CGD. Lucro dispara 95% para 285 milhões de euros no primeiro trimestre

CGD. Lucro dispara 95% para 285 milhões de euros no primeiro trimestre


A Caixa Geral de Depósitos apresentou esta quinta-feira, os resultados do primeiro trimestre


O lucro da Caixa Geral de Depósitos voltou a disparar nos três primeiros meses do ano. O banco público apresentou um aumento dos resultados em 95% para 285 milhões de euros, em que só a atividade internacional apresentou um resultado de 53 milhões de euros, o que representa um aumento de 41% face a igual período do ano passado.

A instituição financeira liderada por Paulo Macedo revela que a «continuidade dos bons resultados permitiu a formalização da proposta de aplicação de resultados, a deliberar em assembleia geral, do pagamento de um dividendo no valor de 352 milhões de euros, o maior da história da Caixa, referente ao resultado de 2022 e definido de acordo com a política de dividendos em vigor», acrescentando que «adicionalmente a Caixa tenciona propor a entrega da propriedade do atual edifício sede ao seu acionista único, sob a forma de dividendo em espécie», referindo que o valor total destes pagamentos «contribuirá para uma melhor remuneração do capital investido e a continuação da devolução aos contribuintes do esforço tido no âmbito do processo de recapitalização».

Nos três primeiros meses do ano, os depósitos de clientes alcançaram os 80 mil milhões de euros a nível consolidado e 69 mil milhões na atividade doméstica. Já em relação ao crédito a clientes alcançou 53 mil milhões de euros em termos consolidados dos quais 45 mil milhões em Portugal. Por seu lado, a margem financeira registou um aumento de 345 milhões, em que o banco público justifica esta subida é «reflexo da subida das taxas de juro nas operações de retalho e do impacto positivo relativo às operações de tesouraria e da carteira de títulos».

O banco registou ainda um ganho de 80 milhões de euros em resultados de operações financeiras da alienação de ativos do extinto Fundo de Pensões. Um valor ainda assim inferior aos 246 milhões de euros em custos inerentes a esta operação registados em 2022. E apresentou uma subida de provisões e imparidades em 122 milhões de euros, tendo as imparidades de crédito crescido 26 milhões de euros.

 

Reestruturação de créditos em marcha 

Paulo Macedo, durante a apresentação de resultados, revelou que já foram reestruturados oito mil créditos à habitação –de acordo com as suas contas, menos de 3% da carteira de crédito e 900 ao abrigo do decreto-lei criado pelo Governo que força os bancos a reestruturar a dívida de clientes em dificuldades – e prometeu que está a estudar medidas para que mais famílias que entrem em dificuldades consigam pagar os seus empréstimos.

De acordo com o presidente da Caixa é muito provável que «mais famílias vão precisar de mais ajuda» este ano, uma vez que, as taxas de juro ainda deverão continuar a subir pelo menos até ao verão e há muitos créditos com Euribor a 12 meses cuja prestação ainda não foi revista.

Uma das medidas que poderá avançar tem como alvo os clientes com dificuldades, mas que ainda não entraram em incumprimento, mas que beneficiem da medida do Governo de juros bonificado (em que o Estado paga partes dos juros), lembrando que está a ser a possibilidade de um apoio complementar ao juro bonificado.

Já para os clientes em incumprimento, a medida pode passar por manter a prestação que o cliente pagava no primeiro semestre de 2022 (antes da subida significativa das taxas de juro) e manter uma prestação semelhante durante os próximos 18 meses e a diferença (que o cliente não pagar já) ser somada à prestação que o cliente iria pagar nos anos finais do crédito.

O CEO do banco público explicou também que a maior parte dos clientes que estão com problemas em pagar crédito à habitação estão sobretudo naqueles das pessoas que pediram empréstimos há menos anos e que não tiveram tempo de amortizar parte importante do capital (que são sobretudo clientes mais jovens) e clientes da classe média, pois a classe baixa não tem crédito à habitação e a classe alta consegue suportar o aumento das prestações dos empréstimos.