World Trade Center, da tragédia à reconstrução

World Trade Center, da tragédia à reconstrução


O projeto ainda está em curso, mas o arrendatário Larry Silverstein, não tem pressa. ‘Tenho só 90 anos’, brincou. 


Quando a dor dos ataques terroristas de 11 de Setembro se tornou menos viva, imediata, quando a vingança que seria a Guerra ao Terror já estava em curso, bem depois dos 99 dias que demorou a apagar os incêndios causados pela queda do World Trade Center, a América começou a perguntar-se o que fazer com o monte de escombros em Lower Manhattan. Afinal, era a alma de Nova Iorque, imortalizada num sem fim de filmes, cuja silhueta ilustrava tudo o que eram camisolas, chapéus, canecas compradas por turistas, que ali estava, no sítio onde quase três mil pessoas perderam a sua vida.

Será que o espaço deveria ser transformado num memorial, perguntavam uns. Não seria uma melhor afirmação da América se voltasse a ser um centro de negócios, cheio de vida, sugeriam outros.

No final de contas, quem teve de meter mão à obra foi Larry Silverstein, um promotor de imobiliário que assinara um contrato de arrendamento do World Trade Center por 99 anos, com um custo de 3,2 mil milhões de dólares (equivalente a 2,7 mil milhões de euros), seis semanas antes de 11 de setembro de 2001.

Silverstein, que à época da tragédia tinha 70 anos, estava pronto a reformar-se, depois daquele que teria sido o maior negócio da sua vida, ficando com direito a  quase 40 mil metros quadrados de área comercial, numa das cidades mais caras do mundo, dentro de um ícone nova-iorquino.

«Disse à minha mulher: ‘Agora que temos este grande prémio, o que quer que queiras fazer que adiámos estes anos todos, podemos fazer», recordou o empresário de Brooklyn, vinte anos após a tragédia, à agência Reuters. «As coisas não correram como planeado». 

O que sobrou a Silverstein foi o direito e a obrigação de reconstruir o World Trade Center, bem como uma catrefada de disputas judiciais com seguradoras, que estavam com muito pouca vontade de cobrir os custos. As seguradoras acabaram por aceitar pagar uns incríveis 4,55 mil milhões de dólares (ou 3,85 mil milhões de euros), em 2007 – ainda assim, menos do que o empresário exigira em tribunal.

«Depois do 11 de Setembro houve um ótimo debate sobre o que deveria ser construído no World Trade Center. Foi Nova Iorque na sua essência: apaixonada, barulhenta e turbulenta», salientou Silverstein à Forbes. «Mas uma coisa era clara. O novo World Trade Center precisava de existir muito mais do que antes». 

 Aquilo a que os nova-iorquinos passaram a chamar de Ground Zero já foi um buraco no chão, transformando-se em três arranha-céus, meio atração turística, meio centro de negócios, com um museu, memorial e um interface de transportes próprio – o custo bateu os 25 mil milhões de dólares (mais de 21 mil milhões de euros). No entanto, décadas depois, o novo World Trade Center continua a ser um trabalho em curso, mesmo tendo sido previsto que estaria finalizado em 2020.

«Ainda não terminámos», admitiu Silverstein à Reuters. «Mas dado que tenho apenas 90 anos, não há pressa. Tenho muito tempo».