Dez na segunda-feira 70 anos que Isabel Il e Filipe de Edimburgo trocaram alianças na Abadia de Westminster. Estávamos a 20 de novembro de 1947 quando a ainda princesa Isabel que, já se sabia, seria a nova monarca britânica, ainda que tal tenha acontecido antes do previsto devido à prematura morte do pai, o rei Geoge VI, apenas cinco anos depois do matrimónio – selou a união com Filipe Mountbatten. A cerimónia, que contou com dois mil convidados, foi acompanhada através da rádio por dois milhões de pessoas em todo o mundo. Afinal, naquela manhã de 1947 – e ainda no rescaldo da Segunda Guerra Mundial – celebrou-se não só o matrimónio como o fim de um ciclo de extrema dureza em que o Reino Unido esteve especialmente envolvido.
Embora o momento fosse de festa, o espetro dos tempos difíceis apareceu em vários apontamentos, a começar no vestido de Isabel. O modelo escolhido – de seda marfim, decote em coração, corpete justo ao corpo e cintura baixa terminando em forma de V, o vestido da autoria de Norman Hartnell terminava com uma cauda de quatro metros e foi inspirado no quadro ‘A Primavera’, de um dos mestres do Renascimento, Botticelli. A evocação à pintura que simboliza o renascer da nova estação não foi em vão – Isabel julgou o apontamento apropriado numa altura em que o mundo renascia da guerra. Além do simbolismo, houve um aspeto mais prático decorrente dos tempos que se viviam: o traje foi pago com senhas de racionamento.
Os recém-casados receberam cerca de 2.500 presentes de todo o mundo, nos quais se incluíram joias, uma máquina Singer, 500 latas de ananás – um produto difícil de arranjar – e um frigorífico. E até Gandhi enviou uma lembrança: um pedaço de tecido de algodão no qual bordou, ele próprio, as palavras “Jai Hind” – vitória para a Índia.
Em 1997, a Rainha de Inglaterra e o Duque de Edimburgo celebraram as bodas de ouro. Há dez anos, em 2007, chegaram às bodas de diamante. Foram o primeiro casal na Casa Real britânica a dobrar o cabo dos 60 anos de vida comum e, por essa altura, organizaram uma exposição no Palácio de Buckingham em que foram expostos não só os trajes dos noivos como até alguns dos presentes recebidos.
Aos setenta anos, chegaram às bodas de vinho mas a celebração pública foi mais contida e fez-se através de uma fotografia comemorativa, em que, ao lado do seu duque, de 95 anos – e que retirou este ano da agenda real – surge uma sorridente rainha de 91 anos, num elegante vestido bege.
O casamento da Rainha de Inglaterra com Filipe Mountbatten tem pormenores sumarentos e uma excecional longevidade, mas não é caso único. Há até quem já tenha dobrado o cabo dos 90 (!) anos de casamento. Lá iremos.
75 anos a ajudar os outros
Em março deste ano, Harvey e Irma Schluter comemoram 75 anos de casamento – as chamadas bodas de alabastro. Uns meses depois viram a sua história saltar para as páginas dos jornais – e não foi pela duração do matrimónio. Num ano especialmente difícil no que concerne a fenómenos meteorológicos, houve vários furacões a fustigar o Atlântico Norte e o Golfo do México. Harvey e Irma, que deixaram um rasto de destruição atrás de si, foram dois deles. Em setembro, o The New York Times contou a história do casal que, coincidentemente, tem o nome dos furacões, mas que, atrás de si, deixou antes um legado de ternura.
Harvey fez 104 anos em julho, Irma chegou este mês aos 93. Casaram em 1942 e, depois de uma curta passagem por Fort Meade, Maryland, assentaram arraiais em Washington, onde ainda hoje vivem. Harvey trabalhou como barbeiro e Irma era dona de casa. Vinham ambos de famílias numerosas, pelo que lhes pareceu natural acolherem crianças, “muitas com deficiências físicas ou mentais”, descreve o jornal norte-americano. Ao longo das décadas, terão acolhido 120 crianças – um número que Irma confirmou ao jornal local The Spokesman-Review em março, a propósito dos 75 anos de casados. Em 2013, Harvey disse ao mesmo jornal que ter sido um pai de acolhimento foi a experiência mais compensadora que teve na vida.
Recordam-se de grandes momentos da história do século XX, como da chegada do homem à lua, o assassinato de Kennedy e até da Grande Depressão, embora fossem ainda muito jovens. Em setembro deste ano, o casal não acreditou quando a filha lhes ligou a contar a coincidência com o nome dos furacões, que consideraram «muito triste». «Não faço ideia do que irei fazer, nunca estive numa situação destas», disse Irma. «Vou tentar ajudar algumas pessoas, não sei como», sublinhou a nonagenária. Um exemplo.
