O desconforto dos docentes do secundário


Ser obrigado a trabalhar fora do contexto do lar familiar, do conforto, do amor e da amizade, que tal situação traduz, é como privar um ser Humano de tudo o que faz falta.


É muito difícil falar sobre um assunto que não se conhece, por experiência própria, mas neste caso dos Docentes, com “casa às costas”, nem é muito difícil, sobre tudo, para quem cumpriu serviço militar em Portugal, ou fora do Continente. Ser obrigado a trabalhar fora do contexto do lar familiar, do conforto, do amor e da amizade, que tal situação traduz, é como privar um ser Humano de tudo o que faz falta, ou seja, os sentimentos, as rotinas da amizade, do amor, do carinho, da camaradagem, e da certeza de que só vale a pena trabalhar com dedicação e total empenho, em troca de alguma felicidade, caso contrário, por vezes, é melhor reconsiderar e rever toda a origem da fonte do infortúnio, para parar com esse sofrimento, quiçá com a depressão, a instabilidade e a sensação de abandono a que se foi votado.

Este é, a nosso ver, o mais grave, e doloroso problema a que estão sujeitos os professores com “a casa às costas”. A diferença entre quem tem que decidir e quem tem que avaliar uma situação, é que a decisão tem várias implicações, algumas muito complexas, enquanto que a avaliação não é dolorosa, já que não nos toca pessoalmente. Votar uma pessoa a viver só, sem apoio familiar e a ter que colocar todo o seu empenho no trabalho a desenvolver, é como exigir a alguém que congele todos os seus sentimentos e deixe de ser Humano para passar a ser um ser frio e desprovido de sensibilidade, com uma personalidade incompatível com a missão de um professor, ou seja, um condutor, um amigo mais experiente, pronto a ajudar, a sugerir, a orientar, e por fim a levar “a carta a Garcia”. Este é talvez, na óptica sociológica o problema mais difícil de resolver para todos aqueles que estão, de boa-fé, empenhados em ajudar a resolver este drama, que de facto condiciona todo o Ensino Secundário.

A Regionalização é importante já que os dirigentes devem avaliar, “in loco”, o que se passa, para poderem actuar com maior eficácia e, por outro lado, é bom que sintam, na própria pele, todo o drama dos Docentes com “a casa às costas”, desprovidos de quase tudo o que é Humano, para se depararem com a solidão, o isolamento do mundo dos amigos e, sobre tudo, da família e do seu amor. Seria pois interessante ver uma equipa do Ministério da Educação, viajar pelo pais, permanecendo semanas em regiões do Interior e do Litoral, não só para se inteirarem dos problema que afligem os professores “casa às costas”, mas também para sentirem parte do que eles sentem e compreenderem que alguma coisa tem que mudar, no interesse do Ensino, da sua eficácia, e de algum conforto para o docentes, que levam uma vida de “saltimbancos”. Era de facto uma experiência sociológica interessante e, acreditamos, com resultados positivos para o Ensino e para o País no seu todo, que ficaria mais coeso, mais integrado na cultura portuguesa no que diz respeito aos usos, costumes e tradições das várias regiões do país.

Uma das características dos Governantes, deve ser, sem dúvida, a inovação e a coragem para actuar, com boa–fé, com o objectivo de através da experiência viva, compreenderem e sentirem aquilo que os outros sentem, e de que se queixam, sem que ninguém, até agora, se incomode muito com tal estado de coisas. Veremos se a vinda do Pápa a Portugal provocará algum milagre.

 

Sociólogo

O desconforto dos docentes do secundário


Ser obrigado a trabalhar fora do contexto do lar familiar, do conforto, do amor e da amizade, que tal situação traduz, é como privar um ser Humano de tudo o que faz falta.


É muito difícil falar sobre um assunto que não se conhece, por experiência própria, mas neste caso dos Docentes, com “casa às costas”, nem é muito difícil, sobre tudo, para quem cumpriu serviço militar em Portugal, ou fora do Continente. Ser obrigado a trabalhar fora do contexto do lar familiar, do conforto, do amor e da amizade, que tal situação traduz, é como privar um ser Humano de tudo o que faz falta, ou seja, os sentimentos, as rotinas da amizade, do amor, do carinho, da camaradagem, e da certeza de que só vale a pena trabalhar com dedicação e total empenho, em troca de alguma felicidade, caso contrário, por vezes, é melhor reconsiderar e rever toda a origem da fonte do infortúnio, para parar com esse sofrimento, quiçá com a depressão, a instabilidade e a sensação de abandono a que se foi votado.

Este é, a nosso ver, o mais grave, e doloroso problema a que estão sujeitos os professores com “a casa às costas”. A diferença entre quem tem que decidir e quem tem que avaliar uma situação, é que a decisão tem várias implicações, algumas muito complexas, enquanto que a avaliação não é dolorosa, já que não nos toca pessoalmente. Votar uma pessoa a viver só, sem apoio familiar e a ter que colocar todo o seu empenho no trabalho a desenvolver, é como exigir a alguém que congele todos os seus sentimentos e deixe de ser Humano para passar a ser um ser frio e desprovido de sensibilidade, com uma personalidade incompatível com a missão de um professor, ou seja, um condutor, um amigo mais experiente, pronto a ajudar, a sugerir, a orientar, e por fim a levar “a carta a Garcia”. Este é talvez, na óptica sociológica o problema mais difícil de resolver para todos aqueles que estão, de boa-fé, empenhados em ajudar a resolver este drama, que de facto condiciona todo o Ensino Secundário.

A Regionalização é importante já que os dirigentes devem avaliar, “in loco”, o que se passa, para poderem actuar com maior eficácia e, por outro lado, é bom que sintam, na própria pele, todo o drama dos Docentes com “a casa às costas”, desprovidos de quase tudo o que é Humano, para se depararem com a solidão, o isolamento do mundo dos amigos e, sobre tudo, da família e do seu amor. Seria pois interessante ver uma equipa do Ministério da Educação, viajar pelo pais, permanecendo semanas em regiões do Interior e do Litoral, não só para se inteirarem dos problema que afligem os professores “casa às costas”, mas também para sentirem parte do que eles sentem e compreenderem que alguma coisa tem que mudar, no interesse do Ensino, da sua eficácia, e de algum conforto para o docentes, que levam uma vida de “saltimbancos”. Era de facto uma experiência sociológica interessante e, acreditamos, com resultados positivos para o Ensino e para o País no seu todo, que ficaria mais coeso, mais integrado na cultura portuguesa no que diz respeito aos usos, costumes e tradições das várias regiões do país.

Uma das características dos Governantes, deve ser, sem dúvida, a inovação e a coragem para actuar, com boa–fé, com o objectivo de através da experiência viva, compreenderem e sentirem aquilo que os outros sentem, e de que se queixam, sem que ninguém, até agora, se incomode muito com tal estado de coisas. Veremos se a vinda do Pápa a Portugal provocará algum milagre.

 

Sociólogo