Homeland. O resgate da agente Carrie


Aspectos que podemos mencionar sem correr o risco de introduzir um certo efeito spoiler: Nicholas Brody morreu, mas Carrie Mathison, a miúda de lágrima fácil (um eufemismo, diriam algumas vozes estafadas das suas usuais expressões faciais) até se está a sentir relativamente bem. Entretanto foi mãe, e já se sabe que nem a boa nova…


Aspectos que podemos mencionar sem correr o risco de introduzir um certo efeito spoiler: Nicholas Brody morreu, mas Carrie Mathison, a miúda de lágrima fácil (um eufemismo, diriam algumas vozes estafadas das suas usuais expressões faciais) até se está a sentir relativamente bem. Entretanto foi mãe, e já se sabe que nem a boa nova de um nado vivo aplaca a escalada de terror por esse mundo fora. Daí que “Homeland – Segurança Nacional” se mantenha como imperativo nas televisões nacionais e internacionais, apesar de podermos perguntar-nos se, depois de duas temporadas algo decepcionantes, temos ou não boas razões para nos sentarmos frente ao ecrã. Temos mais uma notícia que talvez lhe interesse: Jessica, a mulher de Brody, e a filha Dana, para muitos espectadores uma das mais irritantes personagens dos últimos tempos, ficam de fora.

A quarta temporada da série com a chancela da Showtime arranca amanhã nos EUA – chega a Portugal na próxima quinta-feira – com a agente ao serviço da CIA interpretada por Clare Daines de volta à casa de partida. “Vamos vê-la pela primeira vez a desempenhar as funções para que foi treinada, a resolver casos a partir de uma capital estrangeira”, avançou Alex Gansa, um dos autores e produtores executivos, à “Entertainment Weekly”. É caso para nos ocorrer desde logo uma eventualidade, equacionada pelo crítico de televisão Brian Lowry na “Variety”. “Incluirá aquele tipo de situações não intencionais que poderão exacerbar as relações entre os Estados Unidos e o mundo árabe.”

Durante as duas horas reservadas ao episódio de estreia, “The Drone Queen”, os fãs conhecem a nova vida de Carrie, embrenhada numa missão diferente das anteriores, passando a sua base de trabalho por destinos como Cabul e Islamabad. A sinopse adianta ainda que os espectadores poderão contar com uma boa dose de acção, e que Carrie se verá a braços com uma “decisão crítica”.

Como esperado, a gestão de tensões não se estenderá apenas ao foro laboral. Depois do romance com Brody, a agente da CIA ver-se-á envolvida noutros casos com quanto baste de picante, da mesma forma que Peter Quinn (Rupert Friend) e Saul Berenson (Mandy Patinkin) terão assuntos pessoais pendentes.

Para efeito promocional, a cadeia televisiva divulgou alguns fotos no seu site que levantam um pouco mais o véu sobre os conteúdos. Se uma das imagens revela Carrie a celebrar com a sua equipa, outra mostra Mathison a dar o duro no trabalho. Na quarta temporada da série, falta falar de outros nomes que se juntam ao elenco, entre estreantes e personagens que transitam da saga mais recente. Um deles é o de Tracy Letts, que dá vida a Andrew Lockhart. Actor e argumentista, Letts, que inclui no currículo um Tony pela prestação em palco em “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, assume as despesas de director da CIA. O grupo que perfaz o núcleo duro de actores não fica completo sem a iraniana Nazanin Boniadi, ou a analista perFara Sherazi, e sem Laila Robins, que na pele de Martha Boyd será a embaixadora americana na República do Paquistão. A este leque junta-se Suraj Sharma, que figurou em “A Vida de Pi” (de Ang Lee), e que aqui será Aayan Ibrahim, um estudante de Medicina paquistanês. Falta ainda falar da indiana Nimrat Kaur, que depois do sucesso de “A Lancheira”, filme apresentado em 2013 no Festival de Cinema de Cannes fará as vezes de Tasleem Qureshi, um dos elementos dos serviços de informação paquistaneses.

No teaser que a Showtime fez correr no YouTube assistimos ainda a uma longa conversa entre a agente Carrie e Quinn, mais um aperitivo do que poderá ser visto no primeiro dos 12 episódios da série levemente inspirada num formato televisivo israelita, “Prisioneiro de Guerra”. Frente a um novo “Homeland” parece querer mostrar o seu aspecto uma vez refrescados os destinos do enredo. Falta saber, como lembra Brian Lowry, que por enquanto não espera mais que um regresso tépido, se esta continuará a ser uma das séries de eleição do presidente dos EUA. “Dada a política corrente de Obama no Médio Oriente, continuará tão enamorado do enredo como no começo?” Se Carrie se contiver mais, já não está tudo perdido.