“Tinha a certeza desde o início que foi o Pedro Dias a matar a minha filha”

“Tinha a certeza desde o início que foi o Pedro Dias a matar a minha filha”


Familiares das vítimas já reagiram à condenação de Pedro Dias 


Pedro Dias foi condenado a uma pena máxima de 25 anos de prisão.

A leitura da sentença foi feita esta quinta-feira, no Tribunal da Guarda, e é composta por 337 páginas. Pedro Dias não esteve presente na leitura da mesma, tendo assistido através de videoconferência. 

Os familiares das vítimas e respetivos advogados, à medida que foram saindo do tribunal, foram prestando declarações aos jornalistas. 

A mãe de Liliane Pinto (uma das vítimas de Pedro Dias) e o seu advogado foram das primeiras pessoas a sair do tribunal, e ambos revelaram que foi, finalmente, feita "justiça". “Ficou provado que a versão do arguido não tinha qualquer credibilidade, por isso estou satisfeito”, disse o advogado, à saída do tribunal, acrescentado ainda que tem “alguma pena de que não tivesse ficado provada a intenção do arguido, o cenário de crime que procurou construir para desviar as atenções sobre si próprio”.

O advogado dos pais da vítima admitiu, contudo, que pode vir a pedir recurso de uma das partes da decisão, uma vez que o juiz optou por não indemnizar os pais de Luís Carlos, o marido de Liliane Pinto, também ele vítima. “É injusto que os pais do Luís Carlos não recebam indemnização — admito que possa apresentar recurso aí, mas no essencial fez-se justiça”.

Já a mãe de Liliane Pinto admitiu que os "25 anos foram merecidos". “Tinha a certeza desde o início que foi o Pedro Dias a matar a minha filha”, afirmou Maria de Fátima.

A mãe da vítima também admitiu estar “aliviada” pela decisão do tribunal, mas acabou por não prestar mais declarações à comunicação social.

O advogado dos dois militares da GNR, Pedro Proença, também prestou declarações aos jornalistas, afirmando que “25 anos é o mínimo” que Pedro Dias devia receber, afirmando também que a sentença já era esperada. “Quando há mortes desta natureza é difícil dizer que se está satisfeito”, começou por dizer à saída do tribunal.

Pedro Proença disse também que, tendo em conta o que sabe sobre Pedro Dias, teria ficado “surpreendido” se este tivesse pedido desculpas às famílias das vítimas.

O advogado que deu os parabéns à Polícia Judiciária por ter realizado, ao longo do último ano, uma investigação “exemplar”, indicando ainda que o valor das indemnizações é elevado. “São próximas dos 150 mil euros. É obra”. “Apesar de tudo, foi feita justiça”, concluiu.

A irmã do militar António Ferreira, que sobreviveu ao ataque de Aguiar da Beira, também reagiu à sentença lida hoje, na Guarda. “Agora sim, podemos dizer que a justiça funciona em Portugal”, disse.

Questionada pelos jornalistas sobre a reação de Pedro Dias durante a leitura da sentença, a mesma disse que estava “sereno, como se nada fosse”. “Ele sabia que estava culpado, por isso estava sereno, só à espera que dissessem ‘25 anos de prisão’”, declarou.

Relativamente às reações da família de Lídia Conceição, outra das vítimas de Pedro Dias que foi sequestrada, a irmã da mesma referiu que ficou “triste” com a condenação, afirmando que a “irmã merecia mais”.

“Não é justo. O justo seriam os 104 anos de condenação, mas como isso não é possível, tenho de aceitar os 25 anos”.