Depois de ter sido detida, na quarta-feira, pela Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da operação “D’arte Asas”, Maria de Jesus Rendeiro foi ouvida pela juíza de instrução Catarina Pires no Campus da Justiça, em Lisboa, esta quinta-feira.
A mulher, de 70 anos, passou a noite de quarta para quinta na cadeia de Tires, onde inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção a foram buscar ao início da tarde. Até ao início da noite de hoje, desconhecia-se se estava a prestar declarações para esclarecer a venda de oito quadros, o desaparecimento de cinco e a falsificação de quatro das 124 obras de arte de que era fiel depositária desde 2010, assim como alguns negócios imobiliários.
Porém, sabe-se que, no final do interrogatório, deverão ser conhecidas as medidas de coação a aplicar à arguida. Ainda que Maria de Jesus – detida porque a equipa do Ministério Público liderada pela procuradora Inês Boinina tenha alegado o perigo de fuga e de destruição de provas – seja a única arguida detida no processo, a Polícia Judiciária e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal investigam também Florêncio de Almeida, presidente da ANTRAL, e o seu filho, que exerceu funções enquanto motorista de Rendeiro.
Naquilo que diz respeito ao segundo, em causa está o facto de ter comprado um apartamento na Quinta Patino, em Cascais, junto à mansão do patrão, por 1,1 milhões de euros, a pronto pagamento, cedendo depois o usufruto do mesmo à mulher de Rendeiro, Maria de Jesus – que também está a ser investigada. A investigação acredita que o fez de forma dissimulada com o dinheiro do patrão.
Já relativamente ao primeiro, conhecido como ‘Rei dos Táxis’, o processo que leva à sua investigação é o mesmo mas o negócio é outro, também com suspeitas de ser simulado: a compra de uma casa dos Rendeiro, em 2015, por um valor abaixo dos preços de mercado e o facto de a ter revendido três anos depois por cinco vezes mais. Com isto, o presidente da ANTRAL e o filho ganharam mais de 520 mil euros.