Atrasos nos salários levam funcionárias da limpeza da UC a fazer greve

Atrasos nos salários levam funcionárias da limpeza da UC a fazer greve


A empresa contratada pela Universidade de Coimbra em agosto tem falhado nos prazos para os pagamentos dos salários


A falta de pagamento dos salários de cerca de 30 funcionárias que fazem limpeza na Universidade de Coimbra (UC) motivou um dia de greve e protestos à porta da instituição de ensino superior.

Em agosto a Universidade de Coimbra celebrou contrato para a prestação e serviços de limpeza com a empresa Byeva e “de então para cá, não houve mês nenhum que pagasse o salário atempadamente”, denuncia Armindo Carvalho, do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Atividades Diversas (STAD), à Lusa.

"A lei diz que os trabalhadores têm de receber o salário até ao último dia útil de cada mês, mas isso nunca acontece. Este mês, a Byeva só pagou no dia 16 [quarta-feira] o salário de dezembro. As trabalhadoras marcam dias de greve e eles vêm e pagam antes da greve acontecer", acrescenta.

A justificação dos atrasos dada pela empresa ao sindicalista prende-se com a falta de pagamento por parte das faculdades, no entanto a diretora financeira da Universidade de Coimbra negou essa situação. “Tivemos uma reunião e disse-nos que estava tudo regularizado”, explica o sindicalista reforçando que a empresa "nunca pode invocar que o cliente pagou ou não pagou. Tem de ter o músculo necessário para cumprir com os trabalhadores e aparentemente a Byeva não tem".

A Universidade de Coimbra assinou, entre abril e setembro de 2018, sete contratos de serviços de limpeza com a Byeva, num valor que ultrapassa os 890 mil euros.

Não é a primeira vez que a empresa sediada em Leira tem problemas com os pagamentos. "Em Águeda, pôs muita gente na miséria, gente que quando o salário falha um dia ou dois já não pode comprar o passe social, atrasa-se na renda da casa, falha o pagamento ao banco. Estamos a falar de salários de 600 euros e há trabalhadoras que não têm o tempo inteiro [prestam serviço ocasional ou a meio tempo]. As pessoas não têm capacidade de aguentar a situação e acabam por ir para o desemprego", recorda Armindo Carvalho.

Para além disso, também "nos polos de Enfermagem houve o mesmo problema com a Byeva e a escola acabou por os afastar. E no Museu da Ciência e [departamento de] Ciências da Terra meteram outra empresa que só pagou ao dia 09 e há outra que paga ao dia 02, mas não paga segurança social há seis meses. As instituições públicas têm de ter mais atenção a isto, porque estas empresas não são de confiança".

A Byeva assinou, nos últimos três anos, 53 contratos de prestação de serviços de limpeza com entidades públicas, segundo informações prestadas na base de contratos públicos, totalizando cerca de cinco milhões de euros.

A agência Lusa tentou contactar a empresa para prestar declarações sobre o caso, mas sem sucesso.