Borres. O lince-do-deserto que não era selvagem

Borres. O lince-do-deserto que não era selvagem


2018-2024 . O animal que morreu por estar longe da família. Desde o dia que foi sedado através de um dardo tranquilizante, Bores não recuperou. Morreu na quarta-feira.


Comportava-se como um «autêntico gato», segundo a sua dona. Apesar de ser uma espécie selvagem protegida, o que tornava ilegal tê-lo em cativeiro, viveu seis anos feliz numa quinta no Funchal, na Madeira, rodeado de pessoas e outros animais. A sua história ficou famosa há um mês, quando foi apreendido pela GNR e afastado da sua ‘família adotiva’. A operação de resgate do caracal foi desenvolvida pelo Comando Territorial da Madeira da GNR, através da Secção de Investigação Criminal, em colaboração com o Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente. Apesar de, entretanto, ter sido devolvido – depois de uma petição que angariou mais de 20 mil assinaturas –, o seu estado de saúde era muito frágil devido ao stress por que passou e Bores acabou por morrer na quarta-feira. «Desde o dia que foi sedado para regressar a casa através de um dardo tranquilizante, não recuperou», lê-se numa publicação da associação Ajuda a Alimentar Cães – responsável pela petição –, que dava conta que o lince do deserto estava entre «a vida e a morte». «Vive dentro de uma quinta em liberdade e completamente segura, convive com outros animais e humanos desde que nasceu, tem uma alimentação adequada à sua espécie, é acompanhado por veterinários e está saudável», escreveram na petição. Além desta, o que levou o animal a ser devolvido foi um relatório médico enviado pelos representantes forenses da dona do animal ao Instituto das Florestas e da Conservação da Natureza da Madeira (IFCN). No documento lia-se que o lince deveria ser entregue à família «para o seu bem-estar e segurança». Além disso, o IFCN não podia ficar como seu fiel depositário. Antes, em comunicado, o Instituto justificou o resgate e apreensão do lince dizendo que a família não apresentou «qualquer documento» relativo ao animal ou ao seu licenciamento.

De acordo com a publicação da associação Ajuda a Alimentar Cães, Bores «chegou sedado a casa e durante mais de um dia não acordou e foi levado para uma clínica veterinária de urgência». Desde esse momento, deixou de andar e comer, acabando por não reagir a nenhum estímulo. «A família, juntamente com a sua advogada, já está a apurar responsabilidades», adianta. «A lei infelizmente desconhece sentimentos e desde o primeiro dia as entidades responsáveis por este caso não fizeram um bom trabalho. O Bores jamais deveria ter saído do local onde sempre viveu, até porque foi levado para um local inadequado», acusam.

Segundo a ZooplusMagazine o caracal sente-se em casa nas regiões secas da Ásia e África. As suas características orelhas com longos tufos pretos nas pontas fazem lembrar os linces e, por isso, estes animais são também conhecidos como Lince-do-deserto. O nome caracal deriva diretamente da palavra turca Karakulak, que significa orelha preta. Em termos de tamanho, estes animais medem em média 65 centímetros de comprimento e têm uma altura de 45 centímetros na cernelha. No entanto podem atingir cerca de um metro de comprimento. Os machos pesam entre 13 e 18 quilos.