Nem sempre é fácil pôr algum dinheiro de lado com vista à poupança, mas adquirir novos hábitos poderá fazer toda a diferença para chegar ao final do mês com algum valor extra sem fazer grandes esforços financeiros e sem ser obrigado a privar-se de tudo o que gosta. A primeira regra de ouro passa por estabelecer um orçamento familiar, pois assim só conta com o dinheiro que tem disponível. Não só consegue evitar gastos desnecessários como, acima de tudo, evita viver acima do que ganha.
A verdade é que muitas famílias portuguesas, nos últimos anos, foram obrigadas a mudar o seu dia-a-dia e passaram a tomar decisões de forma mais equilibrada para tornarem a sua vida mais fácil.
Alguns truques já são usados pelos consumidores há algum tempo, mas há pequenas soluções pelas quais pode optar e que às vezes são esquecidas (ver caixas). E pequenos gastos diários que podem parecer insignificantes mas que, no fim do mês, fazem toda a diferença. É o caso do pequeno-almoço fora. Mas vamos a números: gastar 3,5 euros por dia numa pastelaria parece pouco, mas ao final do mês – tendo em conta apenas 22 dias úteis – traduz-se num gasto de 77 euros. No fim do ano, já estamos a falar de uma despesa superior a 924 euros. E até evitar um simples café na rua poderá traduzir-se numa poupança na ordem dos 22 euros.
A verdade é que seria desejável que esses cortes fossem aplicados de forma mais geral. Por exemplo, tentar pôr de lado o preconceito e começar a levar almoço para o trabalho, reduzindo ao mesmo tempo os jantares fora. Vai ver que, no fim do mês, esses valores que conseguiu poupar vão fazer toda a diferença.
Feitas as contas, a alimentação representa uma das maiores fatias de qualquer orçamento mensal. Embora não possamos – nem queiramos – deixar de comer, esta é uma área onde é muito fácil poupar. Aprenda a planear os seus menus semanais, pesquise receitas económicas e, acima de tudo, não deite comida fora, pois pode aproveitá-la para o almoço do dia seguinte, por exemplo.
Outro truque usado por muitos consumidores passa por aproveitar as épocas de saldos para comprar os produtos e peças de vestuário desejados. Há lojas que oferecem reduções que podem chegar aos 70%. Por outro lado, evite comprar a roupa toda de uma vez e, sempre que possível, divida as compras e os gastos com o vestuário por meses e por cada pessoa do agregado familiar. Ou seja, se este mês comprou roupa para si, só no próximo mês é que deve comprar para os restantes elementos do agregado familiar.
Outro truque que está na moda é o desafio das 52 semanas. Na primeira semana começa por poupar um euro, na seguinte aumenta para dois euros, na terceira passa para três euros e assim consecutivamente, até que na 52.ª e última semana do desafio, poupa 52 euros. Se mantiver o ritmo, quando chegar ao final terá conseguido colocar de lado 1 378 euros quase sem se dar conta. À medida que vê a poupança crescer e percebe que tem essa capacidade de aforro, aumenta também a sua motivação, um fator fundamental para conseguir poupar a longo prazo. Mas também é certo que se poupar um euro na primeira semana ou dois na segunda semana é simples e pode estar ao alcance de qualquer um, à medida que o desafio avança e o valor semanal também, pode sentir dificuldades acrescidas para concluir a missão com sucesso. Por isso, há quem opte por cumprir o desafio ao contrário: começa do valor mais elevado para o mais reduzido e pode aproveitar um mês em que tenha mais disponibilidade financeira, por ter recebido o subsídio de Natal ou de férias, para começar a amealhar.
Férias
Não é só no dia-a-dia que as despesas têm de ser vistas à lupa. O planeamento das férias não pode ficar para segundo plano. Organizar a viagem com antecedência pode traduzir-se numa poupança significativa. Quem não consegue planear a sua vida “a tempo e horas” pode optar por viajar em companhias de baixo custo (low-cost) ou pelas ofertas de última hora. Neste último caso, deve ter flexibilidade nas datas. Pode também optar por comprar as viagens pela internet – por vezes, conseguem-se boas promoções.
