Apesar de o Vitória de Guimarães ter começado a época com o pé direito ao golear Puskás Akadémia na primeira mão da segunda pré-eliminatória da Conference League, o regresso dos adeptos às bancadas não arrancou da melhor forma.
A PSP deteve um adepto por comportamento indevido num recinto desportivo. Mas, para tentar impor ordem, um dos agentes chegou a apontar uma arma “shotgun” aos apoiantes do vimaranenses, ato que foi visto como “intimidatório” pelo presidente da Assembleia Geral do Vitória.
Segundo um comunicado da força de segurança divulgado esta sexta-feira, quando a equipa de Guimarães marcou o segundo golo diante dos húngaros, "foi detetado o arremesso de um tubo de uma bandeira para o interior do recinto desportivo", um comportamento que levou os polícias presentes a procurarem pelo adepto responsável.
"Durante o intervalo do jogo, a PSP, através dos polícias em serviço no recinto desportivo, dirigiu-se ao local onde o adepto responsável pelo arremesso se encontrava com o objetivo de o identificar, tendo este, assim como outros adeptos, oferecido resistência à PSP, reagindo violentamente, agredindo e coagindo os polícias. Tal viria a culminar numa intervenção policial com vista à reposição da ordem", explicou a PSP.
Além de arremessar um objeto, a polícia também verificou que o detido estava a desobedecer a “medida restritiva que o impede de frequentar recintos desportivo, decretada pela APCVD-Autoridade para a Prevenção Contra a Violência no Desporto".
Foi nesse momento de tensão em que um dos agentes apontou uma arma “shotgun” aos adeptos vimaranenses, numa tentativa de impor a ordem. A ação do polícia foi revelada através de uma fotografia que foi partilhada pelo site “Guimarães Digital”.
Ao mesmo site de notícias, o presidente da Assembleia Geral do Vitória, Belmiro Pinto dos Santos, reagiu aos incidentes entre a força de segurança e os apoiantes.
Belmiro Pinto dos Santos defendeu que a reincidência de cenas de violência das forças policiais contra os adeptos do Vitória no Estádio D. Afonso Henriques é “intolerável”, ao frisar que as forças de segurança “não podem deixar de interpretar o fenómeno [do futebol] e adequar as estratégias de segurança às particulares características do local e das pessoas e bens que se pretendem proteger".
"No interior do Estádio D. Afonso Henriques temos assistido à intervenção policial num registo intimidatório que não é idóneo a evitar o confronto e a violência. Estou farto de assistir, no interior da nossa casa, à fuga de adeptos à bastonada policial, estou farto de ver crianças a chorar temendo pela sua integridade física e dos seus familiares", sublinhou o responsável, ao dizer ser "imperioso que os responsáveis pela chefia policial e da Administração Interna revejam e corrijam as estratégias perpetradas” naquele recinto desportivo.
Com voz dos adeptos, a Associação Vitória Sempre também deixou, em comunicado, citado pelo Jornal O JOGO, algumas considerações.
Este grupo assinalou, em primeiro lugar, a “profunda tristeza por ver como os adeptos vitorianos são, recorrentemente, tratados como foras da lei, vândalos, sendo catalogados de modo diverso dos demais adeptos de futebol”.
Consideraram este episódio “inadmissível”, que não honra “as forças da ordem de um estado que se diz de direito”, merecendo assim a sua “indignação”. Ainda lamentaram que este tipo de episódios só aconteçam em Guimarães, como se os adeptos do Vitória fosse “as cobaias” ou “sacos de pancada das forças policiais”.
“De uma situação que deveria ser resolvida com bom-senso e boas palavras, escalou-se para um conflito digno da Faixa de Gaza. Um conflito em que uma parte apontou armas a mulheres e crianças, podendo desencadear uma tragédia. Um conflito em que uma parte bateu de modo indiscriminado, sem olhar a quem, com os bastões em riste. Um conflito em que o ódio contra quem enche a bancada esteve sempre presente”, observou a Associação Vitória Sempre.
O grupo também apelou à direção do Vitória de Guimarães para reunir com o Ministério da Administração Interna para “evitar estes tratamentos de violência gratuita e discricionária por quem tem a missão de os proteger”.
Por último, a Associação Vitória Sempre deixou um aviso às autoridades devido ao próximo jogo europeu, no qual os vimaranenses poderão defrontar os croatas do Hajduk Split, e os adeptos encontrarão uma das claques mais violentas da Europa e que se fará acompanhar pelo grupo organizado do Benfica, No Name Boys.
“Exortamos, desde já à elaboração de um plano de segurança cuidado. Para que não exista uma tragédia, para que não existam vitorianos agredidos e ofendidos…ou pior, que votem a pagar os justos pelos pecadores!”, reclamaram.