O presidente da RTVE, a rádio e televisões públicas espanholas, demitiu-se por não conseguir financiamento do Governo para realizar um plano de eficiência e por se recusar a levar a cabo um processo de despedimento coletivo.
Fontes da RTVE explicam que Leopoldo González-Echenique, que assumiu o cargo há cerca de dois anos, apresentou a sua demissão no final da reunião do Conselho de Administração de hoje.
González-Echenique considera que, sem uma injeção de capital do Governo, a viabilidade da RTVE está em causa.
O Governo espanhol está já à procura de um substituto, que assumiria funções num momento de particulares dificuldades na RTVE, que se debate com fortes pressões financeiras, apesar dos vários despedimentos coletivos que já realizou.
O novo processo de despedimento coletivo (conhecido em Espanha como Expediente de Regulação de Emprego ou ERE) afetaria centenas de trabalhadores.
O projeto que González-Echenique levou ao Governo custaria 130 milhões de euros e incluía um pacote de medidas de poupança, incluindo reduções salariais, o fecho do canal Teledporte (para integração na 2) e outras medidas.
Em troca deste plano, a RTVE receberia 130 milhões de euros da Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI), algo que não foi aceite, tendo sido também recusada a injeção extraordinária para conseguir o equilíbrio orçamental este ano.
O Governo rejeita injetar mais dinheiro sem medidas de poupança mais drásticas, incluindo um corte nos 6.400 trabalhadores da RTVE, já que os gastos em pessoal absorvem cerca de um terço de todo o orçamento, que no ano passado foi de cerca de 960 milhões de euros.
A RTVE tem vindo a registar, desde que o atual Governo chegou ao poder, uma queda regular no número de espetadores, com uma fuga especialmente destacada na parte de informação.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela Agência Lusa
