Gâmbia. Prisão por crimes contra a humanidade

Gâmbia. Prisão por crimes contra a humanidade


Ousman Sonko, ministro do Interior no regime ditatorial de Yahya Jammeh, foi condenado a uma pena de 20 anos.


O principal tribunal criminal da Suíça condenou um ex-ministro da Gâmbia por crimes contra a humanidade devido ao seu papel na repressão cometida pelas forças de segurança do país da África Ocidental.

Ousman Sonko, ministro do Interior da Gâmbia de 2006 a 2016 no regime ditatorial do então presidente Yahya Jammeh, foi condenado a 20 anos de prisão.

O julgamento, que começou  em janeiro, foi visto como uma oportunidade para alcançar uma condenação sob «jurisdição universal», que permite a acusação de crimes graves cometidos no estrangeiro.

O veredito foi lido no tribunal criminal federal suíço de Bellinzona na quarta-feira. Sonko, que estava no tribunal, não reagiu muito quando uma tradução da sentença foi lida em inglês.

O antigo governante gambiano, que tinha pedido  asilo na Suíça em novembro de 2016,  foi preso dois meses depois. O gabinete do procurador-geral da Suíça disse que a acusação contra Sonko, apresentada há um ano, abrange alegados crimes cometidos durante 16 anos no regime de Jammeh, cujo governo foi marcado por detenções arbitrárias, abusos sexuais e execuções extrajudiciais.

Sonko foi acusado de apoiar, participar e não impedir ataques contra opositores ao regime da  Gâmbia, país da África Ocidental de língua inglesa rodeado pelo Senegal. Os crimes incluíram assassínios, tortura, violações e inúmeras detenções ilegais.

Jurisdição universal

«Esta condenação sem precedentes baseada na jurisdição universal na Europa é a confirmação de que ninguém está fora do alcance da justiça», disse o consultor jurídico da TRIAL International, Benoit Meystre. «Mesmo as figuras mais poderosas podem ser responsabilizadas pela sua participação em atrocidades em massa», acrescentou Meystre. 

Uma antiga prisioneira de Sonko , que testemunhou no julgamento, disse que o veredicto provavelmente enviaria um sinal forte a Jammeh, que permanece exilado na Guiné Equatorial.