Maria Corina Machado venceu as eleições primárias da oposição na Venezuela e irá defrontar Nicolás Maduro nas presidenciais de 2024.
De acordo com o mais recente boletim da Comissão Nacional das Primárias (CNP), divulgado esta quarta-feira, a antiga deputada, tida como favorita nas primárias da oposição, obteve mais de 2,25 milhões de votos. A CNP disse que contabilizou mais de 2,4 milhões de pessoas que participaram nas primárias, incluindo quase 133 mil fora da Venezuela.
Depois de conhecidos os primeiros resultados, a presidência da Venezuela acusou a oposição de “inflacionar os números” de participação e garantiu que, segundo os seus próprios cálculos, que foram “verificados e confirmados”, cerca de 600 mil pessoas votaram nas primárias. A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pelo governo, afirmou na terça-feira que as primárias foram uma “grande fraude”, repetindo as palavras do atual Presidente Nicolás Maduro.
Em conferência de imprensa, Maria Corina Machado minimizou as acusações e disse ter recebido “um mandato inequívoco” no processo de “construção” do percurso presidencial para 2024. “Nós, venezuelanos, demonstrámos um profundo amor pela democracia e um grande compromisso com o futuro do nosso país”, disse a engenheira industrial .
“Os números projetados hoje [terça-feira], devo admitir, excedem em muito as nossas melhores estimativas, chegando mesmo a duplicá-las”, acrescentou Machado, de 56 anos.
No sábado, à agência Lusa, Maria Corina Machado, apelido que herdou “de uma família de Portugal, com já vários séculos na Venezuela”, elogiou o exemplo de ética, trabalho e generosidade dos luso-venezuelanos no país.
A 30 de junho, o fiscalizador das finanças das instituições públicas da Venezuela, a CGR, anunciou que a antiga deputada está impedida de exercer cargos públicos por um período de 15 anos. A decisão foi divulgada depois de Machado formalizar a sua candidatura às primárias da oposição.
A CGR explicou que foi feita uma auditoria patrimonial e concluído que, ao abrigo da Lei Contra a Corrupção, Machado teria incorrido em omissão nas declarações de 50% dos fundos que administrou em vários bancos nacionais em bolívares e em moeda estrangeira.
Machado disse na altura que a decisão da CGR tinha motivações políticas.