Os gastos com a JMJ são dinheiro deitado à rua?


O dinheiro investido na JMJ podia ser gasto de outra forma? Claro que podia. Mas a mim preocupava-me mais se Portugal mostrasse incapacidade para acolher um grande evento desta natureza ou deixasse uma imagem de impreparação e desorganização.


A sucessão de ajustes diretos de última hora relativos à JMJ dá ideia de uma certa dose de improvisação na organização deste mega-evento.

De resto, tem-se falado muito de quanto vai custar a JMJ – creio que o investimento total até aqui rondará os 40 milhões de euros – e há quem queira vender a ideia de que é dinheiro deitado à rua. Ora, além das infraestruturas ou melhoramentos que vão ficar, haverá certamente um grande retorno económico. Não é preciso ser um génio da matemática para perceber que, mesmo se a maioria dos peregrinos não são propriamente ricaços, um milhão ou um milhão e meio de pessoas a viver aqui durante vários dias alguma despesa sempre hão de fazer. Além disso, há toda a projeção e publicidade ao país – que vive muito do turismo – como destino na cena internacional. A JMJ vai ser uma enorme montra para Lisboa. Isto para não falar da dimensão humana e espiritual, por razões óbvias não quantificável.

Mas em Portugal, já se sabe, é muito mais prudente ficar quieto – como aquele servo da parábola que foi enterrar a moeda que o senhor lhe deixou, com receio de a perder. Pelo contrário, quem arrisca fazer alguma coisa sabe que as críticas não tardarão.

Entre as críticas à JMJ destacou-se nos últimos dias a intervenção do artista Bordalo II, que criou e colocou na escada do altar-palco uma passadeira feita com notas de 500 euros. Se a ideia é original, impactante e provocatória, já a explicação do artista deixa algo a desejar. Primeiro, disse que era um comentário à direção dos investimentos do Governo. Ora, a JMJ é um acontecimento intrinsecamente ligado à Igreja. Dizer que é o Governo, e não a Igreja, o alvo da intervenção é atirar-nos areia para os olhos. Bordalo II disse também que o dinheiro podia ser mais bem gasto em saúde, educação e habitação. Isso valeria para tudo. Nada de gastos supérfluos – e a única certeza é que uma política desse tipo levaria à estagnação, e provavelmente nem a saúde, nem a educação, nem a habitação progrediriam muito.

O dinheiro investido na JMJ podia ser gasto de outra forma? Claro que podia. Mas a mim preocupava-me mais se Portugal mostrasse incapacidade para acolher um grande evento desta natureza ou deixasse uma imagem de impreparação e desorganização. Ou, pior ainda, que com receio das críticas ou paralisados pelo medo de falhar, os responsáveis pura e simplesmente tivessem cruzado os braços e entregado a organização da JMJ a outro país qualquer.

Os gastos com a JMJ são dinheiro deitado à rua?


O dinheiro investido na JMJ podia ser gasto de outra forma? Claro que podia. Mas a mim preocupava-me mais se Portugal mostrasse incapacidade para acolher um grande evento desta natureza ou deixasse uma imagem de impreparação e desorganização.


A sucessão de ajustes diretos de última hora relativos à JMJ dá ideia de uma certa dose de improvisação na organização deste mega-evento.

De resto, tem-se falado muito de quanto vai custar a JMJ – creio que o investimento total até aqui rondará os 40 milhões de euros – e há quem queira vender a ideia de que é dinheiro deitado à rua. Ora, além das infraestruturas ou melhoramentos que vão ficar, haverá certamente um grande retorno económico. Não é preciso ser um génio da matemática para perceber que, mesmo se a maioria dos peregrinos não são propriamente ricaços, um milhão ou um milhão e meio de pessoas a viver aqui durante vários dias alguma despesa sempre hão de fazer. Além disso, há toda a projeção e publicidade ao país – que vive muito do turismo – como destino na cena internacional. A JMJ vai ser uma enorme montra para Lisboa. Isto para não falar da dimensão humana e espiritual, por razões óbvias não quantificável.

Mas em Portugal, já se sabe, é muito mais prudente ficar quieto – como aquele servo da parábola que foi enterrar a moeda que o senhor lhe deixou, com receio de a perder. Pelo contrário, quem arrisca fazer alguma coisa sabe que as críticas não tardarão.

Entre as críticas à JMJ destacou-se nos últimos dias a intervenção do artista Bordalo II, que criou e colocou na escada do altar-palco uma passadeira feita com notas de 500 euros. Se a ideia é original, impactante e provocatória, já a explicação do artista deixa algo a desejar. Primeiro, disse que era um comentário à direção dos investimentos do Governo. Ora, a JMJ é um acontecimento intrinsecamente ligado à Igreja. Dizer que é o Governo, e não a Igreja, o alvo da intervenção é atirar-nos areia para os olhos. Bordalo II disse também que o dinheiro podia ser mais bem gasto em saúde, educação e habitação. Isso valeria para tudo. Nada de gastos supérfluos – e a única certeza é que uma política desse tipo levaria à estagnação, e provavelmente nem a saúde, nem a educação, nem a habitação progrediriam muito.

O dinheiro investido na JMJ podia ser gasto de outra forma? Claro que podia. Mas a mim preocupava-me mais se Portugal mostrasse incapacidade para acolher um grande evento desta natureza ou deixasse uma imagem de impreparação e desorganização. Ou, pior ainda, que com receio das críticas ou paralisados pelo medo de falhar, os responsáveis pura e simplesmente tivessem cruzado os braços e entregado a organização da JMJ a outro país qualquer.