“Borgen”. A nova série que vai viciar eleitores e políticos


A primeira mulher a liderar o país é Birgitte Nyborg, política que chegou ao poder antes de a sua compatriota Helle Thorning-Schmidt, real primeira-ministra dinamarquesa, ter atingido o cargo. “Borgen” – em português significa castelo – é uma série que antecipou a realidade nunca deixando de ser ficção e que segue a teia perigosa das…


A primeira mulher a liderar o país é Birgitte Nyborg, política que chegou ao poder antes de a sua compatriota Helle Thorning-Schmidt, real primeira-ministra dinamarquesa, ter atingido o cargo. “Borgen” – em português significa castelo – é uma série que antecipou a realidade nunca deixando de ser ficção e que segue a teia perigosa das coligações no governo nacional. Obviamente, com jornalistas à mistura. Estreia segunda-feira, às 22h, na RTP2

Portugal tem Cristiano Ronaldo, a Dinamarca tem Christian Eriksen. Portugal tem livros de auto-ajuda, a Dinamarca tem thrillers de enredos sombrios. Portugal tem telenovelas; a Dinamarca, policiais na TV. Recentemente, “The Killing” e “Bron” foram as últimas grandes produções saídas deste cantinho escandinavo a explodir no mercado internacional, com aplausos devidos de todos os entusiastas de histórias onde não faltam sangue fresco e mistérios de resolução aparentemente impossível. Se assim não fosse, não tinham ambas gerado remakes norte-americanos.

Mas se em Portugal nem tudo são programas da tarde e telenovelas de horário nobre, também na Dinamarca há vida para lá do suspense e dos assassinatos macabros. “Borgen” é uma série de 2010 – chegou à televisão norte-americana em Outubro de 2011 e à britânica em Janeiro de 2012 – que segue Birgitte Nyborg (interpretada por Sidse Babett Knudsen), a primeira mulher a tornar-se primeira–ministra do país e como ela gere o poder e todas as ligações subversivas por entre o governo de coligação dinamarquês. “Borgen” é uma espécie de mistura moderna – e presumivelmente apetecível – entre “Os Homens do Presidente” e “House of Cards” que estreia segunda-feira às 22h, na RTP2.

agora já sabe dizer uma palavra em dinamarquês E qual é? Parece óbvio: “Borgen”. Que em português significa “castelo” e, neste caso, é a alcunha do Palácio de Christiansborg, o quartel-general do poder dinamarquês, onde cabe o Parlamento, o gabinete do primeiro- -ministro e o Supremo Tribunal. Essa é também a casa da série onde decorre a maior parte do enredo e onde a moral de Nyborg começa a ser questionada por todos os jogos políticos. É que, se no início da série Nyborg é a líder do Partido Popular, quando é eleita apercebe-se de que o cargo não é pêra doce, ao ponto de o marido e os dois filhos sentirem tudo isso na pele. Tempo de perceber se a nova primeira-ministra consegue dar conta do recado e chegar a casa a horas de jantar com a família ou, pelo menos, dar um beijo aos filhos antes de estes adormecerem.

onde há um político há um jornalista Frase que se aplica nesta série, já que nenhuma polémica é exposta sem ter o dedo de alguma fonte interna que ofereceu a notícia. Falamos de Kasper Juul (Pilou Asbaek), assistente de relações públicas e imprensa da primeira-ministra – têm uma história de amor antiga em comum – e que é o contacto da jornalista Katrine Fonsmark (Birgitte Hjort Sorensen). Porém, Fonsmark, tal como Nyborg, parece ter entrado num sprint contra a sua própria moral que lhe pode vir a trazer desavenças.

Uma série com tiques de bruxa Talvez estejamos a exagerar nesta personificação, mas a verdade é que “Borgen” antecipou o futuro. A 3 de Outubro de 2011, a Dinamarca elegeu a primeira mulher a chegar ao cargo de primeiro-ministro. É que, antes de Helle Thorning-Schmidt suceder a Mogens Lykketoft, já a série tinha gravado duas temporadas, tornando claro que a real primeira-ministra não foi inspiração para Sidse Knudsen, a mesma que disse ao “The Guardian” que decidiu evitar ver intervenções de Thorning-Schmidt para não haver problemas de maior. Talvez por parecer que a vida imitou a ficção, os políticos aparentam gostar da série, ao ponto de Hillary Clinton ter enviado uma carta para os produtores – de resto, já Stephen King, escritor norte-americano, havia considerado “Borgen” a sua série preferida do ano de 2012.

Um criador de panela na mão Não se deixe enganar pelo apelido inglês: Adam Price é descendente de famílias naturais de Londres que no século XVIII se mudaram para Copenhaga. O criador da série é, além disso, um chefe consagrado na televisão dinamarquesa, com lugar cativo no júri desse género de programas, bem como eterno convidado que apresenta as suas receitas de sucesso. “Borgen” é, porventura, uma iguaria difícil de dividir em quantidades alimentares e tempos de cozedura, mas é, aos olhos do mundo, a sua especialidade.

Adaptação a caminho Tudo o que existe quer-se americanizado – pelo menos, é que o mundo pede. Daí que a NBC tenha adquirido os direitos para tal, mas a versão nunca chegou a avançar. Pelo que se diz, a HBO é a grande candidata a fazê–lo, com caras conhecidas e sem legendas. Entretanto, ainda não é certo que haja uma quarta temporada dinamarquesa. É esperar.

“Borgen”, RTP2, segunda a sexta às 22h00.