O novo governo de Espanha, apresentado esta segunda-feira, tem 22 ministros, incluindo 12 mulheres, e exclui o partido Podemos, que na anterior legislatura fazia parte da coligação de esquerda que formava o executivo liderado por Pedro Sánchez.
Sanchéz, reconduzido no cargo na semana passada pelo parlamento, preside agora a uma coligação formada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e pela Somar, uma plataforma de esquerda liderada pela ministra do Trabalho e uma das vice-presidentes do executivo, Yolanda Díaz, que mantém nas mesmas funções da legislatura anterior.
O novo Governo espanhol tem 22 ministros, além do próprio Sánchez, e 13 são caras que já estavam no executivo anterior, mantendo-se os mesmos nomes nas pastas da Defesa, Negócios Estrangeiros, Administração Interna, Economia, Finanças ou Trabalho.
Pedro Sánchez vai ter nesta legislatura quatro vice-presidentes, todas mulheres (as ministras da Economia, Trabalho, Transição Ecológica e Finanças) e criou um novo Ministério da Habitação.O chefe do Governo foi buscar nomes com experiência na administração municipal e autonómica,.
Numa declaração na qual apresentou o novo governo, o líder do PSOE defendeu que um dos desafios na nova legislatura está relacionado com “a diversidade territorial” de Espanha, afirmando que se trata de “um fator decisivo que vai ser determinante nesta legislatura marcada pelo diálogo como método e condição necessária para forjar acordos”.
Sánchez disse ainda que o novo Governo, além de ser de continuidade em matéria económica e de políticas sociais, vai “priorizar o diálogo e a negociação numa legislatura em que vai ser chave a coesão social e territorial de Espanha”.
PSOE e Somar não têm maioria absoluta no parlamento espanhol e o novo executivo foi viabilizado na semana passaao por mais seis partidos nacionalistas e independentistas das Canárias, Catalunha, Galiza e País Basco. A aprovação de leis no parlamento terá de passar também por negociações com estas formações.
Sánchez disse esta segunda-feira que a nova equipa de governo, saído das eleições de 23 de julho, tem “alto perfil político para uma legislatura de alto perfil político”, com pessoas “capazes de gerir, mas também chegar a acordos e explicá-los publicamente” e de “dar estabilidade ao país nos próximos quatro anos”.
A Somar, que no novo governo espanhol ficou com cinco ministérios, sucedeu este ano à plataforma de esquerda e extrema-esquerda Unidas Podemos, que esteve na coligação da legislatura passada e era liderada pelo Podemos.
O Podemos foi absorvido pelo Somar, elegeu cinco deputados dentro das listas da nova plataforma de esquerda, mas ficou agora sem qualquer ministério, depois de meses de confronto e rutura pública com Yolanda Díaz.
Depois de conhecida a composição do novo Governo, dois porta-vozes do Podemos disseram que o partido “foi expulso” do Conselho de Ministros por Pedro Sánchez e Yolanda Díaz e que “ganhou a ala mais conservadora” do executivo.
Os dois porta-vozes falaram em “reforçar a autonomia política do Podemos” a partir de agora, mas sem esclarecerem se os deputados do partido vão sair do grupo parlamentar do Somar, num parlamento dividido em dois blocos em que uma diferença de cinco votos pode impedir a aprovação de leis.
O Podemos, fundado por Pablo Iglesias, é um dos partidos que em 2015 acabou com o bipartidarismo do PSOE e do Partido Popular (PP, direita), quando elegeu 42 deputados e chegou a rivalizar com os socialistas no tamanho da bancada parlamentar.