Bomba atómica, uma garantia de paz – até quando?


Apesar de esse receio ter pairado sempre como uma pesada sombra durante a Guerra Fria, a bomba atómica tem-se revelado, ao longo dos seus 78 anos de vida, um poderoso inibidor de guerras de grande escala. Colocou um ponto final na Guerra no Pacífico – sacrificando Hiroxima e Nagasáqui, é certo, mas talvez com menos…


Exatamente dez dias depois do hediondo ataque do Hamas a Israel, a situação em Gaza, que já era dramática devido à falta de água, de comida e de medicamentos (para não falar dos constantes bombardeamentos), deverá passar para um novo patamar de horror com a ofensiva terrestre dos israelitas.

Para já, perfilam-se duas questões vitais neste conflito. A primeira é como vai correr essa ofensiva. Até que ponto o ataque de Israel será bem-sucedido? Como vimos no caso da Ucrânia, nenhuma ocupação terrestre são favas contadas. A segunda questão, talvez ainda mais importante, será se entram ou não novos protagonistas no conflito. Notícias de ontem davam conta de que o Irão pode declarar guerra a Israel – o que significaria uma nova linha vermelha atravessada. Quantos mais países envolvidos, mais provável é que a situação fique fora de controlo e se alastre a outras regiões.

E aqui entra uma nova variável, da qual não se tem falado muito: se o Estado de Israel tem sobrevivido estes anos todos, é muito graças a ser uma potência atómica.

“Tendo em conta a forte possibilidade de, nos próximos cinco anos, uma explosão nos reduzir a cacos, a bomba atómica não tem sido objeto de discussão tanto quanto seria de prever”, começava o famoso ensaio ‘Nós e a bomba atómica’, que George Orwell escreveu em 1945.

O facto é que nenhuma explosão reduziu o mundo a cacos nem nos cinco anos, nem nas décadas seguintes.

Apesar de esse receio ter pairado sempre como uma pesada sombra durante a Guerra Fria, a bomba atómica tem-se revelado, ao longo dos seus 78 anos de vida, um poderoso inibidor de guerras de grande escala. Colocou um ponto final na Guerra no Pacífico – sacrificando Hiroxima e Nagasáqui, é certo, mas talvez com menos mortos do que faria uma guerra convencional – e desde então não mais foi usada. Felizmente.

Mas o fantasma da bomba atómica foi ressuscitado com a invasão da Ucrânia e agora parece ganhar densidade com o conflito no Médio Oriente. Até aqui, esta arma mortífera tem funcionado como um excelente dissuasor, quase uma garantia de paz. Mas até quando? O_mundo está cheio de líderes sem escrúpulos. Quanto mais a situação se complicar ­– e ela vai complicar-se – maior será a tentação de usá-la.

Bomba atómica, uma garantia de paz – até quando?


Apesar de esse receio ter pairado sempre como uma pesada sombra durante a Guerra Fria, a bomba atómica tem-se revelado, ao longo dos seus 78 anos de vida, um poderoso inibidor de guerras de grande escala. Colocou um ponto final na Guerra no Pacífico – sacrificando Hiroxima e Nagasáqui, é certo, mas talvez com menos…


Exatamente dez dias depois do hediondo ataque do Hamas a Israel, a situação em Gaza, que já era dramática devido à falta de água, de comida e de medicamentos (para não falar dos constantes bombardeamentos), deverá passar para um novo patamar de horror com a ofensiva terrestre dos israelitas.

Para já, perfilam-se duas questões vitais neste conflito. A primeira é como vai correr essa ofensiva. Até que ponto o ataque de Israel será bem-sucedido? Como vimos no caso da Ucrânia, nenhuma ocupação terrestre são favas contadas. A segunda questão, talvez ainda mais importante, será se entram ou não novos protagonistas no conflito. Notícias de ontem davam conta de que o Irão pode declarar guerra a Israel – o que significaria uma nova linha vermelha atravessada. Quantos mais países envolvidos, mais provável é que a situação fique fora de controlo e se alastre a outras regiões.

E aqui entra uma nova variável, da qual não se tem falado muito: se o Estado de Israel tem sobrevivido estes anos todos, é muito graças a ser uma potência atómica.

“Tendo em conta a forte possibilidade de, nos próximos cinco anos, uma explosão nos reduzir a cacos, a bomba atómica não tem sido objeto de discussão tanto quanto seria de prever”, começava o famoso ensaio ‘Nós e a bomba atómica’, que George Orwell escreveu em 1945.

O facto é que nenhuma explosão reduziu o mundo a cacos nem nos cinco anos, nem nas décadas seguintes.

Apesar de esse receio ter pairado sempre como uma pesada sombra durante a Guerra Fria, a bomba atómica tem-se revelado, ao longo dos seus 78 anos de vida, um poderoso inibidor de guerras de grande escala. Colocou um ponto final na Guerra no Pacífico – sacrificando Hiroxima e Nagasáqui, é certo, mas talvez com menos mortos do que faria uma guerra convencional – e desde então não mais foi usada. Felizmente.

Mas o fantasma da bomba atómica foi ressuscitado com a invasão da Ucrânia e agora parece ganhar densidade com o conflito no Médio Oriente. Até aqui, esta arma mortífera tem funcionado como um excelente dissuasor, quase uma garantia de paz. Mas até quando? O_mundo está cheio de líderes sem escrúpulos. Quanto mais a situação se complicar ­– e ela vai complicar-se – maior será a tentação de usá-la.