Resoluções sem resolução


Marcelo já quis erradicar os sem-abrigo em 2023, Costa já enunciou muitas metas não atingidas nos serviços públicos, rapidamente mitigadas com narrativas alternativa, e andamos assim: de resolução em resolução sem solução.


Todos nós aproveitamos o ensejo de um novo ano para refletir ou verbalizar intenções pessoais, comunitárias, nacionais e internacionais, que, muitas vezes, vão muito além das nossas esferas de liberdade e de intervenção cívica e política. Ano após ano, o acervo de resoluções sem resolução vai crescendo, persistindo os protagonistas da vida pública num reiterar de compromissos com que antes se tinham comprometido, a geração de novas ambições com velhas prioridades não cumpridas e num esforço de modelação dos humores populares para sucessivas degradações das realidades e das perspetivas. Marcelo já quis erradicar os sem-abrigo em 2023, Costa já enunciou muitas metas não atingidas nos serviços públicos, rapidamente mitigadas com narrativas alternativa, e andamos assim: de resolução em resolução sem solução.

Por mim, já me contentava com estas dez resoluções para 2023, em Portugal, país cada vez mais configurado um quadro de mínimos para os cidadãos por oposição aos máximos ao dispor de alguns no exercício de funções públicas:

1. Não deixarás ninguém em situação de indigência sem gerar apoios para o imediato e criar oportunidades para sair do enleio da pobreza, da exclusão e da ignorância geradora de um marasmo cívico acéfalo;

2. Não permitirás a degradação de um quadro singular de estabilidade e potencial de ação, com maioria absoluta e recursos financeiros, para invocar o passado na justificação das incapacidades, incompetências e insuficiências presentes, por maior que seja a habilidade política, o vale tudo e a anestesia gerada pela redistribuição das arrecadações da carga fiscal e das disponibilidades do exercício governativo;

3. Não persistirás em deixar existir situações suscetíveis de minarem o sistema democrático e desmultiplicarem oportunidades de afirmação dos extremismos e dos que ambicionam sistemas sem seres livres e com personalidade para agir em função das circunstâncias e das ambições;

4. Não insistirás em construir narrativas e ações sem nexo com as realidades concretas dos serviços públicos essenciais e a vida das pessoas, quer vivam, estudem ou trabalhem nas imediações das bolhas de poder ou nas latitudes e longitudes longínquas do interior do país, das Ilhas ou da diáspora;

5. Não deixarás que o funcionamento do Estado, que o foco da organização dos serviços públicos, incida sobre si próprio, sobre os egos, as quintinhas e os interesses parciais, em detrimento do bem comum, dos contribuintes e dos que são a razão de ser da existência do Estado: as pessoas;

6. Não admitirás comportamentos partidários, políticos e públicos de responsáveis desprovidos de senso, de ética republicana, de moral, sendo implacável com os negócios subjacentes as opções sem racional, sem explicação e totalmente contraditórias com o interesse geral e as vivências sociais;

7. Não sobreporás preconceitos ideológicos, interesses parciais ou tacticismos, ao esforço integrado de construção de soluções para todos, em todo o território nacional, com noção do sentido de justiça, da proximidade, da importância das dinâmicas locais e do esforço de inversão das tendências negativas presentes na população e no território;

8. Não tentarás narrativas e atitudes que, a partir da legitimidade democrática alcançada, atentem contra a liberdade de expressão, os padrões civilizacionais e as dinâmicas de um Estado de Direito Democrático, pretendendo impor rótulos de “não assunto” ou virar páginas do debate público quando ainda persiste muito por esclarecer. A transparência e o escrutínio são exigências democráticas que, quando não são exercitadas de modo próprio pelos protagonistas, devem ser ativadas pelos cidadãos e pelos poderes de fiscalização. Na TAP, sorvendo o dinheiro dos contribuintes, a indemnização que gerou a crise na composição do governo é uma minudência. Ide investigar que haverá coisas para cima de um milhão e meio;

9. Tendo oportunidade para ter mais maturidade, músculo e competência na ação política, não desperdiçarás a oportunidade de impulsionar a capacidade de concretizar, de responder às necessidades efetivas e de mobilizar os setores vitais da sociedade para compromissos de legislatura, deixando de persistir na ausência de visão estratégica, na gestão no quotidiano e no enleio da burocracia que mantém uma insanável divergência entre o momento da necessidade, o tempo da decisão e a concretização.