As bodas de diamante de Soares dos Santos
Mas as ligações duradouras não são um exclusivo além fronteiras. Alexandre Soares dos Santos, antigo presidente do grupo Jerónimo Martins, nascido em 1934 – completou em setembro 83 anos – está prestes a comemorar a ligação de 60 anos com a mulher, Maria Teresa Canas Mendes da Silveira e Castro, dois anos mais velha. Casaram em Lisboa, na Igreja da Madre de Deus, a 28 de dezembro de 1957. Dois dias depois partiram para a Alemanha, contou em 2012 ao Público numa das poucas entrevistas em que abriu uma nesga da porta da esfera familiar.
E, tal como aconteceu há uma década, as datas redondas são para comemorar em família. «Eu, quando fiz os meus 50 anos de casado, se algum dos meus filhos não estivesse era o fim da picada», disse na mesma entrevista. A festa das bodas de diamante será, portanto, outro momento para juntar a família – desta vez numa quinta da região de Lisboa.
Há bodas até aos cem anos
1.º ano – Bodas de Papel
2.º Bodas de Algodão
3.º – Bodas de Couro ou de Trigo
4.º – Bodas de Flores, Frutas ou de Cera
5.º – Bodas de Madeira ou de Ferro
6.º – Bodas de Açúcar ou de Perfume
7.º – Bodas de Latãoou de Lã
8.º – Bodas de Barro ou de Papoula
9.º – Bodas de Cerâmica ou de Vime
10.º – Bodas de Estanho ou de Zinco
11.º – Bodas de Aço
12.º – Bodas de Seda ou Ónix
13.º – Bodas de Linho ou de Renda
14.º – Bodas de Marfim
15º – Bodas de Cristal
16.º – Bodas de Safira ou de Turmalina
17.º – Bodas de Rosa
18.º – Bodas de Turquesa
19.º – Bodas de Cretone ou de Água Marinha
20.º – Bodas de Porcelana
21.º – Bodas de Zircão
22.º – Bodas de Louça
23.º – Bodas de Palha
24.º – Bodas de Opala
25.º – Bodas de Prata
26.º – Bodas de Alexandrite
27.º – Bodas de Crisopráso
28.º – Bodas de Hematita
29.º – Bodas de Erva
30.º – Bodas de Pérola
31.º – Bodas de Nácar
32.º – Bodas de Pinho
33.º – Bodas de Crizopala
34.º – Bodas de Oliveira
35.º – Bodas de Coral
36.º – Bodas de Cedro
37.º – Bodas de Aventurina
38.º – Bodas de Carvalho
39.º – Bodas de Mármore
40.º – Bodas de Esmeralda
41.º – Bodas de Seda
42.º – Bodas de Prata dourada
43.º – Bodas de Azeviche
44.º – Bodas de Carbonato
45.º – Bodas de Rubi
46.º – Bodas de Alabastro
47.º – Bodas de Jaspe
48.º – Bodas de Granito
49.º – Bodas de Heliotrópio
50.º – Bodas de Ouro
51.º – Bodas de Bronze
52.º – Bodas de Argila
53.º – Bodas de Antimónio
54.º – Bodas de Níquel
55.º – Bodas de Ametista
56.º – Bodas de Malaquita
57.º – Bodas de Lápis-lazúli
58.º – Bodas de Vidro
59.º – Bodas de Cereja
60.º – Bodas de Diamante
61.º – Bodas de Cobre
62.º – Bodas de Telurita
63.º – Bodas de Sândalo
64.º – Bodas de Fabulita
65.º – Bodas de Platina
66.º – Bodas de Ébano
67.º – Bodas de Neve
68.º – Bodas de Chumbo
69.º – Bodas de Mercúrio
70.º – Bodas de Vinho
71.º – Bodas de Zinco
72.º – Bodas de Aveia
73.º – Bodas de Manjerona
74.º – Bodas de Macieira
75.º – Bodas de Brilhante ou Alabastro
76.º – Bodas de Cipreste
77.º – Bodas de Alfazema
78.º – Bodas de Benjoim
79.º – Bodas de Café
80.º – Bodas de Carvalho
81.º – Bodas de Cacau
82.º – Bodas de Cravo
83.º – Bodas de Begónia
84.º – Bodas de Crisântemo
85.º – Bodas de Girassol
86.º – Bodas de Hortênsia
87.º – Bodas de Nogueira
88.º – Bodas de Pera
89.º – Bodas de Figueira
90.º – Bodas de Álamo
91.º – Bodas de Pinheiro
92.º – Bodas de Salgueiro
93.º – Bodas de Imbuia
94.º – Bodas de Palmeira
95.º – Bodas de Sândalo
96.º – Bodas de Oliveira
97.º – Bodas de Abeto
98.º – Bodas de Pinheiro
99.º – Bodas de Salgueiro
100.º – Bodas de Jequitibá