O ex-dirigente começou a sua intervenção comparando a governação de António Costa à de José Sócrates e de António Guterres, comparação essa sustentada no "perigoso caminho que está a ser seguido" e cujo desfecho já é do conhecimento de todos: o "pântano", de Guterres, ou a "bancarrota" de Sócrates. Embora com diferenças. E aí, Duarte descreveu o atual primeiro-ministro como "uma espécie de cata-vento, de girassol que se adapta ao clima: onde estiver o sol, ele vira a agulha". Para o social-democrata, a "preocupação central" de Costa é "agradar a todos". E dá exemplos. "Promete austeridade à União Europeia e o fim da austeridade quando fala com o PCP e promete contenção de despesas às agencias de rating quando fala com o BE". Sobre a capacidade negociadora de Costa, Pedro Duarte admite que talvez seja um bom negociador, mas não será muito difícil dizer que sim a todos porque no fim haverá alguém a pagar a conta".
Do passado para o futuro passaram poucos minutos de uma intervenção que foi interrompida para aplausos no máximo umas três vezes. Pedro Duarte desafiou o PSD a liderar uma agenda a pensar no futuro e a não ficar a fazer oposição com "proclamações à moda socialista". E deixou três propostas de fundo" para reformas que devem também contar com o apoio do CDS e do PS. E são elas: a revisão do sistema de ensino, "através de uma aposta clara nas ciências, matemáticas, engenharias e tecnologias"; uma aposta na competitividade das empresas portuguesas, "já que as soluções e a receita europeias não estão a resultar em crescimento económico" e, por fim, melhorar a eficiência do Estado. "O PSD deve lembrar-se de Sá Carneiro e liderar uma proposta descentralizadora para o país", explicou, lembrando que para isso o PSD precisa procurar consensos. Mas Passos não quer. Pelo menos com este PS encostado à esquerda radical. Ainda assim, Pedro Duarte sinalizou, nem que seja para memória futura.