Educação ou traição?


Não que se atribua a este Governo refém do BE e do PCP sequer a ideia de que quer cultivar o pensamento único ou a ignorância do povo, apanágio dos verdadeiros trotskistas e leninistas do passado – seria primário, retrógrado e manifestamente difamatório para os socialistas, bloquistas e comunistas da modernidade.


Na última página do i de terça feira escrevi, criticando, sobre a intenção do Governo de exigir no final do próximo ano letivo a devolução dos manuais escolares gratuitamente distribuídos aos alunos no arranque do primeiro ano do primeiro ciclo. Porque, a confirmar-se, será o início de uma nova política que, além de sentenciar os editores livreiros e as pequenas livrarias que sobrevivem à conta das escolas vizinhas (e todo o mercado de trabalho associado à produção e venda, direta e indireta, do livro – incluindo os autores/escritores, que ainda não acordaram para os efeitos que sobre eles, a prazo, recairão), necessariamente prejudicará o processo de aprendizagem dos alunos, constrangidos na sua relação com um instrumento fundamental para o desenvolvimento do seu estudo, logo conhecimento: o livro.

Quando o escrevi, desconhecia por completo o último argumentário do Governo para responder às ameaças de Bruxelas de sancionar o incumprimento das metas do défice a que a mesma edição do i daria destaque de primeira página.

Ora, ficou a saber-se que o Governo apoiado na maioria parlamentar socialista, bloquista e comunista acredita que Portugal não sofrerá qualquer sanção da União Europeia, porque Mário Centeno terá mão de ferro na execução orçamental de 2016 e cortará na despesa para 2017, com incidência particular nas empresas públicas e… na Saúde e na Educação.

Sim, na Saúde e na Educação.

A proposta de Orçamento para 2017 terá de contar com os votos da bancada do PS, do BE e do PCP. Ou seja, da esquerda e da extrema esquerda parlamentares.

Cortar nas empresas públicas será, porventura, o menos difícil. Cortar na Saúde e na Educação é que é o diacho.

É claro que é sempre possível. O problema será, com mais cortes, manter a qualidade do Serviço Nacional de Saúde – bandeira de sempre, e bem, de um Estado dito social – e daquela que tem sido propagandeada (com visível investimento em outdoors espalhados pelo país) como uma aposta deste Governo: a Escola Pública.

Na Saúde, mesmo para quem não acredita em milagres, lá que os há, há.

No Ensino, começando-se por se desinvestir nos alunos que agora iniciam a sua escolaridade obrigatória, só daqui a alguns mandatos e muito provavelmente já sem estes governantes e deputados é que se verá o mal feito. Porque, neste capítulo, não há mesmo milagres.

Os erros na forja podem ser fatais e incorrigíveis.

Há 10 anos, era António Costa ministro de Estado e número dois do Governo, uma das medidas aprovadas em Conselho de Ministros, por proposta do Ministério da Educação, foi a criação do Plano Nacional de Leitura.

Literacia era palavra de ordem e um dos temas da moda – como foi moda, anos antes, dizer que Educação, para os socialistas, era «paixão».

Pois agora, e ao que se perspetiva com este Governo amarrado a reivindicações propagandísticas e muito pouco literacistas do BE e do PCP, a paixão ainda passa a traição.

Traição ao livro. Traição à literacia. Traição à Educação. Traição à Cultura.

Não que se atribua a este Governo refém do BE e do PCP sequer a ideia de que quer cultivar o pensamento único ou a ignorância do povo, apanágio dos verdadeiros trotskistas e leninistas do passado – seria primário, retrógrado e manifestamente difamatório para os socialistas, bloquistas e comunistas da modernidade.

Mas porque será essa a verdadeira consequência das políticas e opções políticas com que BE e PCP querem, e podem, condicionar este Governo PS em matéria de Educação.

O Plano Nacional de Leitura – o tal criado pelo Governo em que Costa era número dois – tem os dias contados. É um facto que, no momento da sua criação, estava previsto durar 10 anos (precisamente até 2016). Agora, e ainda que os seus defensores continuem a pugnar pela sua utilidade – porque a literacia dos portugueses ainda é o que é e porque já não se usa dela falar, passou de moda – ou pela necessidade da sua readaptação face aos novos fenómenos da leitura, já se está a perceber que já era.

Os ministros da Educação e da Cultura, como certamente os porta-vozes dos socialistas, bloquistas e comunistas, tal como Centeno ensaiou em Bruxelas, defenderão com mão de ferro que não, que a literacia é uma prioridade, que o acesso à Educação será mais igual, que o incentivo à leitura e ao conhecimento são uma aposta deste Governo e da maioria que o sustenta.

Pois sim. Para já, ficámos foi a saber que em 2017 haverá cortes nas empresas públicas e… na Saúde e na Educação. E que os pais dos alunos que não têm condições económicas para pagar os manuais escolares aos filhos vão ter de os devolver (aos manuais, claro) no final do ano letivo. Com o mínimo de evidências da sua utilização. Porque, de outro modo, terão mesmo, e afinal, de os pagar. Portanto, repetindo o que escrevi no i, o melhor é os miúdos tocarem neles o menos possível.

Se isto não é uma traição…

 

 


Educação ou traição?


