PR confrontado na rua. “Fala muito bem,  mas não faz nada”

PR confrontado na rua. “Fala muito bem, mas não faz nada”


Marcelo associou os protestos de dois populares a partidos “mais radicais na crítica”.


Em Murça, a pretexto de visitar algumas das áreas mais afetadas pelos incêndios, o Presidente da República foi abordado por dois populares, visivelmente revoltados, que, num momento raro, o confrontaram com duras críticas, quase sem deixarem Marcelo Rebelo de Sousa falar ou responder.

Um dos homens, que disse ser emigrante, começou por falar na situação dos incêndios, recordando que quando era “pequenino” andava “com baldes a apagar fogos” e que agora, 40 anos depois, “continua tudo igual”.

“O senhor engana os portugueses”, acusou. “O que andou a fazer PS e PSD? E o senhor, ao tempo que lá está, o que fez? Fala muito bem, é muito educado, mas não faz nada”, atirou o homem, sem dar oportunidade a Marcelo para responder. “Cinco anos depois de Pedrógão não limparam a floresta… Cinco anos e não fizeram nada. Incompetência!”, gritou.

Durante mais de dois minutos, os dois homem prosseguiram com o rol de queixas, não baixando o tom de voz, apesar dos esforços do Presidente para um diálogo. E ainda houve tempo para confrontar Marcelo com as remunerações de José Sócrates e de Manuel Pinho.

“O que é que isso tem a ver com os incêndios?”, questionou o chefe de Estado, ouvindo como resposta: “Tem a ver que o senhor é Presidente da República”. A troca de argumentos continuou: “Isso não é responsabilidade do poder político, os tribunais é que julgam”, insistiu o Presidente, que ainda recebeu troco: “Mas os tribunais não trabalham, senhor Presidente”.

Os dois homens ainda continuaram os protestos: “Há 40 anos que não temos saúde, não temos educação, não temos segurança…”. Mais sereno, Marcelo ainda propôs: “Vamos falar…”. Mas do outro lado retorquiram: “Não é falar, é agir!”.
Mais tarde, aos jornalistas, o Presidente da República lembrou que os protestos fazem parte da democracia, contudo sugeriu que as críticas tinham origem partidária.

“Conjuntamente à crítica que fizeram, havia crítica a partidos que não estavam no Governo, críticas que não tinham a ver com nada. Portanto, era muito partidarizada e muito politicamente partidarizada. Isso é a democracia. Haver partidos ou movimentos de opinião mais radicais na crítica. Pode até acontecer que o povo um dia lhes dê o poder”, atirou.

Entretanto, o líder do Chega, André Ventura, partilhou no Twitter o vídeo deste raro episódio, escrevendo: “É o que dá mais de 40 anos a brincar com as pessoas, a roubar os portugueses e a sentirmo-nos ultrapassados por todos. O sistema está a cair de podre”.