A ex-eurodeputada do PS Ana Gomes tem recebido apelos para concorrer nas próximas presidenciais de janeiro de 2021. A própria já disse que não, mas o barómetro da Intercampus, para o Correio da Manhã e o Jornal de Negócios, coloca-a com 8,8% das intenções, a meio ponto percentual de André Ventura, líder do Chega (com 9,3%). Já Marcelo Rebelo de Sousa garante 58,5% das intenções numa sondagem com 614 entrevistas, realizada entre os dias 11 e 17 de fevereiro.
Estes números dão alento a quem defende a candidatura de Ana Gomes a Belém. É o caso de Henrique Neto, empresário ( que foi candidato presidencial e pertenceu ao PS). “Acho que a Ana Gomes tem uma obrigação de concorrer. Porquê? Porque não há um candidato que possa falar com liberdade – e com propriedade – que esteja à vista”, declarou ao i o empresário que se juntou, há semanas, a nomes como o de Francisco Assis (PS), ou Nuno Garoupa, na lista de nomes que gostariam de ver Ana Gomes como candidata.
“É talvez a mulher que melhor pode representar os setores da sociedade, como eu, que acham que não é bom que não haja uma alternativa. Independentemente dessa alternativa ganhar ou não ganhar. Mesmo que o atual Presidente da República ganhe, pelo menos ganhou com luta, como deve ser em Democracia”, argumentou Henrique Neto, para quem a falta de comparência de Ana Gomes resultará numa campanha presidencial com os “candidatos do costume”. Que acabarão por fazer de “corpo presente”. O empresário referia-se a candidatos, por exemplo, indicados e apoiados pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda.
Henrique Neto não esquece o candidato presidencial André Ventura (já anunciado) para lembrar que “o Chega, ainda que esteja a subir, não representa a maioria das pessoas que não estão satisfeitas”, advoga o também antigo candidato presidencial. No final, se Ana Gomes não se candidatar, haverá pessoas sem representação, o que “só vai piorar a abstenção”, concluiu o empresário.
Segundo a referida sondagem, Ana Gomes entra na lista de presidenciáveis, deixando para trás Marisa Matias (4,6%) e Jerónimo de Sousa (2,6%), colocados na lista como potenciais do BE e do PCP, respetivamente.
Carlos César, presidente do PS obtém 1,3% e a apresentadora Cristina Ferreira alcança 2,4%, num estudo de opinião com erro máximo de amostragem, para um intervalo de confiança de 95%, de 4%.
Neste quadro, Marcelo ficaria muito aquém da votação de Mário Soares em 1991, (num segundo mandato), em que obteve 70,35% dos votos. De realçar que o Presidente só anuncia a sua decisão em novembro deste ano.
Contactada pelo i, Ana Gomes disse nada ter a “comentar ou a acrescentar ao que já disse sobre o assunto”. Ou seja, que não é candidata presidencial. Mas há quem a tente convencer. Ainda faltam mais de dez meses. Cristina Rita.