Depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa anunciar que decidiu dissolver o Parlamento – como já era esperado – e marcar eleições legislativas para 30 de janeiro de 2022, o PCP foi o primeiro partido a reagir.
O deputado António Filipe considerou que a data escolhida por Marcelo é “uma data incompreensivelmente tardia” e que o Presidente “entra em contradição”, uma vez que queria eleições “o mais rápido possível”.
“Ao decidir protelar até ao fim de janeiro dá a ideia de estar à frente dos interesses nacionais conveniências de candidaturas às lideranças da direita”, criticou, referindo-se indiretamente às eleições diretas do PSD e ao candidato Paulo Rangel, que pediu eleições para mais tarde.
Resumidamente, o PCP considera que o chefe de Estado acabou por adiar a “resolução de problemas nacionais”.
Já a Iniciativa Liberal mostrou-se de acordo com a data escolhida por Marcelo. O deputado único da IL defendeu que é “urgente” dar vozes aos portugueses e que a campanha não deve coincidir com “o quadro festivo”, nomeadamente Natal e Ano Novo. Desta forma, Cotrim Figueiredo entende que, chegados a uma crise política que “ninguém desejava”, 30 de janeiro é a data “mais razoável e ponderada” para as eleições.
Seguiu-se o Bloco de Esquerda, pela voz de Pedro Filipe Soares. O bloquista aproveitou o momento para atribuir a responsabilidade da crise política a António Costa. “Não foi pelo Bloco de Esquerda que houve uma crise”, disse, em referência ao facto de o Governo não ter negociado com o partido para a aprovação do Orçamento do Estado.
No que diz respeito à data, Pedro Filipe Soares foi claro: “Da mesma forma que ninguém percebeu que o primeiro-ministro quisesse uma crise política (…) também ninguém compreenderá que se faça uma guerra política em torno da data das eleições”.
Inês Sousa Real, líder do PAN, considera que a data anunciada “acautela que a campanha não colida com o Natal e o Ano Novo e permite que todos os partidos possam participar de forma democrática”. A deputada frisa ainda que os portugueses precisam de alguma normalidade e manifesta a mesma preocupação que Marcelo: “Esta crise política era algo que os portugueses não desejavam”.
O líder do Chega, André Ventura, admite que a data escolhida “não era a data” que o partido preferia, mas “compreende” a decisão e os argumentos do Presidente da República.
“Ficou claro a quem o Presidente a quem apontou o dedo pela crise política, ao falar de divergências menores que se tornaram maiores, ao dar o seu próprio exemplo enquanto líder do PSD. Esses responsáveis são o Governo do PS e os parceiros que durante anos viabilizaram o orçamento”, frisou.
O deputado de extrema-direita referiu também que o Presidente “esteve bem” em “devolver a palavra ao dono” e que o partido está “mais do que preparado para eleições”.
Já Mariana Silva, do PEV, considera que “existiam outros instrumentos” além da dissolução da Assembleia da República. O partido, que pedia eleições para 16 de janeiro, refere que “não se permitiu que eleições fossem o mais rápido possível” e frisa que há “um OE 2021 que tem de ser cumprido”.
“Os Verdes estão disponíveis para as eleições. Consideramos que nos últimos seis anos fizemos um trabalho meritório para devolver direitos aos portugueses e travar a ofensiva de direita”, concluiu.
Cecília Anacoreta Correia, do CDS, revela que apesar de o mandato do líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, terminar antes das eleições, este “mantém-se até que seja substituído”.
"Formalmente, o mandato mantém-se até 26 de janeiro, mas [o líder] mantém-se até ser substituído em congresso. Juridicamente o mandato mantém-se até que seja substituído", sublinha a porta-voz do partido. “Francisco Rodrigues dos Santos é o líder do CDS, tem mandato até ao dia de entrega das listas, até ao dia das eleições”.
O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, considera que o partido “fez tudo para evitar a crise política”.
“O PS tudo fez para evitar esta crise política, procurando um acordo até ao limite para salvar este OE. Os partidos recusaram um acordo mesmo sabendo que o PR poderia convocar eleições antecipadas se o Orçamento fosse chumbado", começou por afirmar.
Na ótica do partido, foi apresentada “uma boa proposta de OE, que previa mais investimento público na saúde, na educação” e que “tinha apoios muito significativos para as empresas e para as famílias”.
“Mas para o PS não há vazios de poder, tudo faremos para manter o país em condições de recuperar a sua economia e melhorar as condições de vida dos portugueses, no estrito cumprimento da lei. Tudo faremos para garantir a atempada e eficaz aplicação dos fundos europeus e melhorar as condições de vida dos portugueses", rematou.
Sobre a escolha da data, José Luís Carneiro diz que “respeita” a decisão do chefe de Estado. “A data permite que todos possam participar ativamente e conscientemente nesta campanha eleitoral e esclarecer os portugueses, garantindo uma decisão livre e consciente sobre o futuro do país”, acrescentou, apelando à “forte mobilização” dos cidadãos, de forma a garantir “segurança, certeza e estabilidade”.
Por fim, Rui Rio, que sugeriu que as eleições fossem a 16 de janeiro, diz que a data escolhida “está decidida e há que ir em frente”.
“O Governo que entrar tem três meses para apresentar o Orçamento de Estado. Governo vai tomar posse para o meio de fevereiro e não teremos Orçamento antes de junho, para não dizer julho”, considerou.
Sobre o facto de ter sugerido anteriormente que umas eleições tardias poderiam beneficiar Paulo Rangel, seu oponente na liderança ao PSD, Rui Rio rematou: “O que disse, disse lá atrás. Ponto final, parágrafo. Mudei a página, até mudei de capítulo”.
Notícia atualizada às 21h50.