O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu hoje, num comício no Porto, ser tempo de valorizar o salário mínimo nacional e reforçar os direitos laborais, como prevê a Constituição da República Portuguesa. "Vivemos uma situação difícil, mas temos de continuar a acreditar que é possível uma vida melhor para Portugal e para os portugueses. Por isso, consideramos que é tempo de valorizar os salários, designadamente o salário mínimo nacional, o reforço dos direitos, o direito de contratação coletiva, o direito a ter um horário justo, digno – o direito a ter direitos como a nossa Constituição da República aponta", disse numa intervenção num convívio de mulheres da CDU, que decorreu no Parque Urbano da Pasteleira.
"Desafio a vossa reflexão por 10 segundos: como é que um país pode singrar se, neste caso concreto, tem défices estruturais, défice alimentar, défice tecnológico, défice energético, défice produtivo? Estamos dependentes do estrangeiro, mesmo em zonas críticas como é a da alimentação", constatou, reivindicando "medidas de fundo que continuam a não existir porque, de facto, este Governo não é capaz de praticar e desenvolver uma política alternativa e patriótica de esquerda tão necessária para o país".
O dirigente abordou a pandemia, explicando que "não foram só desgraças e dificuldades, existindo muitos que se aproveitaram e bem da situação, reforçando as suas fortunas". Recorrendo a dados estatísticos, referiu que neste período passou a haver "19 mil novos milionários em Portugal", ao mesmo tempo que "aumentaram em 400 mil os pobres no país".
"Vão anunciando esta ou aquela medida avulsa, desgarrada, mas não têm um projeto com que se comprometam para que as populações possam refletir sobre esses programas ou pela sua ausência", disse sobre as restantes forças políticas no âmbito das eleições autárquicas, declarando que falta "o projeto" aos candidatos e assumindo que a regionalização é outra luta que os candidatos da CDU (coligação PCP-PEV) têm de "travar na campanha eleitoral".