neste século XXI vamos observar o impacto da IA em todos os domínios da nossa sociedade – na vida económica, nos mercados de trabalho, nas comunicações, na defesa, na justiça, na educação, na saúde, no acesso a dados, etc. Não menos importante, no momento em que se discute a revisão e fixação de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na COP29, em Baku no Afeganistão, também na nossa capacidade de monitorizar e até acelerar o cumprimento desses objetivos e dos compromissos internacionais assumidos.

Os modelos de IA apresentam hoje uma capacidade de cálculo muito elevada permitindo trabalhar com milhões de parâmetros. Isto significa que a IA permite vigiar e controlar populações e sociedades, e ter em simultâneo uso civil e militar. É uma tecnologia demasiado global e poderosa para que seja possível ser detida, mas para que se possa usufruir dos benefícios que pode proporcionar será necessário regular e ter reguladores familiarizados com esta tecnologia. A maioria dos países – e nós em particular – não tem capacidade de participar no desenvolvimento da IA em escala expressiva, mas devem ter uma estratégia clara de como se vão posicionar na escala de valor da IA e de como se vão posicionar como beneficiários.

A quantidade de dados que os modelos de IA podem proporcionar para a gestão e definição de políticas publicas dos vários setores económicos e sociais, abre uma oportunidade de melhoria de qualidade nestes setores a nível operacional e de planeamento, em especial na capacidade de desenhar e implementar políticas públicas mais adequadas à realidade do mundo complexo em que vivemos. Políticas, ações de planeamento, e genericamente qualquer intervenção setorial pode ser previamente testada com modelos IA e ajustada de acordo com os resultados obtidos.

Este potencial é genericamente válido para todos os setores, mas especialmente valioso para o desenvolvimento das cidades (e cidadãos) inteligentes. Conscientes deste potencial e da necessidade de aproveitar a oportunidade que esta tecnologia proporciona, várias cidades avançam com a criação do seu gémeo digital, permitindo a fusão dos vários vetores de conhecimento e fluxos de dados, refletindo a complexidade urbana e metropolitana, promovendo um planeamento integrado e inclusivo, e contribuindo claramente para uma melhoria de qualidade nos processos de decisão e de conceção e implementação de políticas públicas sobre território, transportes, ambiente, entre outras.

As universidades são parceiras privilegiadas das cidades para avançar com esta tecnologia e para posicionar as nossas cidades como beneficiários da IA. É com esse objetivo que o Centro para a Inovação em Território Urbanismo e Arquitetura (CiTUA), centro de investigação do Instituto Superior Técnico, toma a iniciativa de criar o gémeo digital de Lisboa, para melhor servir o planeamento e a decisão pública.

Professora e investigadora em transportes,
Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos do Instituto Superior Técnico