Morreu Artur Albarran aos 69 anos vítima de cancro

Morreu Artur Albarran aos 69 anos vítima de cancro


Depois de abandonar os ecrãs tornou-se empresário e chegou a ser detido por suspeito de branqueamento de capitais.


Morreu Artur Albarran aos 69 anos. Antigo jornalista e apresentador de televisão lutava há vários anos contra um cancro. Estava internado no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa. A primeira batalha contra o cancro ocorreu há uma década e, depois de ter recuperado aparentemente de um mieloma múltiplo (uma espécie rara de cancro) foi submetido há três anos a um transplante de medula óssea. “Passados oito anos, mais uma vez umas semanas num quarto bolha, em isolamento hospitalar para segundo transplante de medula óssea. É como nascer outra vez. Espero sair daqui como novo”, escreveu, na altura. 

O seu estado de saúde foi agravado no verão passado quando foi diagnosticado com covid-19, levando-o a lutar pela vida na unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Amadora-Sintra.

Artur Albarran nasceu em Moçambique, filho de um empresário da área das madeiras exóticas, e mudou-se para Portugal aos 18 anos. Após o 25 de Abril de 1974, o antigo jornalista tornou-se ativista da extrema-esquerda, filiando-se no Partido Revolucionário do Proletariado, organização fundada por Carlos Carneiro Antunes e Isabel do Carmo, em 1973, por dissidência com o PCP. Foi acusado num dos processos das Brigadas Revolucionárias. Fugiu então para França, sendo julgado à revelia, mas ficou livre das acusações.

Iniciou a sua carreira jornalística na Rádio Clube de Moçambique, passou ainda pelo Rádio Clube Português antes de ter integrado a equipa que fundou o programa Grande Reportagem na RTP no início da década de 1980. Foi o enviado especial do canal à Guerra do Golfo, em 1991, e, no ano seguinte, acompanhou o conflito na Somália. Em 1993, mudou-se para a TVI e, três anos depois, assinou com a SIC, deixando a informação e apostando no entretenimento ao tornar-se apresentador de vários programas, como A Cadeira do Poder e Acorrentados, sendo este último o programa que marcou a sua despedida dos ecrãs. Ficou conhecido pela célebre frase: “A tragédia, o drama, o horror”.

Em 1997 abandonou o mundo da televisão e tornou-se empresário ligado ao ramo imobiliário pela empresa americana Euroamer, de Franco Carlucci. Em 2005, foi alvo de uma investigação do Ministério Público, suspeito de branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Chegou a ser detido pela Polícia Judiciária por suspeita de crimes económicos e branqueamento de capitais, mas nunca houve uma acusação. Depois da detenção, saiu com termo de identidade e residência e, ao fim de sete anos, o caso foi arquivado. 

Dois anos antes tinha sido acusado pela ex-mulher, Lisa Albarran, de violência doméstica, com quem teve duas filhas. O ex-jornalista sempre negou as agressões e pediu compreensão para com Lisa porque sofria de “uma grave doença mental”. Atualmente estava casado com a chef Sandra Nobre.