Nem à mesa do café: “Os ‘queques’ quando tentam guinchar”


A frase que serve de título a este artigo, de baixo nível (ou pouca elevação se preferirmos) com que o Primeiro-ministro António Costa brindou os membros do Partido Iniciativa Liberar na sua entrevista à revista Visão é lamentável. Sejamos ideologicamente de direita, esquerda ou coisa nenhuma. 


O nosso Primeiro-ministro, António Costa, deu esta semana uma grande entrevista à revista Visão. Até aqui, tudo normal. É chefe de Governo e tem espaço natural para passar mensagens em todos os órgãos de comunicação social do país se quiser, quando quiser e como quiser. É, na análise da informação política, um momento sempre importante termos uma explicação política das medidas de Governo.

“Os queques, quando tentam guinchar, ficam ridículos”. Não, a frase jamais seria de minha autoria. Por vários motivos. A frase é da autoria de António Costa, Primeiro-ministro do Governo português.

Desta frase, retiraria a palavra “ridículos" para atribuir o seu significado à definição do estado atual de respeito democrático na classe política, e que é evidenciado nesta declaração de quem deve dar um exemplo de Estadista a todos os portugueses. Um erro grave.

António Costa não é seguramente o pior político que tivemos na história democrática portuguesa, nunca ficará sequer na (difícil) lista que poderá ter esse título. Venceu eleições locais, fez obras enquanto autarca, foi membro de Governo em que cumpriu algumas das suas promessas e mesmo já enquanto Primeiro-ministro haverá quem entenda que cumpre o satisfatório. 

Respeito essas posições.

De igual modo, António Costa seguramente também não será o exemplo de político que deixará marca na história como “um dos melhores de sempre” e, aqui, este tipo de posturas, declarações infelizes e atitudes (o célebre empurrão quando criticado em plenas ruas, em campanha eleitoral, por exemplo) ajudam a que isto seja muito claro na análise do porquê dessa afirmação.

Quem está na política deve ter uma linha de pensamento coerente, capacitado academicamente e intelectualmente de rasgo e visão política para apresentar um conjunto de medidas políticas exequíveis e que visem dar resposta à melhoria da qualidade de vida dos cidadão. Deve ser firme nas suas opiniões, que naturalmente com estudo e novos conhecimentos podem alterar-se ligeiramente (não sejamos hipócritas). Deve ter a capacidade de projetar para além do presente e identificar soluções que respondam aos problemas de hoje mas estabilizem metas para as gerações futuras através dessas políticas públicas, sejam reformas estruturais ou planeamento estratégico inovador. Quem está na política também deve liderar pelo exemplo e, aqui, António Costa voltou a falhar. Nas demais apetências que possa ter, nesta curta lista de pressupostos de quem está a bem na política, deixaremos o futuro e os académicos responderem a que nível cumpriu o atual Primeiro-ministro.

A frase que serve de título a este artigo, de baixo nível (ou pouca elevação se preferirmos) com que o Primeiro-ministro António Costa brindou os membros do Partido Iniciativa Liberar na sua entrevista à revista Visão é lamentável. Sejamos ideologicamente de direita, esquerda ou coisa nenhuma. Em democracia, na base do salutar respeito democrático, não podemos ultrapassar certos limites porque essa “ultrapassagem” dá sempre razão a movimentos anti-democráticos. Sempre. Prejudicará sempre a seriedade, elevação e adesão dos portugueses à causa pública.

Recordo que, mesmo que fosse na esplanada de um café, não havia cabimento para uma declaração destas até porque, disse o próprio António Costa em tempos (ironia do destino) que “nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo” o que me leva a crer que se este António Costa fosse membro de um governo liderado por esse António Costa seria demitido pelas declarações que fez ou perto disso.

Curiosamente, é só incoerente a frase dita no passado com a ação do próprio no presente.

Porém, o que também ficará deste caso é a normalização da classe política à crítica e discurso de desrespeito entre os seus pares e adversários políticos. É algo que, agravado como tende a parecer até, irá sempre deteriorar a credibilidade de todos os políticos, cargos públicos e quaisquer Governos. Sejam PS, PSD ou qualquer movimento que surja.

Porém, quando o (mau) exemplo vem de cima – e estamos a falar de um Primeiro-ministro! – é difícil não entender que quem está hierarquicamente mais a baixo (no estatuto, entendamos) não se pronunciarem de igual modo ou inferior ainda visto que estes erros presentes justificarão os seus de então.

Para quem gosta de Estadistas, de elevação e intelectualidade no debate público e político, António Costa deu um mau exemplo. 

Ficará no seu histórico político este registo “de esplanada de um café" e, sobretudo, na nossa memória como mais um prego no caixão da credibilidade da política portuguesa.

