Montepio em aviso amarelo

Montepio em aviso amarelo


Depois de ter apresentado perdas de 86,5 milhões, o banco quer regressar aos lucros já este ano. Apesar de otimista, Félix Morgado diz que banco está a sofrer com a instabilidade.  A captação de depósitos é uma das prioridades da Caixa Económica Montepio Geral, depois de ter totalizado 12,5 mil milhões de euros em 2016,…


No entanto, a instabilidade que tem afetado o banco, assim como o seu único acionista (a Associação Mutualista), poderá vir a prejudicar esta mesma captação. O presidente da Caixa Económica admitiu ao SOL que a imagem do banco está a ser afetada pela instabilidade nas últimas semanas. «Este enquadramento atual não é favorável ao crescimento dos depósitos e acaba por prejudicar a captação das poupanças das famílias», acrescentando, no entanto, que «os depósitos tiveram um comportamento padrão normal deste tipo de situações» nos últimos dias.

Mas Félix Morgado deixa uma palavra de tranquilidade aos seus clientes, lembrando que, mesmo num pior cenário, os depositantes estão abrangidos pelo Fundo de Garantia de Depósitos que cobre até 100 mil euros por depositante. Uma realidade diferente vivida pela Associação Mutualista que está dependente das suas reservas para ressarcir os produtos mutualistas.

A verdade é que a pressão para regressar aos resultados positivos é grande, mas o presidente da instituição financeira acredita que vai atingir lucros já este ano. A Caixa Económica apresentou perdas de 86,5 milhões de euros no ano passado, mas representa uma melhoria face aos prejuízos registados no ano anterior quando atingiram os 243,4 milhões de euros.

Esta recuperação deve-se, em grande parte, aos resultados do plano estratégico levado a cabo no ano passado e que irá permanecer até 2018. «O primeiro ano de execução do plano estratégico já deu resultados positivos», revelou ao SOL.

Por isso mesmo, face a esta melhoria, o responsável acredita que será possível regressar aos resultados positivos em 2017. Félix Morgado admite que esta redução das perdas foi possível «sem ganhos extraordinários», apesar da venda de alguns ativos. É o caso de imóveis, tendo sido alienados 1938, o que faz com que 68% do que estava previsto no plano já esteja cumprido, assim como a venda de participações financeiras, resultado das execuções de crédito.

Em relação à reestruturação da rede, o presidente da instituição financeira garantiu que está concluída após o fecho de 100 balcões e da saída de 442 trabalhadores através de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo. «O redimensionamento do plano de negócio ficou concluído em junho de 2016 e não vai sofrer mais ajustes. É um tema que está fechado», salientou.

 

Mudança de marca

Félix Morgado vê com «naturalidade» a mudança de marca que deverá ser imposta pelo Banco de Portugal e admite que, se isso vier a acontecer, «será resultado de uma orientação do supervisor». No entanto, faz uma ressalva: «O Montepio tem de cumprir a orientação, mas a alteração da marca cabe à assembleia-geral decidir». 

Já sobre a resistência por parte da Associação Mutualista em manter o nome, o responsável não quis comentar, chamando novamente a atenção para o facto de ser uma exigência do supervisor.  Recorde-se que a entidade liderada por Carlos Costa exigiu que a instituição financeira mude de nome para que não haja confusão entre as duas entidades (a casa-mãe, a associação mutualista, e a participada financeira, a caixa económica), dando o prazo de um mês para fazer essa alteração.

A ideia desta imposição é simples: afastar o banco de riscos de reputação no caso de existir problemas em resgates de produtos financeiros de clientes da Mutualista. Já esta semana, a dona do Montepio tinha garantido que a mudança da marca do banco «não está em cima da mesa», acrescentando que «se algum dia vier a estar, tratando-se de um assunto de natureza estratégica, teria de ser aprovado em assembleia-geral».