Irão vai iniciar julgamento público de mil detidos na onda de protestos

Irão vai iniciar julgamento público de mil detidos na onda de protestos


Os julgamentos serão realizados em público em tribunais revolucionários na capital iraniana, disse o gabinete, segundo a agência espanhola EFE.


O Irão vai iniciar esta semana julgamentos públicos de mil pessoas acusadas de envolvimento nos protestos desencadeados pela morte da jovem Mahsa Amini, em setembro, anunciou hoje o gabinete judicial de Teerão.

Os julgamentos serão realizados em público em tribunais revolucionários na capital iraniana, disse o gabinete, segundo a agência espanhola EFE.

"Estes são indivíduos que cometeram atos de sabotagem durante a recente agitação e enfrentam sérias acusações, tais como agressão e morte de forças de segurança ou atear fogo a propriedade pública e privada", disse o gabinete.

O chefe do poder judicial iraniano, Gholamhosein Mohseni Ejei, disse que os julgamentos serão realizados com "rapidez e precisão", especialmente daqueles que tentaram subverter o sistema islâmico.

"Aqueles que tentaram subverter o regime e dependem de estrangeiros serão punidos de acordo com as leis", disse Ejei.

As acusações de colaboração com governos estrangeiros podem acarretar a pena de morte no Irão.

Pelo menos 1.019 pessoas foram acusadas em oito das 31 províncias iranianas pelo seu envolvimento nos protestos, mas o número poderá ser mais elevado, uma vez que cada região tem vindo a anunciar os seus casos.

O Irão tem enfrentado protestos desde a morte de Amini em 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida pela polícia moral por usar incorretamente o véu islâmico.

Os protestos são liderados principalmente por jovens e mulheres que pedem liberdade e o fim da República Islâmica, algo impensável há pouco tempo.

Nos últimos dias, a repressão das manifestações endureceu, especialmente nas universidades, na sequência de um ultimato dos Guardas Revolucionários para que os jovens parassem de protestar.

Os protestos estão a ser fortemente reprimidos pelas forças de segurança e resultaram em 108 mortos e 12.500 detidos, de acordo com a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, com sede em Oslo.