Algumas soluções para poupar no dia-a-dia
Casa
Há sempre pequenos truques para poupar nas contas da água, da luz e do gás. Utilize lâmpadas fluorescentes e economizadoras, desligue sempre os aparelhos – em modo de standby gastam energia. Faça uma simulação no site da ERSE ou da Deco para verificar que tarifário mais se adequa ao seu caso. Deve também mudar alguns hábitos – duches rápidos, por exemplo – e optar por instalar dispositivos mais eficientes em torneiras, chuveiros e autoclismos, pois permitem poupar, por família, até 300 mil litros de água por ano.
Alimentação
Uma ida ao supermercado pode representar um verdadeiro problema quando se cede às tentações. Para que isso não aconteça, pode seguir algumas regras de ouro. Leve sempre uma lista dos produtos de que precisa, evite ir às compras quando tem fome e opte sempre que possível por marcas brancas. Tente não levar crianças e não se esqueça de olhar para as prateleiras de cima para baixo. Vai ver que, no momento de pagar, estas pequenas diferenças podem representar uma poupança significativa. Tenha também em conta o local. A Deco Proteste disponibiliza no seu site um comparador de preços em supermercados e para determinar os preços mais baixos tem conta os índices de preços do cabaz completo, composto por mais de duas centenas de produtos. A informação sobre o top dos supermercados mais baratos é atualizada a cada quatro meses. O consumidor pode ainda selecionar os produtos do supermercado que pretende adquirir e saber quais os supermercados que oferecem o preço mais competitivo para cada um dos produtos.
Banca e seguros
O crédito à habitação representa, para a maioria dos portugueses, uma despesa pesada e é sempre desejável baixar a prestação. Para isso, pode renegociar o spread com o banco ou pedir um alargamento do prazo. Esta última opção implica sempre pagar mais juros. Se tiver algum dinheiro extra, pode sempre optar por amortizar o crédito. No caso de ter vários empréstimos, pode consolidá-los num só. Cuidado com os cartões de crédito: representam uma tentação perigosa. Já em termos de seguros, contrate apenas as coberturas de que precisa e analise muito bem a oferta. Pode também optar por um mediador, onde é possível obter descontos até 20% num pacote.
Ginásios
Gaste apenas se tirar proveito. Se é daquelas pessoas que pagam para não ir, então é melhor cancelar a inscrição. Cerca de 50 euros ao final do mês podem fazer muita diferença. Pode sempre optar por fazer exercício em locais públicos, onde não paga nada.
Telecomunicações
Comece por verificar se o tarifário do telemóvel se adequa às suas necessidades. As operadoras têm vindo a apostar em tarifas que permitem chamadas gratuitas para clientes da mesma rede ou x minutos grátis independentemente do operador, mediante o pagamento de uma mensalidade. Pode recorrer ao simulador disponível no site da ANACOM para verificar qual é o melhor tarifário. Há também soluções alternativas, como o Skype e o VoIP. Em termos de televisão por subscrição, analise muito bem a oferta e tente aproveitar as promoções. Subscreva apenas os canais que sabe que vai ver.
Transportes
Opte por utilizar os transportes públicos. Vai ver que, ao final do mês, além de poupar alguns trocos, consegue evitar verdadeiros ataques de nervos. Os que não passam sem carro podem optar por partilhá-lo. Dividir custos pode ser uma alternativa. Modere
a utilização do ar condicionado e adote uma condução que permita reduzir o consumo.
Poupança
Os que são menos adeptos da poupança podem tentar juntar um euro por dia – no final do ano terão 365 euros. Aqueles para quem esta tarefa não parece uma missão impossível podem recorrer a vários produtos de poupança.
A oferta é variada. É só escolher o nível de risco pretendido e selecionar o que mais se adequa às necessidades de cada um (ver páginas 4/5). Não se esqueça da sua reforma. Há várias soluções para aplicar as poupanças de forma a assegurar um melhor rendimento depois de abandonar a vida ativa. Sempre que possível levante dinheiro, pois ao utilizar o cartão de crédito ou de débito, nem sempre tem noção do dinheiro que gasta, sendo mais fácil descontrolar-se. Ao ver o dinheiro na carteira, tem uma noção mais clara da quantia que já gastou.
Cartões de desconto
Utilize os cartões e os talões de desconto. Pode parecer pouco significativo, mas sempre são alguns euros que consegue poupar.