André Ventura não está, seguramente, em grande forma. O homem que conseguiu eleger 50 deputados, começou mal com a história da lista do presidente da Assembleia da República, levou um banho nas eleições europeias, e tem feito tudo para se manter na linha da frente da informação. Mas, convenhamos, Ventura precisa de acalmar e perceber que muito barulho nem sempre é conveniente para si e para o seu partido, mas será ótimo para os seus adversários. Esta história de convocar os polícias para uma manifestação dentro da Assembleia da República, e no exterior, não lembra a ninguém. Por razões óbvias. André Ventura disse, antes das eleições, que se o seu partido fosse o vencedor, que a PSP e a GNR teriam logo direito a um subsídio de missão igual ao da PJ, que na maioria dos casos andará pelos mil euros. Eis que, agora, tenta mobilizar os polícias para estes conseguirem 400. Insólito, no mínimo, pois o Governo já garante 300, em dois anos, além de outras regalias, e muitos dos supostos apoiantes de Ventura, nomeadamente o Movimento Zero, não prescindem dos tais mil euros. Quererá agora André Ventura conquistar os moderados da Plataforma? E vai esquecer-se dos seus polícias mais radicais?
Ao tomar esta decisão, Ventura conseguiu dividir ainda mais os polícias – há quem diga que aproveitou a boleia de um dos sindicatos que tinha marcado uma manifestação para quinta-feira, dia de discussão do projeto-lei do Chega –, que, além do mais, estão em grande número de férias. Qualquer aprendiz de sindicalista poderia ter informado o líder do Chega que manifestações em julho não costumam ter grande adesão. Os movimentos inorgânicos têm apelado aos polícias para viajarem, dos diferentes ponto do país, em empresas low-cost, alguns sindicatos já alugaram camionetas, mas ou estou muito enganado ou a adesão à manifestação ficará muito longe das últimas.
P. S. Para se perceber como a Polícia está dividida, há quem nas redes sociais apele ao boicote às missões, mas quase ninguém tem respondido.