Madeira. Albuquerque preparado para novas eleições

Madeira. Albuquerque preparado para novas eleições


Na sua opinião, os madeirenses não aceitam “nenhuma solução cozinhada nos bastidores que não passe por uma eleição democrática do presidente” do Governo Regional


O presidente do Governo da Madeira declarou esta terça-feira estar preparado para ir a novas eleições antecipadas caso o Programa do executivo seja chumbado. Miguel Albuquerque rejeita ser substituído no cargo.

“É bom que fique claro que o PSD/Madeira e eu próprio estamos preparados para qualquer cenário, sem medo, incluindo as eleições antecipadas, se for necessário que isso aconteça”, disse o líder madeirense na Assembleia Legislativa, no Funchal.

Na abertura do debate do Programa do XV Governo Regional, que se prolonga até prolonga até quinta-feira, dia em que será votado sob a forma de moção de confiança, Albuquerque admitiu um cenário de novo sufrágio.

A razão é que PS, o JPP e o Chega – que, juntos, têm maioria absoluta dos votos (24 deputados num universo de 47) – anunciaram que vão votar contra a proposta.

Segundo o chefe do executivo madeirense, esta é uma possibilidade “se o bloqueio à ação governativa persistir, em prejuízo dos interesses essenciais da região”.

Miguel Albuquerque destacou que o PSD/Madeira “não aceitará, nem pode aceitar qualquer solução de governo para a Madeira que não assente no princípio sagrado da legitimidade do voto democrático e popular, incluindo o chefe do executivo”.

Na sua opinião, os madeirenses não aceitam “nenhuma solução cozinhada nos bastidores que não passe por uma eleição democrática do presidente” do Governo Regional.

A 26 de maio o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta. O PS elegeu 11 parlamentares, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN alcançaram um deputado cada.

Já depois do sufrágio, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta.

PS e JPP, que no total têm 20 deputados, chegaram a anunciar um acordo para tentar retirar o PSD do poder, mas o representante para a República no arquipélago, Ireneu Barreto acabou por indigitar Albuquerque como presidente.

As eleições de maio realizaram-se oito meses após as legislativas madeirenses de 24 de setembro de 2023, depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando Miguel Albuquerque foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção.

O governante acabou por se demitir e o Governo da Madeira ficou então em gestão.

No mandato iniciado em 2023, e que se previa durar até 2027, Albuquerque – na chefia do executivo desde 2015 – conseguiu ver o Programa do Governo aprovado, com os votos favoráveis do PSD, do CDS (com o qual tinha uma coligação) e do PAN (com o qual tinha um acordo de incidência parlamentar), e o voto contra de toda a oposição. 

No contexto da crise política que surgiu depois, não chegou a ser votado um Orçamento para 2024.