No próximo domingo, dia 17 de setembro, festejar-se-á, uma vez mais, o dia internacional do microrganismo (IMD) em Portugal, país onde este nasceu em 2017. O IMD será também festejado pelo mundo, já que se estabeleceu como uma plataforma mundial para a divulgação e celebração da microbiologia e seus atores: os microrganismos e os microbiólogos. Nasceu da iniciativa de um grupo de microbiólogos e associações nacionais relacionadas com as ciências da vida e a divulgação de ciência com o objetivo de evidenciar a importância que uma multidão invisível e muitíssimo diversa de seres vivos tem no nosso dia a dia e num vasto leque de atividades profissionais e oportunidades de carreira. Atualmente, as celebrações em torno deste Dia decorrem pelo mundo de uma forma descentralizada, com a coesão e a identidade que lhes são atribuídas pelo logótipo, as mascotes e ilustrações várias, criadas e produzidas originalmente em Portugal, a par do seu website [1]. São a sua imagem identificadora e unificadora que rompe fronteiras. A bem-sucedida internacionalização do IMD foi promovida pela Sociedade Portuguesa de Microbiologia (SPM), com o apoio de prestigiadas sociedades científicas internacionais, com destaque para a FEMS (Federação Europeia das Sociedades de Microbiologia). No entanto, o desenvolvimento, continuado e sustentável, do IMD resulta, sem dúvida, da compreensão, por parte da comunidade associada à microbiologia, da necessidade de os microrganismos terem um dia a eles dedicado, durante o qual recebem todas as atenções a nível mundial. A consciencialização de todos, principalmente dos mais jovens, sobre o papel dos microrganismos nas nossas vidas facilitará a tomada de decisões, políticas e individuais, mais adequadas, com base em escolhas informadas.
Neste momento, não é mais possível ignorar as catastróficas consequências que a atividade humana tem tido nas comunidades ecológicas e seu impacto no delicado equilíbrio do mundo microbiano. Tal compromete funções essenciais dos microrganismos para a sustentabilidade de uma vida saudável no planeta. No entanto, continua a não ser prestada a devida atenção às consequências que o impacto da atividade humana tem sobre as espécies microbianas, pois este tem vindo a exercer-se, de forma silenciosa e fora do radar da maioria dos cientistas, políticos, e do público em geral. Não fossem os microrganismos invisíveis a olho nu! Contudo, esses efeitos nefastos não podem ser subestimados. Em plena crise climática, faz, pois, todo o sentido que as atividades em torno do Dia Internacional do Microrganismo possam servir de alerta para a urgência de preservar a diversidade microbiana global e, por consequência, a vida saudável no nosso planeta.
No âmbito das comemorações do IMD, a Academia das Ciências de Lisboa (ACL), através do seu Instituto de Altos Estudos e em colaboração com a SPM, organiza, no dia 18 de setembro, uma tarde de divulgação da Microbiologia. Este colóquio, subordinado ao tema “A vida no nosso planeta depende dos microrganismos”, decorrerá nas instalações da ACL e na plataforma Zoom, [2]. O programa inclui palestras em língua portuguesa sobre a saúde do planeta e o bem-estar humano e alerta para o papel dos microrganismos numa Agricultura mais sustentável, na saúde dos Oceanos, na biodeterioração do Património Cultural, nas Doenças Infeciosas, em particular neste cenário desafiador de alterações do clima. O Presidente da IUMS (União Internacional das Sociedades de Microbiologia) fará a palestra de encerramento (em inglês) que será um alerta e um apelo à ação no desenvolvimento de soluções sustentáveis para controlar agentes infeciosos, preservando a diversidade microbiana global e a vida saudável do planeta, ameaçadas pela atividade humana e as alterações ambientais: “Salvem os micróbios para salvar o planeta”. Já no ano passado o Dia Internacional do Microrganismo também foi celebrado na ACL através do colóquio “Microrganismos e Desenvolvimento Sustentável”, ao qual é possível assistir no YouTube da ACL [3].
O Instituto Superior Técnico, que foi desde o início um parceiro entusiasta da SPM na organização do IMD, junta-se, de novo, às festividades. No sábado, dia 16 de setembro, oferece um programa de atividades dedicadas a jovens “microbiólogos” e, tal como em edições anteriores, uma formação em microbiologia (competências laboratoriais em microbiologia e bioinformática) para professores do ensino secundário [4]. As atividades planeadas em todo o País são publicitadas pela SPM no seu website [5] e o programa internacional encontra-se no website do IMD [1]. E é impressionante o elevado número e a diversidade de países, de vários continentes, envolvidos! A informação sobre o IMD é partilhada, nas redes sociais, marcando o IMD (@IntMicroDay) e usando a hashtag #InternationalMicroorganismDay. Não deixe de divulgar e de usufruir das atividades que mais lhe possam agradar. Não deixe de comemorar o Dia Internacional do Microrganismo.
[1] https://www.internationalmicroorganismday.org/imd-events-2023
[2] https://www.acad-ciencias.pt/events/a-vida-no-nosso-planeta-depende-dos-microrganismos/
[3]https://www.youtube.com/watch?v=4nFPU30uo3g&t=2251s
[4] https://diainternacionaldomicrorganismo.tecnico.ulisboa.pt
[5]https://spmicrobiologia.wordpress.com/2023/08/01/imd2023-eventos-nacionais-em-atualizacao/
Professora Catedrática Emérita do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa; Academia das Ciências de Lisboa; Ex-Presidente da Sociedade Portuguesa de Microbiologia (2009-2020)