A seleção nacional está pela sexta vez numa grande competição internacional e já conquistou um lugar entre as 12 melhores da Europa. A partir de agora o objetivo é garantir o apuramento para os torneios pré-olímpicos que podem levar às olimpíadas Paris 2024.
Portugal fica no grupo II da ronda principal e vai defrontar equipas bastante mais fortes como a Suécia, atual campeã europeia, Eslovénia e Noruega ou Ilhas Faroé. A missão de chegar às meias-finais é difícil, mas não impossível, os Heróis do Mar já mostraram a sua qualidade ao vencerem as melhores seleções do mundo em outras competições. Portugal vai reencontrar a Suécia, a quem já ganhou uma vez e perdeu outra, e os Países Baixos, com quem perdeu no único jogo realizado.
O último jogo da ronda preliminar contra a tricampeã do mundo Dinamarca (realizou-se à hora de fecho desta edição) pode dar uma ideia mais precisa daquilo que a equipa portuguesa pode fazer perante as melhores do mundo. É uma partida onde a seleção vai jogar para ganhar e sem a pressão de necessitar de pontuar para se qualificar. O histórico é claramente favorável aos nórdicos, que venceram os cinco jogos disputados, mas Portugal quer passar em primeiro do grupo e começar a ronda principal com os dois pontos dessa eventual vitória.
Vitórias claras
Portugal começou o Europeu da melhor forma com um triunfo folgado sobre a Grécia (31-24). A equipa helénica fazia a sua estreia em grandes competições internacionais e não teve qualquer hipótese perante os Heróis do Mar, que têm maior experiência e jogadores de nível mundial, como é o caso de Kiko Costa, o melhor marcador na partida, com seis golos. No segundo jogo Portugal derrotou (30-27) a República Checa. Era o jogo do tudo ou nada, pois quem vencesse garantia a passagem à ronda principal. O histórico de jogos entre as duas seleções era favorável aos checos, que venceram seis jogos contra cinco dos portugueses. As contas ficaram agora saldadas, e isso garantiu o apuramento para a segunda fase do torneio. Portugal entrou muito forte e esteve sempre na frente do marcador, ao intervalo tinha já seis golos de vantagem. Martim Costa esteve brilhante ao marcar 11 golos em 16 remates e foi, naturalmente, eleito o melhor em campo, e o guarda-redes Diogo Rêma foi exímio a defender livres de sete metros, defendeu quatro em quatro!
O selecionador nacional Paulo Pereira estava satisfeito, naturalmente, com a exibição da equipa portuguesa: “Decidimos jogar andebol a sério. A equipa fez tudo para ganhar o jogo desde o primeiro minuto. Mostrámos que somos superiores e que podemos fazer coisas muito boas neste Europeu. Estamos muito satisfeitos por seguir para a main round. Agora temos a Dinamarca que é uma equipa incrível, mas nós vamos preparar o jogo da mesma forma que os outros para conseguir a vitória e ir com pontos para a fase seguinte”, afirmou. O selecionador fez depois uma análise ao desempenho da equipa. “Com as ausências de alguns jogadores-chave tivemos de adaptar e trabalhar um sistema defensivo que se mostrou eficaz. O Diogo Rêma fez uma grande exibição e a defesa também ajudou imenso, e o Martim Costa foi fantástico, sempre confiei nele. Não teve um primeiro jogo bem-sucedido, mas eu conto com ele”, disse.
As estatísticas dos dois primeiros jogos confirmam as boas performances de Portugal neste Europeu. É das equipas mais rematadoras (94 remates), com melhor taxa de concretização (64,9%) e tem o sétimo melhor ataque (61 golos). As duas melhores equipas nestes aspetos são a Suécia e Países Baixos, os nossos próximos adversários. Portugal está entre as quatro seleções com maior eficácia de passe, acertou 1.572 passes em 1.557, ou seja, tem um taxa de aproveitamento de 99%. A seleção tem o terceiro melhor registo defensivo, dos 75 remates feito à baliza portuguesa, 26 foram defendidos. Além disso, é das poucas seleções que converteu todos os livres de sete metros (7/7), mas é também das que tem mais jogadores castigados com expulsão de dois minutos (9).
Novas dificuldades
A ronda preliminar com 24 seleções está a terminar e as duas primeiras dos seis grupos passam à ronda principal, que tem dois grupos de seis seleções, as três primeiras de cada grupo passam às eliminatórias até à final, que se realiza a 28 de janeiro.
Este Europeu já teve algumas surpresas. A Croácia venceu de forma clara a Espanha (39-29), um tropeção que deixou os espanhóis sem margem de erro, e as Ilhas Faroé empataram com a favorita Noruega (26-26). As Ilhas Faroé surpreenderam também pelo forte apoio que tiveram no primeiro jogo, onde estiveram cerca de 5.000 pessoas, ou seja, 10% da população do arquipélago situado no Atlântico Norte, entre a Islândia e a Escócia, esteve presente em Berlim. A campeã olímpica França empatou (26-26) com a Suíça e adiou o apuramento para a última jornada frente à Alemanha, que joga em casa, partida difícil para os gauleses.
O espanhol Gómez Abelló e o alemão Juri Knorr são até ao momento os melhores marcadores do torneio com 16 golos e o sérvio Bogdan Radivojevic foi autor do remate mais rápido a 129,4 km/h!. Joaquim Nazaré tem o quinto remate mais potente com uma velocidade de 127,8 km/h. O Europeu da Alemanha registou um novo recorde de espetadores. Nas bancadas da Dusseldorf Merkur Spiel-Arena assistiram ao jogo Alemanha-Suíça 53.586 pessoas, isso só foi possível porque o estádio onde joga o Fortuna Dusseldorf foi transformado num recinto do andebol.Esta competição serve também de apuramento para os Jogos Olímpicos de verão, que se realizam em Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto. O campeão europeu tem entrada direta no torneio, onde vão estar as 12 melhores seleções do mundo. Além dos países já apurados – a anfitriã França e a campeã mundial Dinamarca – as outras vagas vão ser atribuir nos torneios pré-olímpicos, que se realizam em março. Para poder estar presente em Paris, Portugal tem de alcançar a melhor classificação possível na ronda principal e conseguir um lugar no torneio pré-olímpico e, posteriormente, melhorar o sexto lugar obtido no Europeu de 2020.