10. Querendo, conseguirás separar o trigo do joio; libertar o Estado das amarras que o colocam disfuncional, demasiado ambicioso sem responder ao essencial; inverter as dinâmicas negativas da insustentabilidade demográfica, da atividade económica, da fuga das qualificações e da perceção de abandono e rebaldaria na gestão da coisa pública, com o Estado a ser promotor de injustiças e desigualdades que são típicas do funcionamento selvagem do mercado, apesar das grandes proclamações ideológicas, das narrativas alternativas e da conversa política.

Será pedir demais, que uma configuração de liderança partidária, de cultura governativa e de modelo de organização, num determinado tempo, pela degradação do ambiente e desbaratar de circunstâncias políticas e financeiras únicas, não coloque em risco não apenas os valores e a identidade de um partido, mas todo o sistema democrático e a confiança dos cidadãos nas instituições? No atual quadro e com os protagonistas vigentes está visto que sim. É poucochinho!

 

NOTAS FINAIS

O FIM DA LINHA DE COMPOSTAGEM PRESIDENCIAL E GOVERNATIVA DA AUTO EUROPA. A linha de compostagem política entre Marcelo e Costa arrematada na AutoEuropa com o apoio à recandidatura está em rota de desativação, com recados mútuos na praça pública, a partir de território nacional ou no exterior. Retocado o governo, o Presidente resolver acrescentar cláusulas ao caderno de encargos da ação governativa no caso de a prata, o lítio ou o hidrogénio verde da casa não funcionar.

 

EMBUSTES DA VIDA CONCRETA. SEGURO DE BILHETES DE ESPETÁCULOS. A facilidade com que te procuram impingir seguros para bilhetes de espetáculos é desproporcional com a emergência do engodo quando os ativas por impossibilidade de comparência. É assim com a Europ Assistance que trabalha com a Ticketline. Miserável, com letras grandes, não as escondidas.

 

Escreve à quarta-feira

Resoluções sem resolução


Marcelo já quis erradicar os sem-abrigo em 2023, Costa já enunciou muitas metas não atingidas nos serviços públicos, rapidamente mitigadas com narrativas alternativa, e andamos assim: de resolução em resolução sem solução.


Todos nós aproveitamos o ensejo de um novo ano para refletir ou verbalizar intenções pessoais, comunitárias, nacionais e internacionais, que, muitas vezes, vão muito além das nossas esferas de liberdade e de intervenção cívica e política. Ano após ano, o acervo de resoluções sem resolução vai crescendo, persistindo os protagonistas da vida pública num reiterar de compromissos com que antes se tinham comprometido, a geração de novas ambições com velhas prioridades não cumpridas e num esforço de modelação dos humores populares para sucessivas degradações das realidades e das perspetivas. Marcelo já quis erradicar os sem-abrigo em 2023, Costa já enunciou muitas metas não atingidas nos serviços públicos, rapidamente mitigadas com narrativas alternativa, e andamos assim: de resolução em resolução sem solução.

Por mim, já me contentava com estas dez resoluções para 2023, em Portugal, país cada vez mais configurado um quadro de mínimos para os cidadãos por oposição aos máximos ao dispor de alguns no exercício de funções públicas:

1. Não deixarás ninguém em situação de indigência sem gerar apoios para o imediato e criar oportunidades para sair do enleio da pobreza, da exclusão e da ignorância geradora de um marasmo cívico acéfalo;

2. Não permitirás a degradação de um quadro singular de estabilidade e potencial de ação, com maioria absoluta e recursos financeiros, para invocar o passado na justificação das incapacidades, incompetências e insuficiências presentes, por maior que seja a habilidade política, o vale tudo e a anestesia gerada pela redistribuição das arrecadações da carga fiscal e das disponibilidades do exercício governativo;

3. Não persistirás em deixar existir situações suscetíveis de minarem o sistema democrático e desmultiplicarem oportunidades de afirmação dos extremismos e dos que ambicionam sistemas sem seres livres e com personalidade para agir em função das circunstâncias e das ambições;