 

 

Nem à mesa do café: “Os ‘queques’ quando tentam guinchar”


A frase que serve de título a este artigo, de baixo nível (ou pouca elevação se preferirmos) com que o Primeiro-ministro António Costa brindou os membros do Partido Iniciativa Liberar na sua entrevista à revista Visão é lamentável. Sejamos ideologicamente de direita, esquerda ou coisa nenhuma. 


O nosso Primeiro-ministro, António Costa, deu esta semana uma grande entrevista à revista Visão. Até aqui, tudo normal. É chefe de Governo e tem espaço natural para passar mensagens em todos os órgãos de comunicação social do país se quiser, quando quiser e como quiser. É, na análise da informação política, um momento sempre importante termos uma explicação política das medidas de Governo.

“Os queques, quando tentam guinchar, ficam ridículos”. Não, a frase jamais seria de minha autoria. Por vários motivos. A frase é da autoria de António Costa, Primeiro-ministro do Governo português.

Desta frase, retiraria a palavra “ridículos" para atribuir o seu significado à definição do estado atual de respeito democrático na classe política, e que é evidenciado nesta declaração de quem deve dar um exemplo de Estadista a todos os portugueses. Um erro grave.

António Costa não é seguramente o pior político que tivemos na história democrática portuguesa, nunca ficará sequer na (difícil) lista que poderá ter esse título. Venceu eleições locais, fez obras enquanto autarca, foi membro de Governo em que cumpriu algumas das suas promessas e mesmo já enquanto Primeiro-ministro haverá quem entenda que cumpre o satisfatório. 

Respeito essas posições.

De igual modo, António Costa seguramente também não será o exemplo de político que deixará marca na história como “um dos melhores de sempre” e, aqui, este tipo de posturas, declarações infelizes e atitudes (o célebre empurrão quando criticado em plenas ruas, em campanha eleitoral, por exemplo) ajudam a que isto seja muito claro na análise do porquê dessa afirmação.

Quem está na política deve ter uma linha de pensamento coerente, capacitado academicamente e intelectualmente de rasgo e visão política para apresentar um conjunto de medidas políticas exequíveis e que visem dar resposta à melhoria da qualidade de vida dos cidadão. Deve ser firme nas suas opiniões, que naturalmente com estudo e novos conhecimentos podem alterar-se ligeiramente (não sejamos hipócritas). Deve ter a capacidade de projetar para além do presente e identificar soluções que respondam aos problemas de hoje mas estabilizem metas para as gerações futuras através dessas políticas públicas, sejam reformas estruturais ou planeamento estratégico inovador. Quem está na política também deve liderar pelo exemplo e, aqui, António Costa voltou a falhar. Nas demais apetências que possa ter, nesta curta lista de pressupostos de quem está a bem na política, deixaremos o futuro e os académicos responderem a que nível cumpriu o atual Primeiro-ministro.

A frase que serve de título a este artigo, de baixo nível (ou pouca elevação se preferirmos) com que o Primeiro-ministro António Costa brindou os membros do Partido Iniciativa Liberar na sua entrevista à revista Visão é lamentável. Sejamos ideologicamente de direita, esquerda ou coisa nenhuma. Em democracia, na base do salutar respeito democrático, não podemos ultrapassar certos limites porque essa “ultrapassagem” dá sempre razão a movimentos anti-democráticos. Sempre. Prejudicará sempre a seriedade, elevação e adesão dos portugueses à causa pública.

Recordo que, mesmo que fosse na esplanada de um café, não havia cabimento para uma declaração destas até porque, disse o próprio António Costa em tempos (ironia do destino) que “nem à mesa do café podem deixar de se lembrar que são membros do Governo” o que me leva a crer que se este António Costa fosse membro de um governo liderado por esse António Costa seria demitido pelas declarações que fez ou perto disso.

Curiosamente, é só incoerente a frase dita no passado com a ação do próprio no presente.

Porém, o que também ficará deste caso é a normalização da classe política à crítica e discurso de desrespeito entre os seus pares e adversários políticos. É algo que, agravado como tende a parecer até, irá sempre deteriorar a credibilidade de todos os políticos, cargos públicos e quaisquer Governos. Sejam PS, PSD ou qualquer movimento que surja.

Porém, quando o (mau) exemplo vem de cima – e estamos a falar de um Primeiro-ministro! – é difícil não entender que quem está hierarquicamente mais a baixo (no estatuto, entendamos) não se pronunciarem de igual modo ou inferior ainda visto que estes erros presentes justificarão os seus de então.

Para quem gosta de Estadistas, de elevação e intelectualidade no debate público e político, António Costa deu um mau exemplo. 

Ficará no seu histórico político este registo “de esplanada de um café" e, sobretudo, na nossa memória como mais um prego no caixão da credibilidade da política portuguesa.