Não que se atribua a este Governo refém do BE e do PCP sequer a ideia de que quer cultivar o pensamento único ou a ignorância do povo, apanágio dos verdadeiros trotskistas e leninistas do passado - seria primário, retrógrado e manifestamente difamatório para os socialistas, bloquistas e comunistas da modernidade.


Na última página do i de terça feira escrevi, criticando, sobre a intenção do Governo de exigir no final do próximo ano letivo a devolução dos manuais escolares gratuitamente distribuídos aos alunos no arranque do primeiro ano do primeiro ciclo. Porque, a confirmar-se, será o início de uma nova política que, além de sentenciar os editores livreiros e as pequenas livrarias que sobrevivem à conta das escolas vizinhas (e todo o mercado de trabalho associado à produção e venda, direta e indireta, do livro – incluindo os autores/escritores, que ainda não acordaram para os efeitos que sobre eles, a prazo, recairão), necessariamente prejudicará o processo de aprendizagem dos alunos, constrangidos na sua relação com um instrumento fundamental para o desenvolvimento do seu estudo, logo conhecimento: o livro.

Quando o escrevi, desconhecia por completo o último argumentário do Governo para responder às ameaças de Bruxelas de sancionar o incumprimento das metas do défice a que a mesma edição do i daria destaque de primeira página.

Ora, ficou a saber-se que o Governo apoiado na maioria parlamentar socialista, bloquista e comunista acredita que Portugal não sofrerá qualquer sanção da União Europeia, porque Mário Centeno terá mão de ferro na execução orçamental de 2016 e cortará na despesa para 2017, com incidência particular nas empresas públicas e… na Saúde e na Educação.

Sim, na Saúde e na Educação.

A proposta de Orçamento para 2017 terá de contar com os votos da bancada do PS, do BE e do PCP. Ou seja, da esquerda e da extrema esquerda parlamentares.

Cortar nas empresas públicas será, porventura, o menos difícil. Cortar na Saúde e na Educação é que é o diacho.

É claro que é sempre possível. O problema será, com mais cortes, manter a qualidade do Serviço Nacional de Saúde – bandeira de sempre, e bem, de um Estado dito social – e daquela que tem sido propagandeada (com visível investimento em outdoors espalhados pelo país) como uma aposta deste Governo: a Escola Pública.

Na Saúde, mesmo para quem não acredita em milagres, lá que os há, há.

No Ensino, começando-se por se desinvestir nos alunos que agora iniciam a sua escolaridade obrigatória, só daqui a alguns mandatos e muito provavelmente já sem estes governantes e deputados é que se verá o mal feito. Porque, neste capítulo, não há mesmo milagres.

Os erros na forja podem ser fatais e incorrigíveis.

Há 10 anos, era António Costa ministro de Estado e número dois do Governo, uma das medidas aprovadas em Conselho de Ministros, por proposta do Ministério da Educação, foi a criação do Plano Nacional de Leitura.

Literacia era palavra de ordem e um dos temas da moda – como foi moda, anos antes, dizer que Educação, para os socialistas, era «paixão».

Pois agora, e ao que se perspetiva com este Governo amarrado a reivindicações propagandísticas e muito pouco literacistas do BE e do PCP, a paixão ainda passa a traição.

Traição ao livro. Traição à literacia. Traição à Educação. Traição à Cultura.

Não que se atribua a este Governo refém do BE e do PCP sequer a ideia de que quer cultivar o pensamento único ou a ignorância do povo, apanágio dos verdadeiros trotskistas e leninistas do passado – seria primário, retrógrado e manifestamente difamatório para os socialistas, bloquistas e comunistas da modernidade.

Mas porque será essa a verdadeira consequência das políticas e opções políticas com que BE e PCP querem, e podem, condicionar este Governo PS em matéria de Educação.

O Plano Nacional de Leitura – o tal criado pelo Governo em que Costa era número dois – tem os dias contados. É um facto que, no momento da sua criação, estava previsto durar 10 anos (precisamente até 2016). Agora, e ainda que os seus defensores continuem a pugnar pela sua utilidade – porque a literacia dos portugueses ainda é o que é e porque já não se usa dela falar, passou de moda – ou pela necessidade da sua readaptação face aos novos fenómenos da leitura, já se está a perceber que já era.

Os ministros da Educação e da Cultura, como certamente os porta-vozes dos socialistas, bloquistas e comunistas, tal como Centeno ensaiou em Bruxelas, defenderão com mão de ferro que não, que a literacia é uma prioridade, que o acesso à Educação será mais igual, que o incentivo à leitura e ao conhecimento são uma aposta deste Governo e da maioria que o sustenta.

Pois sim. Para já, ficámos foi a saber que em 2017 haverá cortes nas empresas públicas e… na Saúde e na Educação. E que os pais dos alunos que não têm condições económicas para pagar os manuais escolares aos filhos vão ter de os devolver (aos manuais, claro) no final do ano letivo. Com o mínimo de evidências da sua utilização. Porque, de outro modo, terão mesmo, e afinal, de os pagar. Portanto, repetindo o que escrevi no i, o melhor é os miúdos tocarem neles o menos possível.

Se isto não é uma traição…