4. Não insistirás em construir narrativas e ações sem nexo com as realidades concretas dos serviços públicos essenciais e a vida das pessoas, quer vivam, estudem ou trabalhem nas imediações das bolhas de poder ou nas latitudes e longitudes longínquas do interior do país, das Ilhas ou da diáspora;

5. Não deixarás que o funcionamento do Estado, que o foco da organização dos serviços públicos, incida sobre si próprio, sobre os egos, as quintinhas e os interesses parciais, em detrimento do bem comum, dos contribuintes e dos que são a razão de ser da existência do Estado: as pessoas;

6. Não admitirás comportamentos partidários, políticos e públicos de responsáveis desprovidos de senso, de ética republicana, de moral, sendo implacável com os negócios subjacentes as opções sem racional, sem explicação e totalmente contraditórias com o interesse geral e as vivências sociais;

7. Não sobreporás preconceitos ideológicos, interesses parciais ou tacticismos, ao esforço integrado de construção de soluções para todos, em todo o território nacional, com noção do sentido de justiça, da proximidade, da importância das dinâmicas locais e do esforço de inversão das tendências negativas presentes na população e no território;

8. Não tentarás narrativas e atitudes que, a partir da legitimidade democrática alcançada, atentem contra a liberdade de expressão, os padrões civilizacionais e as dinâmicas de um Estado de Direito Democrático, pretendendo impor rótulos de “não assunto” ou virar páginas do debate público quando ainda persiste muito por esclarecer. A transparência e o escrutínio são exigências democráticas que, quando não são exercitadas de modo próprio pelos protagonistas, devem ser ativadas pelos cidadãos e pelos poderes de fiscalização. Na TAP, sorvendo o dinheiro dos contribuintes, a indemnização que gerou a crise na composição do governo é uma minudência. Ide investigar que haverá coisas para cima de um milhão e meio;

9. Tendo oportunidade para ter mais maturidade, músculo e competência na ação política, não desperdiçarás a oportunidade de impulsionar a capacidade de concretizar, de responder às necessidades efetivas e de mobilizar os setores vitais da sociedade para compromissos de legislatura, deixando de persistir na ausência de visão estratégica, na gestão no quotidiano e no enleio da burocracia que mantém uma insanável divergência entre o momento da necessidade, o tempo da decisão e a concretização.

10. Querendo, conseguirás separar o trigo do joio; libertar o Estado das amarras que o colocam disfuncional, demasiado ambicioso sem responder ao essencial; inverter as dinâmicas negativas da insustentabilidade demográfica, da atividade económica, da fuga das qualificações e da perceção de abandono e rebaldaria na gestão da coisa pública, com o Estado a ser promotor de injustiças e desigualdades que são típicas do funcionamento selvagem do mercado, apesar das grandes proclamações ideológicas, das narrativas alternativas e da conversa política.

Será pedir demais, que uma configuração de liderança partidária, de cultura governativa e de modelo de organização, num determinado tempo, pela degradação do ambiente e desbaratar de circunstâncias políticas e financeiras únicas, não coloque em risco não apenas os valores e a identidade de um partido, mas todo o sistema democrático e a confiança dos cidadãos nas instituições? No atual quadro e com os protagonistas vigentes está visto que sim. É poucochinho!

 

NOTAS FINAIS

O FIM DA LINHA DE COMPOSTAGEM PRESIDENCIAL E GOVERNATIVA DA AUTO EUROPA. A linha de compostagem política entre Marcelo e Costa arrematada na AutoEuropa com o apoio à recandidatura está em rota de desativação, com recados mútuos na praça pública, a partir de território nacional ou no exterior. Retocado o governo, o Presidente resolver acrescentar cláusulas ao caderno de encargos da ação governativa no caso de a prata, o lítio ou o hidrogénio verde da casa não funcionar.

 

EMBUSTES DA VIDA CONCRETA. SEGURO DE BILHETES DE ESPETÁCULOS. A facilidade com que te procuram impingir seguros para bilhetes de espetáculos é desproporcional com a emergência do engodo quando os ativas por impossibilidade de comparência. É assim com a Europ Assistance que trabalha com a Ticketline. Miserável, com letras grandes, não as escondidas.

 

Escreve à quarta-feira